Corpo Dourado, escrita por Antônio Calmon, está no ar pelo canal Viva e tem conquistado o público com um enredo divertido e intrigante. Além de rever esse sucesso de 1998, o público reencontra artistas que estão afastados da telinha, como Roberta Foster, que deu vida a Lú.

A atriz Roberta Foster
A atriz Roberta Foster (reprodução/web)

A atriz revelou que, após ser demitida da Globo, passou por sérias dificuldades financeiras.

A estreia na TV foi em 1997, na novela A Indomada, interpretando Guida. Além de Corpo Dourado, ela esteve presente no Você Decide. Mas o sucesso mesmo veio no humor, quando ela fez parte do elenco do Zorra Total.

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Musa do humor

Roberta Foster e Nelson Freitas no Zorra Total
Roberta Foster e Nelson Freitas no Zorra Total (reprodução/Globo)

No humorístico, ela participou do quadro Adão e Eva, e se tornou uma das musas do programa. O sucesso foi tanto que ela estampou a capa da Playboy em 2006.

Após viver Geni em Cama de Gato (2010), ela ficou no Zorra Total até 2013 e, depois, foi demitida da Globo. Ela chegou a fazer uma ponta em Pega Pega (2017), mas após isso, não foi chamada para nenhuma outra atração.

“Não fiz mais uma personagem. Fiquei muitos anos vinculada ao programa. Foi bom e foi ruim, tive o bônus e o ônus. O ônus é esse. Você fica estigmatizada. O Nelson Freitas, que fazia o quadro comigo, sempre falava para eu sair do programa, porque, na verdade, nem sou comediante. Sou uma atriz que vem de novela, de dramaturgia. É aquela questão. Quando temos um salário, com todos os benefícios, a gente acaba se acomodando”, disse ao site Heloísa Tolipan em 19 de dezembro de 2021.

Desejo de mudança

Zorra Total - Maria Clara Gueiros e Nelson Freitas
Nelson Freitas e Maria Clara Gueiros no Zorra Total (Divulgação / Globo)

Segundo a atriz, ela não queria mais fazer o papel de Eva, mas as opções eram poucas e ela não tinha escolha.

“Não estava mais feliz como Eva, chegando em um limite como atriz, eu queria sair da personagem, porque sabia que ia ficar fadada a isso. Já estava infeliz, ainda voltei, porque o Sherman insistiu e eu tinha um contrato. Saindo da Eva eu iria perder o contrato. Voltei e gravei quase um ano com o Agildo. Mas, então, fiquei desempregada e acabei indo trabalhar no comércio, no varejo”, relatou.

Com sua saída da emissora carioca, ela descobriu que muitas pessoas estavam perto dela apenas por interesse, e na hora do aperto, ela foi deixada de lado.

“Descobri que não eram amigos. São pessoas que você passa por elas de momento. Essa é a real. Era muito oba oba, queriam que você proporcionasse facilidades. Amizades de interesse. De uma forma geral não tinha amigos nesse meio. Não sei se foi um erro meu, porque sou muito na minha, fechada. Quem eu convivia muito era o Sherman, a gente ia muito a teatro. Mas antes dele ficar doente eu já tinha me afastado”, contou.

Para ela, o único colega leal foi Nelson Freitas (na foto acima, com Maria Clara Gueiros), que fazia dupla com ela no quadro.

“O Nelson Freitas é um amigo, mas depois que saímos da Globo, perdemos contato, coisas da vida. Se nos encontrarmos, vamos dar aquele abraço, como se a gente nunca tivesse se separado. Ele é um amor de pessoa”.

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Separação, depressão e dívidas

Roberta Foster e Regininha Poltergeist
Roberta Foster e Regininha Poltergeist (reprodução)

Além de perder o emprego, a atriz se separou, caiu em depressão e passou por dificuldades financeiras.

“Quando me separei, fiquei anos solteira, entrei na depressão, passei um bom tempo me reconstituindo. Quando você está no chão, a sensação é de fracasso. Ser atriz e ir para uma loja foi difícil, até porque muitas das clientes eu até conhecia, tipo Viviane Araújo. Com o passar do tempo, você trabalha a mente”, contou.

Roberta teve que vender o apartamento que tinha perto dos Estúdios Globo, comprou outro imóvel e, para poder pagar, teve que alugar.

“Para não perder o apartamento, eu o aluguei, mas não tinha onde ficar. Fui morar de favor com pessoas mais simples e humildes. Aquela vida de riqueza, aquelas pessoas ricas que eu conhecia, todas sumiram e eu em um processo complicado de depressão. Quando você está no chão, ninguém te acode, essa que é a verdade”, desabafou.

“Geralmente, a ajuda vem de onde você menos espera. Aí fiquei um bom tempo na Praça Seca, no pé da favela praticamente e trabalhando em loja, me refazendo. Aí, depois, a minha inquilina saiu, voltei para Santa Teresa. Fiquei mais um tempo lá, consegui vender o apartamento, paguei a dívida com o que sobrou comprei um apartamento no Anil, onde estou morando hoje”, completou.

Hoje, Roberta comanda o Me Conta Ai, programa de entrevistas exibido no YouTube. Longe da depressão, ela se encontrou de forma pessoal e profissional.

“Estou bem. Tive que trabalhar a libertação desse mundo artístico que a gente vive, por se um símbolo sexual, ter sido bonita, com corpo bonito, gostosona. Se não trabalhasse isso, ia ficar ferrada. E talvez, esses sofrimentos todos que eu tenha passado, gerenciamento financeiro, casamento destruído, problema familiar, deprê de ficar na cama dois, três dias sem tomar banho. Tudo isso me deu estofo para lidar bem até com o envelhecimento, porque lidei com questões tão profundas, de me sentir fracassada, sem grana, desamparada. Precisei criar forças dentro de mim”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor