Lá se vão 27 anos da estreia de Lua Cheia de Amor – completados no último dia 3. Reedição disfarçada do clássico de Gilberto Braga, Dona Xepa (1977) – por sua vez, baseada na peça teatral homônima de Pedro Bloch -, ‘Lua Cheia’ contou com roteiro de Ana Maria Moretzsohn, Maria Carmem Barbosa e Ricardo Linhares. A protagonista, Genuína Miranda (Marília Pêra), camelô humilde rejeitada pelos filhos arrivistas, acabou suplantada por Kika Jordão (Arlete Salles), nova-rica obstinada pela socialite Laís Souto Maia (Susana Vieira).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Dentre os personagens periféricos, destaque para Emília, criação de Bete Mendes. A atriz – que vinha da abnegada Aída, de Tieta (1989) – surpreendeu o público com esta execrável criatura. Cheia da grana, mas extremamente unha de fome, Emília invejava o trato de Genuína com seus clientes. A rusga das duas vinha de muito tempo… Ambas disputaram Diego (Francisco Cuoco), que se casou com Genú para abandoná-la anos depois, deixando-a em estado de penúria. Emília aproveitou-se da ocasião para adquirir a loja de louças da rival, então obrigada a voltar para o camelódromo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O TV História lista agora outras cinco grandes maldades de Emília. Confira!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Quando Lua Cheia de Amor se inicia, Emília está envolvida com Urbano (John Herbert), boa-praça que se compromete a esperar Genú a adquirir a soma suficiente para reaver sua loja, hoje de propriedade dele e da companheira. Quando está próxima de atingir seu intento, a camelô é surpreendida por uma denúncia contra Mercedes (Isabela Garcia), sua ambiciosa filha: para fazer bonito em um desfile de moda – quem sabe, conquistando um bom partido -, a moça empresta um par de brincos da joalheria onde trabalha. Genú usa todas as suas economias para quitar a dívida da desajustada mocinha. A história cai no ouvido de Emília, que a espalha rapidamente pela Vila da Glória. Irada, a protagonista parte para o revide: lembra que a vilã é “histérica, nem pode ter filho”; na verdade, estéril. Cheia de mágoa, Emília procura o pretendente de Isabela, Augusto (Maurício Mattar), e lhe dá o endereço da joalheria, para que ele se certifique de que a namorada é uma bandida.
Uma outra investida de Emília contra Genuína acabou por reaproximar Mercedes e Augusto. Ao tomar conhecimento de que a aloprada comerciante adquiriu liquidificadores do garoto Washington (Fernando Almeida), vendendo o eletrodoméstico por preços baixos, Emília corre denunciá-la por estar, supostamente, repassando mercadoria roubada. Enquanto Genú é conduzida à delegacia, a cleptomaníaca Isabela (Drica Moraes), irmã de Augusto, procura Mercedes e lhe devolve os brincos que haviam desaparecido. Chega no momento em que a futura ex-cunhada está em desespero com a prisão da mãe; Isabela então aciona Augusto, que contrata o advogado Dr. Lopes (Renato Coutinho) para defender Genú. Safa, a camelô escapa da cadeia ao apresentar as notas fiscais dos liquidificadores.
Boa parte do ódio que consumia Emília advinha do abandono de Diego. E da gravidez não planejada de Genú, que levou o espanhol a se casar com ela. Mesmo unido em matrimônio, e já pai de Rodrigo (Roberto Bataglin) e Mercedes, o malandro mantinha encontros com Emília. Os dois planejavam fugir quando ele desapareceu… Na ocasião, Diego havia aplicado um golpe milionário em Mané Bexiga (Alfredo Murphy). Sempre no encalço do marido, Genuína, com o auxílio de seu admirador Túlio (Geraldo Del Rey), marca um encontro com Mané. O bandidão, contudo, a trancafia no banheiro de sua casa; enquanto revista o imóvel, descobre um bilhete de Emília para Diego, o instruindo sobre o golpe e sobre a fuga. Sem saber que a vilã foi passada para trás pelo amado – que caiu no mundo sozinho -, Bexiga vai até ela. Surpreendida no banheiro enquanto secava os cabelos, Emília não se intimida: empurra Mané para dentro da banheira cheia d’água e joga nela o secador, causando um curto-circuito e um consequente ataque cardíaco no seu algoz… Anos depois, Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004), usou da mesma artimanha para livrar-se do taxista Gilmar (Roberto Bomtempo).
Eis que, um belo dia, Diego regressa à Vila da Glória, acompanhado de Maria Cecília (Norma Blum). A milionária se casou com o golpista, que a levou à bancarrota; revoltada, e ainda apaixonada, ela se recusa a deixa-lo partir sem que Diego devolva boa parte de seu patrimônio. Abnegada, Emília consente em hospedar o amado e sua atual companheira em um dos quartos da casa que faz de pensão. Não demora para que ela comece a dar cobertura a Diego, ainda apostando a grana que lhe falta em jogos de azar. Porém, temerosa, ela sempre pede a Calixto (Alberto Baruque) que o vigie. E enquanto isso, mesmo dividindo o teto com Urbano, Emília se rende ao charme de Diego – os dois chegam a transar sobre a mesa de cozinha, fetiche de Isabela Ferreto (Cláudia Ohana), da clássica A Próxima Vítima (1995). Descobertos, Diego se refugia da ira de Urbano no depósito da loja, que, num golpe do destino, é consumido por um incêndio. O trambiqueiro, porém, sai ileso do incidente.
O último ato de Emília evidenciou seu transtorno psicológico: em razão dos sucessivos encontros com Diego, ela começa a acreditar que está grávida. Espalha por toda vizinhança – através de Hermê (Chica Xavier), enfermeira “sem trava na língua” – que está esperando um bebê do amado, sempre buscando causar a “inveja” de Genuína. Começa a comprar roupinhas para criança, que armazena no depósito devastado pelas chamas. É o choque com o fogo, e com a suposta morte de Diego, que a leva a sofrer uma espécie de aborto. Emília dá entrada no hospital com uma intensa hemorragia, causada pela “perda do filho”. É quando a gravidez psicológica vem à tona; Urbano, compadecido, a ampara. Nos últimos capítulos, os dois decidem pela adoção de menores abandonados. Emília, enfim, se redimiu.