Fim de programa foi marcado por amadorismo incomum na Globo
11/01/2022 às 15h30
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A Globo anunciou o fim do Vídeo Show de repente, no dia 8 de janeiro de 2019. E a atração saiu do ar três dias depois, em uma sexta-feira. Decisão tomada de última hora, sem aviso com antecedência aos responsáveis pela produção e nenhuma satisfação para o público.
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Um programa que estreou no dia 20 de março de 1983 e completaria 36 anos dois meses depois. Um dos mais longevos do canal. Passados dois anos do cancelamento, é possível afirmar com convicção que foi um erro gigantesco da emissora. Para não dizer amador.
É preciso lembrar a burrice da atitude dias antes da estreia da décima nona edição do Big Brother Brasil. Embora a temporada tenha sido um completo fracasso com razão, os índices do programa sempre aumentavam quando exibiam imagens ao vivo da casa ou quando entrevistavam algum eliminado. Era o momento de aproveitar um produto que inevitavelmente rende assunto na internet.
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Sem planejamento
O pior é que a atração foi encerrada sem qualquer substituição. Simplesmente anteciparam a exibição da Sessão da Tarde e começaram a reprisar dois episódios de A Grande Família antes do Vale A Pena Ver de Novo. Depois, veio o Se Joga, um fracasso total. Planejamento que não condiz com o famigerado padrão Globo.
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Em seguida, a emissora resolveu inserir as coberturas das festas de lançamentos de séries e novelas no Mais Você. Além de evidenciar o ‘remendo’ de última hora, Ana Maria Braga e o saudoso Louro José não se mostraram nada confortáveis na hora da apresentação das reportagens, o que foi compreensível.
Era até uma quebra de ritmo do programa de variedades da apresentadora e o quadro só marcava presença mesmo quando tinha alguma coletiva de imprensa.
Porque os tradicionais bastidores das gravações não exibem mais e o Falha Nossa (que passou a ser chamado de Falhas do Louro) foi sempre um conjunto de reprises já vistas enésimas vezes, com raras exceções. Tanto que não durou muito tempo.
Vídeo Show deixou lacuna
O fato é que o Vídeo Show deixou uma lacuna que não foi e nem será preenchida. O telespectador das novelas e produções da emissora sente falta, sim, de acompanhar os bastidores, os erros de gravações, as homenagens aos atores consagrados e as entrevistas a respeito das novas tramas que irão estrear, enfim.
O que não deixou a menor saudade foi o humor descartável que inseriram através de quadros bobos ou aquela sucessão de entrevistas com populares que nunca acrescentaram nada. A identidade do programa, o seu DNA, é o que deixou um vazio. Tanto que o Gshow, site de entretenimento da emissora, tem tentado suprir isso através de umas mini-matérias com alguns atores.
E valeu a pena a atitude impulsiva da Globo? A resposta é não. O motivo para o cancelamento do programa foi a sucessão de derrotas sofridas para A Hora da Venenosa, quadro do jornalístico Balanço Geral, da Record. Mesmo que, muitas vezes, por décimos.
Porém, a Sessão da Tarde continuou sofrendo com a concorrência e o Se Joga, então, apanhou quase diariamente. Ou seja, por mais mutilado que estivesse o Vídeo Show, a culpa nem era do formato.
A questão sempre foi a força das fofocas sobre a vida alheia de Fabíola Reipert. Os comentários venenosos, querendo ou não, caíram no gosto do público. Não havia razão para a extinção de um produto de 35 anos de existência. Havia, sim, a necessidade de voltar com o DNA da atração. Mas acabar nunca.
Vira e mexe, surgem especulações na imprensa a respeito da possibilidade do Vídeo Show voltar para uma experimentação. A Globo sempre negou.
Todavia, resta torcer para que um dia o programa retorne, nem que fosse somente aos sábados, como era há muito tempo. A emissora não podia abrir mão de um programa como esse e colocar matérias sobre os bastidores televisivos em outros produtos da casa. É de um amadorismo que não combina com o canal.