Considerada o maior fracasso da Record desde a reativação do seu núcleo de teledramaturgia, Máscaras, exibida pela emissora entre 10 de abril e 2 de outubro de 2012, foi uma novela problemática em inúmeros sentidos.
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A trama de Lauro César Muniz, que se tornou a última novela do autor (de acordo com o próprio, pelo menos até o momento), contava o drama de Maria (Miriam Freeland), que era casada com o rico empresário Otávio Benaro (Fernando Pavão).
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Após uma crise de DPP (depressão pós-parto), que a levou a tentar matar o próprio filho recém-nascido, Otávio a leva para um cruzeiro terapêutico na companhia de seu médico, Dr. Décio Navarro (Petrônio Gontijo). Porém, na volta da viagem, Maria e seu filho são sequestrados.
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Com um roteiro bem elaborado, Muniz tentou fazer uma trama mais conceitual, o que levou o público a não entender bem o clima de mistério que envolvia esses personagens.
Além disso, um comentário infeliz do autor, criticando o fato da Globo desenvolver suas novelas mirando na “tal classe C”, pegaram muito mal na mídia – na época, a emissora exibia o fenômeno Avenida Brasil.
Mudanças na direção e insatisfação de atriz
Para reverter esse quadro, Lauro e seus colaboradores tentaram deixar Máscaras menos confusa, o que levou a uma troca de diretores: Edgard Miranda no lugar de Ignácio Coqueiro. Outra alteração foi a redução do número de capítulos, dos previstos 200 para 125 exibidos.
Porém, a emissora acabou prejudicando o seu próprio produto, já que, com a estreia do reality show A Fazenda, a Record foi jogando para cada vez mais mais tarde a exibição do folhetim. Por fim, Máscaras passou a ser exibida após a meia-noite, o que gerou um desconforto entre autores, elenco e direção.
Luiza Tomé, intérprete da sensitiva Geraldine, chegou a ir ao Twitter expor seu descontentamento em atuar na trama e pedindo para que Lauro César Muniz a retirasse da novela. Em um dos trechos de sua publicação, ela disse:
“Boa noite! Será que o Lauro está gostando da “figuração” que estou fazendo? 28 anos nadando e morrer na praia! Não quero mais. Queria muito fazer a novela e não ser desvalorizada! Estou muito triste!”, e completou: “Estou mega triste! Segurei até onde deu! Mas amo muito o que eu faço não desrespeito ninguém! Mas exijo RESPEITO. (…) Não é a primeira novela que faço do Lauro, mas com certeza será a última, me sinto muito humilhada”.
Procurado, o autor se explicou dizendo que, com o aceleramento de algumas tramas e por uma série de modificações feitas em seu planejamento inicial, o entrecho policial foi adiantado. Com isso, a personagem defendida por Luísa não teria participação.
Outra atriz a se manifestar nas redes sociais foi Giselle Itié, que chegou a lançar aos seus seguidores a pergunta ‘que horas começa a novela hoje?’.
Carta de atores e possível boicote
Numa última tentativa de salvar a trama do naufrágio completo, um grupo composto por 28 atores do elenco escreveram uma carta defendendo o folhetim e seu autor e culpando a mídia por boicotar a novela com divulgações que desfavoreciam o trabalho dos artistas e de toda a equipe.
Paloma Duarte chegou a enviar uma nota para a coluna de Flávio Ricco, do UOL, em julho de 2012, enfatizando que se tratava de uma carta e não de um abaixo-assinado, como ele próprio chegou a noticiar em sua coluna dias antes.
A missiva expressava a discordância da forma como os críticos tratavam este trabalho. Num dos parágrafos, ela escreveu:
“Respeitamos as críticas construtivas que foram feitas, tanto que a novela passou por grandes modificações e isso está claro na carta. Só lamentamos que feitas as modificações, a mídia, que tanto teve prazer (com razão em alguns aspectos) em criticar, não tenha mencionado nada, nem nosso esforço para botar a novela no lugar, independente de qualquer índice de audiência. Nosso assunto é artístico”, escreveu a atriz.
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Última novela
Infelizmente, mesmo com tanta dedicação, Máscaras tornou-se uma mancha na trajetória de Lauro César Muniz em seus nove anos como novelista na Record.
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Ao final do seu trabalho, em entrevista ao jornalista Daniel Castro, do Notícias da TV, em dezembro de 2013, ele chegou a mencionar que sua trama foi sabotada pela própria Record, devido a desentendimentos entre a direção de teledramaturgia e o diretor da novela.
“Não tenho provas para falar em sabotagem, mas parecia que o comitê artístico estava em choque com o RecNov. (…) Eu comecei a me sentir o bode expiatório dentro de uma guerra de poder”, lembrou o autor, que completou: “Eu pressentia o desastre, uma grave crise entre o diretor de teledramaturgia (Hiran Silveira) e o diretor da novela (Ignácio Coqueiro) prejudicava a produção”.
Ele finalizou lamentando o fracasso de sua obra:
“Foi uma novela que nasceu numa crise brava. As gravações no navio ficaram horrorosas, o elenco estava perdido, foi aí que eu decidi que era a minha última novela”.