Fenômeno da Globo alcançou 100% de audiência, mas não escapou das críticas
23/01/2021 às 10h00
Nos dias de hoje, se uma novela passa da casa dos 30 pontos, o feito chega a ser comemorado, o que é normal em tempos de concorrência com TV paga e internet. Imagine uma trama que foi vista em 100% dos televisores ligados. Isso mesmo. No dia 4 de outubro de 1972, o capítulo 152 da primeira versão de Selva de Pedra, um dos maiores sucessos da história da teledramaturgia brasileira, alcançou a invejável marca: todos os aparelhos do Rio de Janeiro assistiam à TV Globo. Mesmo assim, a trama recebeu críticas pela inverossimilhança.
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No folhetim de Janete Clair, que estreava há exatamente 49 anos, em 23 de janeiro de 1972, após uma série de ações capitaneadas pelos vilões Fernanda (Dina Sfat) e Miro (Carlos Vereza), o protagonista Cristiano Vilhena (Francisco Cuoco) desmascarou, na polícia, seu grande amor (e mocinha da história), Simone Marques (Regina Duarte), que vivia como a artista plástica Rosana desde que sofreu um acidente, simulando a própria morte. O Brasil parou para assistir ao capítulo.
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Naquela época, a medição de audiência pelo Ibope era da seguinte forma: o pesquisador batia de porta em porta e perguntava o que estava sendo assistido. No Rio de Janeiro, de cada cem casas, 77 casas viram o capítulo 152 de Selva de Pedra; as outras 23 estavam com o televisor desligado. Ou seja, a novela foi sintonizada por 100% dos televisores ligados. Todas as outras emissoras deram traço absoluto.
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Críticas
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Mas não pense que uma novela que atinge 100% fica imune a críticas. Muito pelo contrário. A lendária Helena Silveira, crítica da Folha de S. Paulo, detonou a volta de Simone na pele de Rosana na edição de 8 de outubro de 1972 do jornal.
“É absolutamente infantil o retorno de Simone com a identidade de Rosana. A plateia enorme que vinha assistindo à novela parece aturdida com a reviravolta do raconto, com a mudança do estilo. E o telefone de casa não cessa de tocar:
– Helena, quando Cristiano foi acusado de crime e encontrou a morta, não se lembrou de pedir à polícia que verificasse as impressões digitais de Rosana e conferisse com as de Simone?
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– Será que Simone nunca foi a um dentista? Seria tão fácil comparar a arcada dentária da morta com a da viva!
– Ninguém, mas ninguém mesmo, teve um treco ao ver a ressurreição de uma morta e enterrada?
Claro que Janete Clair vai dar um jeitinho. Claro que a verdade virá à tona. Mas as cenas da volta de Simone, nem por isso deixam de ser inverossímeis. E isto é melancólico, pois que a novela tinha uma grande aceitação pelo público e este se sente bastante fraudado”, escreveu a crítica.
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Independentemente da crítica, Selva de Pedra foi um sucesso e ficará marcara para sempre na galeria das grandes produções da televisão brasileira.
Foi produzido um remake da novela em 1986, com Tony Ramos e Fernanda Torres nos papéis principais, mas sem o mesmo sucesso da versão original.