Fiasco dos protagonistas gerou injustiça em novela das oito da Globo
17/12/2021 às 13h43
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A reprise de Paraíso Tropical no Viva tem reforçado todas as qualidades da novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, dirigida por Dennis Carvalho.
A trama teve muitos acertos e impressiona rever como o rodízio dos núcleos eram bem realizados, proporcionando um destaque de todos.
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Mas o folhetim não ficou na memória do grande público. A história sofreu uma rejeição inicial em 2007 e os autores só conseguiram reverter a situação com algumas mudanças no enredo, entre elas o maior destaque para o casal Bebel e Olavo.
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Tanto que muitos telespectadores mal se lembravam do título Paraíso Tropical porque o folhetim acabou virando a novela de Bebel e Olavo – o que não deixa de ser uma injustiça porque se trata de uma excelente produção.
Merecidamente, os vilões acabaram tomando o lugar dos mocinhos, que fracassaram logo no início por conta da construção equivocada e muito apressada do romance.
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Mocinhos apáticos
Fábio Assunção e Alessandra Negrini tiveram um ótimo desempenho e a culpa do fiasco do amor de Daniel e Paula não foi deles. Mas os intérpretes foram inevitavelmente ofuscados por Camila Pitanga e Wagner Moura.
Até porque Gilberto e Ricardo foram muito mais hábeis no envolvimento do grande vilão da história com a garota de programa que sempre sonhou com uma vida de luxo.
Olavo foi inicialmente apresentado como um típico malvado maniqueísta. Não havia um contexto para a personalidade egocêntrica e arrogante do sujeito que sempre quis destruir Daniel na empresa de Antenor Cavalcante (Tony Ramos).
O empresário nutria inveja pelo rival, principalmente por conta da relação de carinho que Antenor e Ana Luísa (Renée de Vielmond) tinham com o ‘filho do caseiro’.
É verdade que ficava subentendido sua infância difícil em virtude do egoísmo da mãe, Marion (Vera Holtz). Mas o personagem não tinha qualquer traço de humanidade.
Até pelo irmão, Ivan (Bruno Gagliasso), sentia um ódio incomensurável – aliás, que resulta na melhor cena do último capítulo da novela.
De objeto sexual a paixão
A desbocada prostituta se mostra a responsável pela apresentação de um lado que o público desconhecia do vilão. Olavo se apaixona e o sentimento o torna mais humano para o telespectador. Ao menos enquanto está com ela.
Inicialmente, o ricaço a trata como um mero objeto sexual. Mas aos poucos vai sendo conquistado pelo jeito espontâneo da 171 que se encanta com a vida de riqueza do cliente. O sujeito que é agressivo e arrogante com todo mundo vira uma pessoa até gentil quando está na companhia de Bebel.
O casal dá tão certo que surge até o clichê típico de um par de mocinhos: a armação para separá-los. Isso porque Jáder (Chico Diaz), o cafetão de Bebel e o capanga de Olavo, furta um laptop do patrão para fingir que a garota de programa foi a autora.
O plano até dá certo, mas pouco tempo depois Olavo descobre tudo e volta para sua amada. Bebel também consegue se dar bem quando finge para o vilão que será ‘fixa’ de um cliente e irá para a Alemanha.
Ele acaba caindo na armação e a transforma em sua ‘prostituta exclusiva’, com direito a um apartamento bem melhor. Não deixa de ser um namoro camuflado.
Brilharam juntos ou separados
A química entre Camila Pitanga e Wagner Moura é um dos maiores êxitos da trama. Não por acaso, os dois viveram o melhor momento de suas respectivas carreiras na televisão.
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A atriz nunca mais ganhou um tipo tão marcante quanto Bebel, que tinha sido escrita para Mariana Ximenes inicialmente.
Já o ator tinha feito poucos trabalhos na TV e logo depois passou a se dedicar exclusivamente ao cinema. Mas o vilão virou seu grande papel na teledramaturgia nacional.
Os dois brilhavam juntos ou separados. Cada um engrandecia qualquer núcleo. Bastava aparecer.
E a reprise no Viva tem sido uma ótima opção para o público rever os êxitos da obra de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, incluindo a parceria inesquecível de um casal de vilões que entrou para a memória da televisão brasileira.