André Santana

A Globo sorriu de orelha a orelha com o sucesso do remake de Pantanal (2022). Mas agora ela amarga o fiasco da nova versão de Elas por Elas, que já se tornou um fracasso histórico da faixa das 18 horas. O folhetim comprova a tese de que nem todo remake dá certo.

Edu (Luis Navarro) e Yeda (Castorine) em Elas por Elas
Edu (Luis Navarro) e Yeda (Castorine) em Elas por Elas (reprodução/Globo)

Mas não é a primeira vez que a nova versão de uma novela clássica não agrada o público. O remake de Guerra dos Sexos (2012), por exemplo, passou longe de repetir o êxito da versão original.

Relembre abaixo essas e outras tramas cujos remakes não agradaram o público:

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Guerra dos Sexos

Tony Ramos e Irene Ravache em Guerra dos Sexos
Tony Ramos e Irene Ravache em Guerra dos Sexos (divulgação/Globo)

Parte do público de Elas por Elas aponta que a trama da novela é datada. A história envolvendo Lara (Deborah Secco) e Taís (Késia), por exemplo, não faz muito sentido nos dias de hoje e poderia ser resolvida numa simples conversa.

Trata-se do mesmo erro cometido por Silvio de Abreu ao reescrever Guerra dos Sexos, um de seus maiores clássicos. Em 1983, a primeira versão foi um grande sucesso e considerada ousada e inventiva. O humor pastelão e a “quebra da quarta parede”, com personagens conversando com o público, eram uma grande novidade em novelas na época.

Mas, em 2012, nada disso era novo. A trama envolvendo uma briga entre homens e mulheres pelo controle de uma grande loja de departamentos também se mostrou bastante envelhecida. O autor não teve o cuidado de atualizar os conflitos e a novela simplesmente não funcionou, tornando-se um grande fiasco.

 

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Pecado Capital

Pecado Capital - Carolina Ferraz e Francisco Cuoco
Carolina Ferraz e Francisco Cuoco em Pecado Capital (Divulgação / Globo)

A segunda versão de Pecado Capital também engrossa a lista de remakes que não deram certo. A trama original, de 1975, foi escrita por Janete Clair às pressas para assumir a vaga da versão censurada de Roque Santeiro e fez um estrondoso sucesso.

Gloria Perez, considerada “discípula” de Janete, pegou para si a responsabilidade de refazer este sucesso em 1998. A Globo vinha do remake de Anjo Mau, que fez um enorme sucesso, e acreditava que o mesmo aconteceria com a história de Lucinha (Carolina Ferraz).

Mas a novela não emplacou. O público não embarcou no drama de Carlão (Eduardo Moscovis), que acha uma mala cheia de dinheiro em seu táxi e, por conta disso, vive diversos conflitos. Além disso, Pecado Capital ficou marcada pelos bastidores conturbados – Carolina Ferraz não se dava bem com Francisco Cuoco, que vivia Salviano Lisboa, seu par romântico. Por conta disso, a autora foi obrigada a separá-los.

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Irmãos Coragem

Irmãos Coragem
Letícia Sabatella e Marcos Palmeira em Irmãos Coragem (divulgação/Globo)

Outro clássico de Janete Clair foi resgatado pela Globo na faixa das 18 horas. A primeira versão de Irmãos Coragem (1970) foi considerada um sucesso histórico da TV brasileira, conquistando um público masculino raro até então – na época, novela era considerada um entretenimento feminino.

Por conta de seu valor histórico, a trama foi a escolhida pela Globo para abrir as comemorações de seus 30 anos e lançada num período um tanto atípico: dia 2 de janeiro de 1995. Dias Gomes, viúvo de Janete Clair, assinava a nova versão, com Marcilio Moraes e Ferreira Gullar. Mas a trama derrubou a audiência do horário das 18h.

Na época, creditou-se o fiasco a uma soma de fatores: a estreia em pleno período de férias, a trama considerada pesada demais para o horário e o fato de a história ter apelo masculino – às 18h, a plateia seria majoritariamente feminina. A direção de Luiz Fernando Carvalho também foi criticada e ele acabou substituído por Reynaldo Boury – mas, mesmo com mudanças, a trama não deu certo e foi encurtada, terminando com 155 capítulos.

Elas por Elas

Protagonistas de Elas por Elas
Protagonistas de Elas por Elas (divulgação/Globo)

A Globo apostou todas as suas fichas na nova versão de Elas por Elas, clássico de Cassiano Gabus Mendes que está sendo reescrito por Thereza Falcão e Alessandro Marson. A emissora confiava no apelo do novelista veterano e no histórico de sucesso de remakes baseados em suas obras – Anjo Mau (1997) e Ti Ti Ti (2010) tiveram excelente desempenho.

No entanto, desta vez, o plano não deu certo. O remake de Elas por Elas não caiu nas graças do público e vem enfrentando enorme rejeição. A trama está em queda livre na audiência e vem sendo criticada pelos espectadores.

A maioria das reclamações aponta que a nova versão de Elas por Elas está fora do tom, com muitos personagens caricatos envolvidos em histórias pouco interessantes. O público também sente falta de romance, que costuma caracterizar as novelas das 18 horas. Além disso, o grupo de discussão da novela apontou que os espectadores acham a novela confusa, em razão da dinâmica com sete protagonistas.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor