Dyego Terra

O SBT está, há muito tempo, “no automático”. Nos últimos anos, o canal de Silvio Santos escalou reprises de mexicanas para o bloco Novelas da Tarde e de infantis no horário nobre sem o menor critério ou cuidado.

Três Vezes Ana - Angelique Boyer
Angelique Boyer em cena de Três Vezes Ana (Reprodução / SBT)

A emissora vinha reapresentado tramas recentes, com títulos usados a exaustão em um curto espaço de tempo. Sortilégio, por exemplo, está em sua terceira exibição desde a chegada no Brasil, em 2014. Mesmo caso de Coração Indomável e A Dona, com três transmissões em oito anos cada.

Isso sem contar as infantis Carrossel (2012), Chiquititas (2013) e Cúmplices de um Resgate (2015) escaladas em lopping, uma atrás da outra de forma quase infinita.

Só que a prática se esgotou. Isso é evidente com os baixíssimos números conquistados por toda essa enxurrada de reprises. Até mesmo obras inéditas acabaram afetadas.

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Acordou para a vida?

Rebelde - Alfonso Herrera, Anahí, Christopher von Uckermann e Dulce María
Dulce María, Christopher von Uckermann, Anahí e Alfonso Herrera, protagonistas de Rebelde (Divulgação / Televisa)

A direção do SBT parece que resolveu se mexer, ainda que investindo mais em reprises do que em títulos inéditos. Neste segundo semestre, a alta cúpula optou por resgatar folhetins pouco utilizados.

É o caso de Rebelde, exibida pela primeira vez em 2005 e que contava com apenas um repeteco, em 2013. A trama retornou há um mês, às 14h30.

Do mesmo modo, Meu Pecado, transmitida uma única vez em 2014, ganhará uma segunda chance nas tardes após quase 10 anos esquecida no arquivo.

Mudança de rota

Três Vezes Ana - Angelique Boyer e David Zepeda
Angelique Boyer e David Zepeda em Três Vezes Ana (Divulgação / Televisa)

Recebendo em baixa das reprises, as últimas apostas inéditas do canal se converteram em fracassos. Se Nos Deixam, A Desalmada, Vencer o Desamor e Três Vezes Ana, exibidas entre 2022 e 2023, apresentaram desempenhos relativamente inferiores aos das antecessoras.

Tida como a salvação das tardes, Três Vezes Ana saiu do ar com uma das piores médias das novelas mexicanas de todos os tempos. Foram apenas 4,4 pontos de média.

A empresa errou ao apostar as fichas em uma produção que fracassou em todos os países por onde passou, valendo-se apenas da fama da protagonista Angelique Boyer.

Contudo, o desgaste da sessão Novelas da Tarde, com reapresentações constantes e títulos inéditos pouco atrativos implicou em tal situação. Ao que tudo indica, a substituta Um Refúgio Para o Amor ensaia recuperação.

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Números não mentem

O Rei do Gado - Antonio Fagundes e Patricia Pillar
Patricia Pillar e Antonio Fagundes em O Rei do Gado (Reprodução / Globo)

Algo parecido vem ocorrendo também na Globo. O público parece ter se cansado de tramas já reapresentadas em diversas ocasiões, apesar do êxito de O Rei do Gado (1996). O Vale a Pena Ver de Novo vem registrando índices modestos com Mulheres Apaixonadas (2003). O desempenho implica em Amor Perfeito, às 18h.

Da mesma forma, Mulheres de Areia (1993) em Edição Especial está ligeiramente abaixo de Chocolate com Pimenta (2003).

Esta última, aliás, chegou ao fim com 13 pontos de média geral. O Cravo e a Rosa (2000), que a antecedeu, fechou com 14.

Ou seja: será que não está na hora da Globo e do SBT revirarem o baú, apostando em reapresentações não tão óbvias?

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor