Fim da linha? Fantástico completa 51 anos vivendo pior fase de sua história

04/08/2024 às 14h47

Por: André Santana
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Maju Coutinho e Poliana Abritta no comando do Fantástico (Reprodução / Globo)

Um dos mais longevos programas da televisão brasileira, o Fantástico entrou no ar há 51 anos. A atração estreou em 5 de agosto de 1973 e foi criado para tapar o buraco deixado por Chacrinha, que havia deixado a Globo de maneira intempestiva em dezembro de 1972.

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Maju Coutinho e Poliana Abritta no comando do Fantástico (Reprodução / Globo)

O tradicional programa das noites de domingo da Globo fez história com seu formato de revista eletrônica, mesclando jornalismo e variedades. No auge, atingia grandes índices de audiência e ditava os assuntos da segunda-feira no Brasil.

Porém, o programa atualmente comandado por Maju Coutinho e Poliana Abritta vive a pior fase de sua história, enfrentando uma queda de audiência e crise criativa.

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Show da vida

Fantástico entrou no ar em 5 de agosto de 1973 com a proposta de ser um grande espetáculo nas noites de domingo da Globo. Por isso, em seu início, ele adotava o subtítulo O Show da Vida, que é usado como “apelido” do programa até hoje.

A ideia do programa era reunir tudo o que a Globo tinha de melhor em sua programação. Por isso, cabia de tudo no Fantástico: jornalismo, dramaturgia, música, humor e variedades. Borjalo, Armando Nogueira, Alice-Maria, Daniel Filho, Paulo Gil Soares, José Itamar de Freitas, Luiz Lobo, Luís Edgar de Andrade, Manoel Carlos, Augusto César Vannucci, João Loredo, Nilton Travesso, Maurício Sherman, Walter George Durst, Guto Graça Mello, Luís Carlos Miele e Ronaldo Bôscoli estiveram em sua equipe de criação.

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No decorrer dos anos, o Fantástico foi perdendo as características de show de variedades para se tornar essencialmente jornalístico. Ainda assim, quadros de humor e números musicais sempre fizeram parte da fórmula da atração.

Tapa-buracos

Valéria Monteiro, Celso Freitas e Doris Giesse apresentando o Fantástico no início dos anos 1990

Valéria Monteiro, Celso Freitas e Doris Giesse apresentando o Fantástico no início dos anos 1990

Curiosamente, o Fantástico surgiu da necessidade da Globo de preencher uma lacuna deixada por Chacrinha. Entre 1967 e 1972, o animador comandava o Buzina do Chacrinha, que fazia muito sucesso nas noites de domingo.

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José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor-geral da Globo, era grande amigo de Chacrinha. Mas, como ele mesmo revelou em seu O Livro do Boni, os dois não se davam bem profissionalmente. A relação entre eles se desgastou e terminou de maneira drástica.

Na época, Chacrinha vivia uma concorrência feroz com Flavio Cavalcanti, da TV Tupi, e ambos disputavam as pautas mais apelativas possíveis. Boni, no entanto, proibiu a apelação, o que teria deixado Chacrinha irritado. Com isso, o apresentador passou a atrasar o final de seu programa de propósito.

Até que, em 3 de dezembro de 1972, Boni se enfureceu e cortou o Buzina do Chacrinha abruptamente em razão do atraso. O apresentador não engoliu o desaforo e disse que estava de saída da Globo. De fato: pouco tempo depois, Chacrinha reestreou na Tupi. Assim, no ano seguinte, o Fantástico entrou no ar.

Crise

Fantástico sempre rendeu bons índices de audiência e garantiu a liderança para a Globo no horário. Porém, os resultados do programa já não são tão impressionantes como já foram um dia.

O programa chegou a perder 727.624 telespectadores na Grande São Paulo em apenas uma semana. No dia 14 de julho, o Fantástico marcou média de 19,3 pontos. Já no dia 21, o programa não foi além de 15,5 pontos de média. Em 10 anos, o Fantástico perdeu 43% de público, de acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo jornalista Ricardo Feltrin.

Os dados ficam ainda mais impressionantes se considerarmos que, atualmente, o Fantástico não tem concorrentes de peso. Nas décadas de 2000 e 2010, a atração enfrentou o auge dos programas de Silvio Santos – como a Casa dos Artistas – e fenômenos como Pânico na TV. Atualmente, o maior concorrente da atração é o streaming.

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