Fora do ar: greve inédita tirou Globo da cobertura das eleições

Neste domingo, os brasileiros vão às urnas para eleger o presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais para os próximos quatro anos.

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A Globo vai mobilizar a força de seu jornalismo para levar ao público uma cobertura ágil, levando aos cidadãos informações seguras em todas as plataformas. A tradicional marcha da apuração será exibida pela emissora a partir das 18h, sob o comando de Renata Lo Prete e William Bonner.

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No entanto, a situação do canal foi bem diferente em 1986. Uma greve de radialistas e técnicos da TV Globo de São Paulo tirou a emissora da cobertura das eleições daquele ano. Os telespectadores da capital tiveram que acompanhar notícias das votações de outras localidades. O movimento, no entanto, terminou no dia seguinte, garantindo a exibição da apuração.

Paralisação

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O pleito, que elegeu governadores, deputados e senadores em todo o Brasil, foi realizado no feriado de 15 de novembro, que caiu em um sábado. Em São Paulo, Orestes Quércia (1938-2010) foi eleito para dirigir o estado até 1991.

A paralisação, que teve a adesão de quase todos os 370 funcionários enquadrados como radialistas (desde operadores da técnica central até motoristas), começou no fim da noite de 13 de novembro, pouco depois da empresa divulgar uma contraproposta às reivindicações dos profissionais.

“Uma greve de radialistas e técnicos da TV Globo tirou do ar toda a programação que seria gerada na capital paulista e pode comprometer o esquema da emissora para a cobertura das eleições em São Paulo”, informou o Jornal do Brasil do dia da votação. Estavam prontas nada menos que 200 unidades móveis para geração de imagens, com 14 equipes de trabalho e geração de 35 boletins diários.

Em função da greve, a emissora foi obrigada a exibir a edição de Bauru do telejornal SPTV – era a única praça própria global no interior do estado, já que nenhum dos 35 técnicos que deveriam trabalhar compareceu, deixando os jornalistas sem condições de produzir suas reportagens.

“Os paulistanos ficaram sabendo, dessa maneira, que o número de portugueses com dupla nacionalidade residentes em Bauru é grande e todos deverão votar num mesmo clube daquela cidade do interior paulista”, informou a matéria do JB.

Reprise

Mas não foi somente o telejornal que dançou. No horário do Bom Dia São Paulo, a Globo reprisou o Bom Dia Brasil (que naquela época era exibido antes do noticiário local). O público também ficou sem o Globo Esporte da capital, tendo que acompanhar as notícias esportivas dos times do Rio de Janeiro.

“A pauta de reivindicações dos radialistas da Globo, entregue terça-feira ao diretor de Recursos Humanos, Antônio Carlos Ferreira, inclui, além de aumento de 50%, o pagamento de um adicional de 100% pelas horas extras, elevação do valor nominal dos vales de refeição e o fim de acúmulo de funções”, explicou o jornal.

A Globo, por sua vez, propôs um aumento de 7,5%, concordou em elevar o valor dos vales de refeição para Cz$ 25 (os trabalhadores queriam Cz$ 30) e não respondeu aos demais itens. Resultado: o acordo não saiu.

De volta ao trabalho

Em entrevista ao JB, o então superintendente comercial da emissora em São Paulo, Antônio Athayde, “desmentiu a hipótese de que funcionários de outras praças, principalmente do Rio de Janeiro, seriam deslocados para São Paulo para suprir a ausência dos grevistas, se o movimento persistisse”.

Mas a greve durou pouco. No dia 16, os trabalhadores já voltaram a seus postos. Em entrevista ao Jornal do Brasil do dia seguinte, o presidente do sindicato da categoria, Francisco Campos Pacheco, o Chiquinho, disse que “o fôlego estava esvaziando”. Pouco antes da assembleia que decidiu a volta ao trabalho, a emissora acabou retirando a contraproposta feita. “Devíamos ter aceito essa proposta”, admitiu o mandatário.

“No final, além de retirar o percentual de 12,5% que ela própria propusera, a direção da empresa abandonou o compromisso de não efetuar punições ou demissões, segundo informou seu diretor de Recursos Humanos, Antônio Carlos Ferreira. A empresa, agora, aguarda o julgamento da greve pela Justiça do Trabalho, marcado para hoje, para decidir que rumo irá tomar”, destacou o jornal.

No entanto, a paralisação prejudicou o dia da votação. Os paulistanos ficaram sabendo como foi o pleito no interior do estado. Com imagens bastante precárias do Anhembi, onde era realizada a contagem dos votos, repórteres tinham que entrar por telefone para dar os primeiros números. Vale lembrar que, naquela época, a contagem dos votos levava vários dias e mobilizava esquemas paralelos dos canais.

Com o fim precoce da greve, a emissora conseguiu mostrar a apuração e retomou a exibição normal de sua programação na cidade, participando ativamente de todas as coberturas de eleições até os dias de hoje.

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