Frieza e escolhas absurdas: Viva teve uma boa ideia, que foi mal executada

23/12/2020 às 1h31

Por: Sergio Santos
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Uma ótima forma de homenagear a teledramaturgia é falar dos casais mais marcantes da ficção. O Viva resolveu transformar a ideia em um especial chamado “Os casais que amamos”. O primeiro programa foi exibido em junho, em homenagem ao dia dos namorados. Glória Menezes e Tarcísio Meira foram os escolhidos. E foi um primoroso episódio. Porém, a temporada vem se mostrando bem errática em vários pontos.

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O segundo episódio só foi exibido em novembro. Cinco meses depois do primeiro. A razão é a pandemia do novo coronavírus que atrasou os trabalhos. E os demais episódios da temporada se mostram bem diferentes do protagonizado por Tarcísio e Glória. Afinal, os veteranos são os únicos também casados na vida real. E, como moram juntos, as entrevistas aconteceram na casa deles. Foi uma delícia vê-los relembrando suas trajetórias.

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Já os demais capítulos da série (em um total de 13) ocorrem por meio de entrevistas individuais. Cada ator ou atriz fala sobre o determinado casal de sua casa, sem interagir com o colega. Isso esfria o formato. Somente no final de cada episódio, há um depoimento elogioso da pessoa sobre seu companheiro de trabalho. Mas ninguém se escuta. Obviamente, não tinha como promover encontros diante de uma pandemia tão grave. Todavia, era fácil realizar vídeo-chamadas simultâneas com o casal em questão. Seria muito mais atrativo ver os atores conversando sobre seus mocinhos de sucesso da ficção.

Outro fato merecedor de críticas é a seleção dos casais. Há várias escolhas ótimas e emblemáticas, como Raí (Marcello Novaes) e Babalu (Letícia Spiller); Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e Viúva Porcina (Regina Duarte); Diná (Christiane Torloni) e Otávio (Antônio Fagundes) em “A Viagem”; Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) em “Amor à Vida”; enfim…

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Mas algumas escolhas causaram perplexidade, como Angel (Camila Queiroz) e Alex (Rodrigo Lombardi), de “Verdades Secretas”. Quem em sã consciência amou esse par? A menina era menor de idade e o sujeito tinha cerca de 50 anos. Alex se casou com a “sogra” apenas para ficar mais perto de seu objeto de obsessão. Carolina (Drica Moraes) se suicidou quando viu a filha na cama com seu marido. E, no final da trama, a ninfeta o assassinou com vários tiros. Casal que amamos?

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O par Bibi (Juliana Paes) e Rubinho (Emílio Dantas) foi mais uma escolha absurda do especial. Ela foi uma mulher totalmente desequilibrada emocionalmente e entrou no mundo do crime por conta de uma paixão doentia. Já ele nunca teve caráter e fez questão de envolver sua família no tráfico de drogas, além de ter traído a esposa várias vezes durante a trajetória como traficante. No final da novela, Rubinho acaba assassinado pelo comparsa, Sabiá (Jonathan Azevedo), e Bibi reata com Caio (Rodrigo Lombardi), seu amor do passado. De qual grupo de pesquisa a equipe tirou que o público amou esse casal?

Idealizada e roteirizada por Hermes Frederico, com direção de Felipe Careli, “Os casais que amamos” é uma série bem produzida, cuja premissa enche os olhos de qualquer noveleiro. A ideia merece elogios.

Porém, o desenvolvimento deixou muito a desejar. O formato das entrevistas individuais não funcionou e tirou a maior qualidade vista no primeiro especial com Tarcísio e Glória. Para culminar, algumas escolhas mostraram a inabilidade dos responsáveis a respeito do que é, de fato, um par romântico. Uma boa ideia mal executada.

Caso uma segunda temporada seja planejada, resta torcer para que os problemas observados na primeira sejam devidamente corrigidos.

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