Em Pantanal, após muita insistência de Irma (Camila Morgado), Mariana (Selma Egrei) decide conhecer a fazenda do genro José Leôncio (Marcos Palmeira). Mas ela não embarca sozinha nesta aventura: leva a tiracolo o fiel mordomo e amigo Zaquieu (Silvero Pereira).

Silvero Pereira

O rapaz, que sempre sonhou em conhecer o Pantanal, é o mais empolgado com a viagem. Zaquieu fica maravilhado com a beleza do lugar e tenta se entrosar com todos os moradores do lugar.

No entanto, sua recepção não é das melhores: Zaquieu é vítima de homofobia por parte dos peões, principalmente Tadeu (José Loreto) e João Zoinho (Thommy Schiavo), que tiram sarro da maneira de ser do mordomo.

José Loreto em Pantanal

Incomodado com as “brincadeiras”, Zaquieu arruma suas malas, pega a chalana e parte do pantanal, deixando uma carta de despedida para Mariana. José Leôncio, incomodado com a maneira como o mordomo foi tratado em sua fazenda, dá uma bela lição de moral nos peões, avisando que homofobia é crime.

Mas, afinal, Zaquieu volta para o pantanal? O que acontece com o mordomo de Mariana?

Versão 1990

Pantanal

Na primeira versão de Pantanal, escrita por Benedito Ruy Barbosa em 1990, o mordomo se chamava Zaqueu e era interpretado por João Alberto Pinheiro. Assim como no remake da Globo, ele era o grande companheiro de Mariana (Nathalia Timberg) e partiu empolgado para o pantanal, mas também sofreu com a homofobia do lugar.

No entanto, há 32 anos, este debate mal existia. Por isso, Zaqueu era tratado de maneira ainda mais jocosa. O personagem carregava mais nas tintas do humor e sofreu ataques homofóbicos durante toda a novela.

Assim como na versão atual, Zaqueu deixa o pantanal após ser maltratado na fazenda. No entanto, ele retorna ao local meses depois, com a vontade de se tornar um peão. Deste modo, Zaqueu enfrenta o preconceito e se esforça para se tornar um peão tão eficiente quanto os demais que compõem a comitiva de José Leôncio.

Pantanal

Na busca por se tornar um grande peão, Zaqueu se aproxima de Alcides, vivido por Angelo Antonio. O amante de Maria Bruaca (então Angela Leal) deixa a fazenda de Tenório (Antonio Petrin) e passa a trabalhar para José Leôncio (Claudio Marzo). E, aos poucos, Zaqueu e Alcides criam improváveis laços de amizade.

A proximidade é tanta que Zaqueu acaba nutrindo um amor platônico pelo amigo. Mas Alcides, cada vez mais envolvido com Maria, não cede às investidas do novo peão. Porém, Zaqueu se torna o principal confidente de Alcides, e os dois viram grandes companheiros.

Tiro

Pantanal

A amizade entre Alcides e Zaqueu é tão grande que o ex-mordomo ajuda o amigo a acabar com seu maior inimigo, Tenório. Para se vingar do vilão, que o castra após descobrir o caso do peão com Maria, Alcides arma uma tocaia para o grileiro com a ajuda do amigo.

É Zaqueu quem distrai Tenório quando ele está prestes a atirar em Alcides. Assim, o peão consegue atingir Tenório com sua zagaia. Deste modo, Tenório morre e seu corpo é jogado às piranhas.

Mas Zaqueu não sai ileso desta luta. Tenório, antes de morrer, consegue disparar um tiro, que acerta o ex-mordomo. Zaqueu é levado ao hospital, mas logo fica bem, ja que o tiro não atinge nenhum órgão vital.

No final da trama, Zaqueu consegue finalmente se tornar um peão. Mas ele termina sozinho, sem um amor para chamar de seu.

Quem viveu Zaqueu em 1990?

Pantanal

João Alberto Pinheiro tinha 29 anos quando deu vida a Zaqueu em Pantanal. Ele foi convidado pelo diretor Jayme Monjardim após se destacar na música, chegando a gravar o LP “Luar do Amor”, lançado pela gravadora Continental em 1988. Além de ator e cantor, Pinheiro também foi colunista social.

Em Pantanal, João Alberto Pinheiro conheceu o sucesso, em razão da enorme popularidade que o mordomo Zaqueu alcançou na época. No entanto, a trama foi a única novela da carreira do artista.

João Alberto Pinheiro faleceu em 1992, aos 31 anos, depois de lutar contra uma série de problemas de saúde decorrentes do vírus HIV.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor