André Santana

Após um hiato de 12 anos, o No Limite, da Globo, retornou no ano passado tentando surfar nesta onda de realities bem sucedidos que acometeu a televisão brasileira no período de pandemia. No entanto, a volta da atração decepcionou quem esperava por um programa mais duro e exigente. Ver ex-BBB’s cercados de regalias numa praia não pareceu bem “viver ‘no limite’”, e o programa sofreu críticas.

No Limite

Neste ano, então, o programa voltou com a promessa de ser “raiz”. Nada de presentinhos, hospedagem em spa ou capa térmica. Desta vez, o perrengue seria real. A nova temporada de No Limite reuniu 24 participantes com potencial e, até aqui, não os tem poupado de dificuldades.

Ainda assim, o reality show está longe de ser um fenômeno. Sua audiência tem girado em torno dos 17 pontos no Kantar Ibope, número abaixo do BBB22, que também não foi considerado um sucesso.

Sucesso do passado

No Limite

Trata-se de um resultado aquém do que já foi o No Limite. Em julho de 2000, quando a primeira edição foi lançada, o reality show foi um verdadeiro fenômeno de audiência nas noites de domingo da Globo. Seus participantes se tornaram celebridades instantâneas da época, e a imprensa disputava a tapa qualquer furo sobre o andamento do jogo.

A primeira temporada de No Limite, então comandada por Zeca Camargo, registrou média de 47 pontos, um excelente resultado para o horário (após o Fantástico). Tamanho sucesso fez a direção da Globo apostar numa nova edição, que estreou em janeiro de 2001. A audiência caiu para 34 pontos, bem abaixo da primeira, mas ainda um bom número.

Porém, a terceira temporada de No Limite já demonstrava que a fórmula enfraqueceu rápido demais. O reality show chegou a registrar parcos 17 pontos diante da concorrência com a primeira edição de Casa dos Artistas, fenômeno do SBT.

Tentativa de retomada

No Limite

Depois disso, No Limite só retornou à programação da Globo em 2009, numa temporada que tentava incorporar alguns elementos do Big Brother Brasil.

Se nas primeiras levas a competição era gravada antecipadamente à exibição e o público não participava diretamente, a quarta edição ocorreu em tempo real e com votação do público. Não foi um sucesso, fechando com 19 pontos de média.

A edição de 2021, portanto, é a quinta temporada de No Limite, que não empolgou, encerrando sua trajetória com 17 pontos. A atual temporada, que é a sexta, prometida como “raiz”, realmente tem entregado mais entretenimento que a anterior, mas a audiência não corresponde.

Ou seja, o fenômeno No Limite que foi visto em 2000 dificilmente se repetirá. Isso porque, há 22 anos, o formato era uma grande novidade.

Mas, atualmente, o público tem uma farta variedade de programas à disposição, sendo que a grande maioria permite um engajamento muito maior. Neste novo contexto, No Limite já não faz sentido. São outros tempos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor