André Santana

A Globo tem feito de tudo para salvar Fuzuê. Dentre as várias mudanças orquestradas pelo autor Gustavo Reiz e pelo supervisor Ricardo Linhares, está o novo tom: o clima de comédia “farofa” deu espaço a uma história mais sombria.

Felipe Simas e Marina Ruy Barbosa em Fuzuê
Felipe Simas e Marina Ruy Barbosa em Fuzuê (Reprodução / Globo)

O responsável pela mudança é César (Leopoldo Pacheco), que voltou assumindo as vilanias da trama. Além de deixar tudo mais obscuro, o novo vilão-mor acabou apagando Preciosa (Marina Ruy Barbosa), que perdeu espaço dentro do enredo das sete.

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Novo vilão

 

No início de Fuzuê, César aparecia apenas em flashbacks e como um retrato na parede da casa de Preciosa. A vilã, que nunca escondeu a verdadeira devoção que tinha pelo pai, deu sequência aos seus planos de encontrar um valioso tesouro.

No entanto, a volta do personagem já estava prevista. E também já se sabia que ele não era flor que se cheire, já que várias de suas maldades foram reveladas ainda antes de o pesquisador reaparecer. Sendo assim, era esperado que seu retorno culminasse em novas maldades.

Porém, houve uma mudança no tom da novela a partir de sua chegada. César se mostrou um vilão sério, implacável, capaz das maiores atrocidades. Bem diferente de Preciosa, que também era capaz de tudo, mas tinha um tom cômico, quase como uma vilã de contos de fadas.

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Personagem apagada

Marina Ruy Barbosa como Preciosa em Fuzuê
Marina Ruy Barbosa como Preciosa em Fuzuê (divulgação/Globo)

A rivalidade entre Luna (Giovana Cordeiro) e Preciosa sempre esteve no centro de Fuzuê. Elas se tornaram inimigas logo que ficou claro que as duas tinham o mesmo objetivo: encontrar o tesouro da Dama de Ouro.

Para se livrar de Luna, Preciosa aprontou bastante. Mas, como uma boa vilã de desenho animado – ou de novela das sete meio infantil – , a riquinha sempre se dava mal. Havia uma leveza que contornava os grandes absurdos cometidos pela filha de Bebel (Lilia Cabral).

Mas, com a chegada de César, Preciosa acabou perdendo muito de sua força. Primeiro, porque ela mesma se tornou um alvo do próprio pai, que a usa e a humilha com a mesma intensidade. Depois, porque ela acabou perdendo muito de sua função depois que as maldades da trama foram transferidas para o personagem de Leopoldo Pacheco.

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Trama sombria

Leopoldo Pacheco como César Montebello em Fuzuê
Leopoldo Pacheco como César Montebello em Fuzuê (divulgação/Globo)

Além disso, Fuzuê perdeu muito de seu colorido inicial com a chegada de César. Em seu início, a trama era leve, divertida, meio nonsense. Havia muito pastelão e muitas cenas absurdas, como a do barman que surgia do nada para entregar drinks a Nero (Edson Celulari).

Mas, como a novela não emplacou e vem passando por mudanças, este tom também foi alterado. Atualmente, há pouco humor em Fuzuê. Com César fazendo todo tipo de maldade, a novela está mais séria e pesada. Ficou sombria.

Com isso, Fuzuê acabou mudando para pior. Mesmo cansativa em seu início, a novela era “salva” pelo bom humor. Mas agora, nem isso. Fuzuê vive uma fase obscura e pouco atrativa. A mudança no tom se revelou um grande erro.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor