O famoso “jeitinho brasileiro” nasceu no dia seguinte à Proclamação da Independência, 8 de setembro de 1822. É esta informação preciosa que norteia Filhos da Pátria, série de Bruno Mazzeo, com colaboração de Alexandre Machado (de Os Normais e Vade-Retro), e direção artística de Maurício Farias. Com estreia agendada na Globo para 19 de setembro, uma terça-feira, a produção foi lançada hoje (3) no Globo Play.
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Filhos da Pátria acompanha a formação da essência brasileira e faz uma interpretação, com humor e crítica, de como tudo o que vivemos e passamos atualmente teve início. Esta análise se dá por meio da família Bulhosa, formada pelo ingênuo português Geraldo (Alexandre Nero), sua esposa materialista, a brasileira Maria Teresa (Fernanda Torres), pelo primogênito sem-noção, Geraldinho (Johnny Massaro), e pela caçula feminista e sonhadora, Catarina (Lara Tremouroux).
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Além deles, a escrava à frente de seu tempo, Lucélia (Jéssica Ellen), e o escravo observador, Domingos (Serjão Loroza). “Em Filhos da Pátria, fazemos um paralelo divertido entre a Independência e o atual momento brasileiro. Foi um período de grandes mudanças, com a opinião da população dividida entre brasileiros e portugueses, onde a vida foi modificada de maneira abrupta pela política”, explica Maurício.
Com a Independência, Geraldo se sente ameaçado de perder o cargo oficial que ocupa no Paço Imperial, uma vez que nasceu em terras lusas e agora o poder está nas mãos de brasileiros. Ele trabalha intermediando as relações entre Brasil e Portugal, sob a chefia de Figueira (Saulo Laranjeira, já de volta ao SBT e A Praça é Nossa).
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Aos poucos, o protagonista tem de aprender a lidar com os novos esquemas que tomam conta do ambiente de trabalho liderados, principalmente, pelo colega Pacheco (Matheus Nachtergaele). Como testa de ferro, Geraldo encontra uma nova maneira de sustentar sua família. Quem também se arruma é Zé Gomes (Flávio Bauraqui), irmão de Lucélia, que forja uma invalidez para garantir sua alforria.
Ainda, a dona do brechó Madame Dechirré (Karine Teles). A loja da francesa é frequentada por mulheres da média e alta sociedade carioca – como Leonor, a irmã abastada de Leonor (Letícia Isnard) – que nem imaginam o outro tipo de serviço que é oferecido naquele mesmo endereço. Atrás de um provador de roupa fechado por uma cortina, uma escada leva a um mundo completamente paralelo.
Para reconstituir a época em que é ambientada, Filhos da Pátria lançou mão de inúmeros recursos. A caracterização, assinada por Mary Help, optou pela veracidade, com referência nas pinturas de Debret – vistas na abertura de Escrava Isaura (1976). Para marcar o enriquecimento da família Bulhosa, o figurino (de Antonio Medeiros) preparou peças de veludo e tom vermelho; na pobreza, os tecidos foram surrados, já que as vestimentas, caras, eram “usadas” até acabar.
A cenógrafa Cris de Lamare usou da licença poética para investir no uso da cor no interior das casas. A produção de arte manteve, em ambas as fases da família Bulhosa, a estrutura decadente da residência dos Bulhosa, mas caprichou em adornos como castiçais e cortinas com franjas para explicitar o gosto duvidoso da nova rica Maria Teresa, de acordo com a produtora de arte Ângela Melman.
Completam o elenco de Filhos da Pátria, Marcos Caruso (Padre Toledo), Ranieri Gonzales (Neiva), Adriano Garib (Matoso), Aramis Trindade (Delorges), Luiz Magnelli (Seu Vasco), Felipe Rocha (Murilo), Cândido Damm (Olegário), Bruno Jablonski (Juca), Ricardo Pereiro (Padre Adão), Liv Zieze (Gabardine), Paula Frascari (Gabardine), Vitor Thiré (Paulo Roberto) e o veterano Emiliano Queiróz (Padre Elano).