“Com atuação sofrível, a ex-modelo personifica o mau desempenho de Bang Bang”. Assim começou a reportagem da revista Istoé Gente de 13 de fevereiro de 2006 sobre a estreia de Fernanda Lima como protagonista de novelas da Globo.

Fernanda Lima e Marcos Pasquim

Modelo de sucesso no Brasil e no exterior, Fernanda estreou na televisão em 1999, apresentando o Mochilão MTV. Depois, ainda comandou programas como Interligado, Luau MTV e Fica Comigo, entre outros.

Após uma pequena participação em Desejos de Mulher (2002), ela foi lançada como protagonista pela Globo em Bang Bang, vivendo Mary Diana Bullock Silver.

O público não se empolgou com a história, ambientada no Velho Oeste e cheias de nomes e termos em inglês, migrando para Prova de Amor, novela nos moldes tradicionais exibida pela Record. Isso acabou prejudicando também o Jornal Nacional, que vinha a seguir.

Prenúncio

Mario Prata

Na festa de lançamento da trama, ainda em 2005, o autor Mário Prata fez um prenúncio.

“Dizem que nesse horário 35 de Ibope é a média. Bang Bang não vai dar isso. Ou dá 40 ou mais, ou 30 ou menos. Nem eu, nem a Globo sabemos no que vai dar, mas estamos nos divertindo”, garantiu.

No entanto, a diversão terminou rápido. Desde a estreia, em 3 de outubro daquele ano, a produção mal conseguiu superar 28 pontos de média, além de receber uma enxurrada de críticas.

A mais atingida, por estar na linha de frente, foi justamente Fernanda Lima.

“Sem nenhuma experiência em novelas, Fernanda estreou como protagonista e não convenceu. No papel principal da pistoleira Diana, personifica o fraco desempenho da novela das sete”, destacou a reportagem.

Escolha com aval

Ricardo Waddington

A escolha de Fernanda para viver a principal personagem da novela contou com o aval do então diretor artístico da Globo, Mário Lúcio Vaz, e do diretor da novela, Ricardo Waddington (foto acima), com quem ela teve um affair na época, após uma breve separação de Rodrigo Hilbert.

“Ela precisa ir levando a vida e deixar a crítica passar, sem cara amarrada, sem briga. Não pode ficar agressiva”, aconselhou o publicitário Lula Vieira, que trabalhou por anos na Globo.

“Fernanda é verde, mas não é ruim”, enfatizou Carlos Lombardi, que foi chamado às pressas pela Globo para tentar salvar a novela, após o afastamento de Prata por problemas de saúde.

Além da troca de autoria, a emissora tomou outras atitudes, como encurtar os capítulos em 15 minutos; Bang Bang ficou com três intervalos comerciais a menos que a antecessora, A Lua me Disse, representando um prejuízo de até R$ 15 milhões por mês.

Bang Bang

O autor até sugeriu um terremoto para recomeçar a história, como fez Janete Clair em Anastácia, a Mulher sem Destino, mas a ideia não foi adiante. Dos 200 capítulos previstos, a atração teve apenas 173.

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Promessa

Pé na Jaca

Anos mais tarde, em entrevista ao jornal Valor Econômico, Fernanda falou sobre o trauma causado pela novela.

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“Atriz? Eu nem me considero uma”, disse. “Eu nunca tinha estudado para ser atriz, não tinha qualquer envolvimento com o ofício, mas a direção da Globo me chamou e fui ver no que dava. Não tinha técnica nenhuma, sofri muito, me entreguei de corpo e alma, mas as coisas não andavam. Chegava em casa deprimida. Não faço mais”, disparou.

Mesmo com o fracasso, Fernanda Lima, segundo a reportagem, ganhou a promessa da Globo de que protagonizaria outras novelas, pois a emissora acreditava no seu talento.

Um novo papel de destaque veio, no ano seguinte. Ela foi Maria Bô, um dos principais nomes de Pé na Jaca, outra contestada novela das sete da casa.

Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima

Depois disso, a ex-modelo se afastou da carreira de atriz e voltou a focar na apresentação de programas, área em que acabou se consolidando com destaque.

Entre alguns formatos de sucesso, comandou atrações como Amor & Sexo, Superstar, Popstar e, no momento, apresenta o Bem Juntinhos, no canal GNT, ao lado do marido.

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