Cortina de Vidro foi a primeira novela realizada como produção independente exibida na TV brasileira. O SBT dividiu os custos de produção com a AVP Art Vídeos Produções e a Mikson, produtora de Guga de Oliveira (irmão de José Bonifácio de Oliveira, o Boni). Assim, os produtores gravavam e editavam os capítulos, enquanto a emissora os exibia.
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Mas, apesar do sucesso da produção na Itália, o SBT afirma que nunca exportou o folhetim.
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“A novela Cortina de Vidro, fruto de produção conjunta com Miksom e AVP, não foi licenciada para emissoras estrangeiras”, informou o canal, em nota.
A reportagem de Heloísa Tolipan também procurou a AVP Art Vídeos Produções, mas não localizou a produtora. Já Dirceu Viana, representante da Mikson, afirmou desconhecer as exibições internacionais de Cortina de Vidro.
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“[A produtora] não fez parceria com as demais empresas citadas e muito menos tem algum conhecimento sobre a comercialização do produto aqui no Brasil ou no exterior”, afirmou.
Ou seja, a trama pode ter sido pirateada.
Trama problemática
Cortina de Vidro conta a história do milionário Frederico Stuart Mill (Herson Capri), que se faz de pobre para se aproximar da jovem bailarina Branca (Betty Gofman). Mas o disfarce o aproxima da operária Angela (Sandra Annenberg).
Exibida no Brasil entre outubro de 1989 e maio de 1990, a telenovela enfrentou vários problemas em seus bastidores. De acordo com o site Teledramaturgia, do nosso colunista Nilson Xavier, a trama foi toda transformada em razão de um imbróglio envolvendo o edifício Dacon, em São Paulo, que era a principal locação da história.
Enquanto gravavam o capítulo 15, os produtores foram informados de que o prédio havia sido vendido e a novela tinha que deixar o local. Com isso, o autor Walcyr Carrasco foi obrigado a inventar um incêndio, destruindo o cenário principal e eliminando personagens que não tinham cenário próprio no enredo. Produção modesta, Cortina de Vidro tinha apenas oito cenários.
No livro Autores – Histórias da Teledramaturgia, Walcyr Carrasco falou sobre os problemas de sua primeira novela.
“Perdemos também a locação em que as cenas do protagonista eram gravadas. Por isso fiz com que ele sofresse uma perda de memória. Quer dizer, a história ficou toda torta, curva. Perdemos a história porque não tínhamos produção para acompanhar a virada necessária e ainda precisávamos produzir mais 180 capítulos em oito cenários”, explicou.