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Entre os muitos problemas que uma novela pode enfrentar nos meses de produção e exibição, está a acusação de plágio, por outras partes, que enxergam em tramas e personagens demasiada similaridade com publicações ou criações próprias.
Listo os casos mais famosos, mas trato aqui exclusivamente daqueles que foram parar na Justiça – e não de simples alegações de quem enxerga semelhanças de tramas de novelas com filmes, livros, peças ou outras novelas.
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Confira:
Walther Negrão em A Próxima Atração (1970)
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O dramaturgo Hélio Bloch processou a Globo alegando que, em sua peça “A Úlcera de Ouro”, havia ingredientes usados por Negrão na novela A Próxima Atração. Especificamente, a campanha que a agência de publicidade da trama fazia para promover uma marca de papel higiênico que, ao ser desenrolado, apresentava ao consumidor uma história em quadrinhos.
Bloch ganhou o processo. O veredito final saiu quatro anos depois (em 1974), quando Negrão escrevia outra novela, Supermanoela, que ia mal de audiência. O desempenho desta novela mais o resultado do processo culminaram com a demissão do novelista. Negrão foi escrever novelas para a TV Tupi e só retornou à Globo em 1980.
Para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), Negrão afirmou que a ideia de A Próxima Atração partiu de dois executivos da TV Globo que sugeriram adaptar a trama do filme O Cadilac de Ouro (1956, de Richard Quine):
“Na ânsia de acertar e agradar os chefes (…), aceitei sugestões de temas para desenvolver a novela. Dentre elas, duas pessoas, cujos nomes não vou citar, até porque uma está morta, sugeriram um filme como ponto de partida, ‘O Cadilac de Ouro’. Por coincidência, a mesma fonte de inspiração de Hélio Bloch para escrever “A Úlcera de Ouro”. Foi ingenuidade minha, porque as semelhanças apareceram. Quem deveria ter processado era o roteirista do filme. A mim e ao Hélio Bloch”.
Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo), Negrão revelou o nome do falecido diretor: Augusto César Vannucci.
Lauro César Muniz em O Salvador da Pátria (1989)
A Globo foi processada pelo radialista paulistano Afanásio Jazadji, que se viu retratado à revelia na figura do personagem Juca Pirama, vivido por Luis Gustavo.
Na trama da novela, Juca era radialista – do bordão “Meninos, eu vi!“. Alcides Nogueira, colaborador de Lauro César Muniz, narrou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (Projeto Memória Globo):
“Houve um radialista muito popular em São Paulo que achou que o Juca Pirama, personagem do Luiz Gustavo, estava copiando o estilo dele. E moveu um processo. (…) Foi feita uma perícia e, é claro, o juiz nos deu ganho de causa. Era algo completamente absurdo. O cara queria faturar em cima da popularidade da Rede Globo e do fato de Juca Pirama ser um personagem com grande empatia popular”.
Aguinaldo Silva em O Outro (1987)
A roteirista (e depois cineasta) Tânia Lamarca processou a Globo alegando que a novela teria sido inspirada em “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, sinopse escrita por ela e Marilu Saldanha e deixada na Casa de Criação Janete Clair, que, à época, recolhia sinopses para análises da Globo.
Em 1987, Tânia pediu indenização de 12 milhões de reais (valores de 2009). Em 1994, o Supremo Tribunal Federal obrigou a Globo a indenizá-la. As duas partes entraram em acordo e Tânia embolsou 3 milhões.
Com o dinheiro, ela produziu, em 1997, o filme Buena Sorte. Foi a partir daí que a Globo passou a proibir qualquer funcionário de receber sinopses de autores que não sejam da emissora.
Walcyr Carrasco em Alma Gêmea (2005)
Aqui, Carrasco foi acusado de plágio duas vezes. Primeiro, o escritor Carlos de Andrade entrou com um processo alegando que a história da novela era uma cópia literal de seu livro “Chuva de Novembro”, lançado em 1997.
Depois foi Shirley Costa, que processou o autor pelas semelhanças que viu entre a novela e seu romance “Rosácea”. Shirley alegou que tinha como provar que Carrasco esteve em contato com o seu livro. No fim, o autor foi absolvido.
Aguinaldo Silva em O Sétimo Guardião (2019)
A escritora Barbara Rastelli, autora do livro “As Muralhas da Vida Eterna: Uma Metáfora Sobre o Tempo“, moveu uma ação judicial contra a TV Globo e os autores da novela por plágio de seu livro.
A escritora solicitou que a emissora suspendesse a exibição da trama (o que não aconteceu) e que fosse feita uma perícia integral entre as duas obras.