Uma bomba agitou a televisão brasileira nesta sexta (30). Após deixar a TV Globo, no final deste ano, Fausto Silva voltará para a Band, onde trabalhou entre 1986 e 1988, comandando os programas Perdidos na Noite e Safenados e Safadinhos.

A notícia foi confirmada pelos jornalistas Flávio Ricco, do R7, e Daniel Castro, do Notícias da TV, que ainda citaram que Faustão deverá escolher entre um programa semanal dominical, mas às 20 horas, um talk show diário, no fim da noite; ou uma versão 2022 do Perdidos na Noite, que o consagrou nos anos 1980 e selou sua ida para a Globo.

Se Faustão voltar mesmo para a antiga casa em 2022, será mais uma contratação que ficará na história da televisão brasileira.

Lembramos abaixo outras 10 mudanças que agitaram o mercado e são lembradas até hoje, incluindo a própria ida de Fausto para a Globo.

Confira na lista:

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Elenco da TV Rio foi para a TV Excelsior

O poderio financeiro da TV Excelsior era tão grande no início dos anos 1960, bancado pela família Simonsen, que a emissora simplesmente contratou praticamente todo o elenco da concorrente TV Rio de uma hora para outra, incluindo estrelas como Chico Anysio e o diretor Carlos Manga. “Os Srs. Wallace Simonsen e Edson Leite contrataram, com salários até seis vezes maiores do que recebiam, todos os elementos que davam prestígio à TV Rio. O êxodo foi tão grande que o Canal 13 teve dificuldade em manter sua programação no ar, na primeira semana”, escreveu Álvaro de Moya no livro “Gloria in Excelsior”.

Regina Duarte na Globo

Jovem estrela da TV Excelsior, que já estava às portas da falência, Regina Duarte deixou a emissora em 1969, de uma hora para outra, para ingressar na Rede Globo, a convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Endividada e sem receber há quatro meses, ela foi seduzida pelo papel de protagonista da novela Véu de Noiva, primeira trama moderna da emissora. “Eu sabia que os salários da Excelsior estavam atrasados e não tive dúvidas na hora de apelar para isso”, contou Boni em seu livro. A atriz, que no passado deixou a emissora e foi Secretária Especial de Cultura do governo de Jair Bolsonaro, acertou um bom salário, pediu duas passagens de avião semanais de São Paulo para o Rio de Janeiro, e um adiantamento para acertar as contas. Negócio fechado, foi brilhar na Globo, onde se transformou na Namoradinha do Brasil e deu vida a personagens icônicos, como em Selva de Pedra, Malu Mulher e Roque Santeiro.

Os Trapalhões na Globo

Fazendo muito sucesso na TV Tupi desde 1974, a trupe de Os Trapalhões foi contratada pela Globo em 1977. O quarteto, com Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias, assumiu o horário anterior ao Fantástico nas noites de domingo e assim ficou até 1995, já sem os dois últimos, que morreram alguns anos antes. A partir daí, foi criado um verdadeiro império, com filmes de bilheteria milionária e muitos outros produtos, além de uma geração de fãs por todo o Brasil. Aragão deixou a Globo no ano passado.

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Xuxa na Globo

Revelada pela Manchete, onde comandava o Clube da Criança, Xuxa foi para a Globo em 1986, onde comandou, até 1992, o Xou da Xuxa. A Rainha dos Baixinhos construiu um império a partir de sua ida para a emissora, também apresentou atrações como Xuxa Park e Planeta Xuxa, e ficou no canal até 2015, após passar algum tempo na geladeira. Em seguida, assinou com a Record, onde já apresentou um programa que levava seu nome e formatos importados como Dancing Brasil e The Four Brasil. Ela deixou o canal de Edir Macedo recentemente.

Jô Soares no SBT

Em outubro de 1987, Jô Soares se tornou o artista mais bem pago da televisão brasileira ao assinar contrato com o SBT. Para isso, deixou a Globo, onde estava desde o início da década de 1970. Eufórico com a novidade, Silvio Santos chegou a interromper o Noticentro, telejornal do canal na época, para anunciar o feito. Jô foi para o SBT comandar o humorístico Veja o Gordo e finalmente ganharia seu sonhado talk show, o Jô Soares Onze e Meia. Na época, o humorista fechou contrato para ganhar dois milhões de cruzeiros por mês, uma fortuna – três vezes mais do que ele ganhava na Globo, que já não era pouco, além de outras regalias, como levar integrantes de sua equipe, do elenco do Viva o Gordo, que tivesse um alfaiate à disposição, chamadas de seus shows na programação da emissora e passagens de avião. Por um bom tempo, no entanto, Jô entrou na “lista negra” da Globo, que proibiu a exibição de comerciais onde ele aparecia. Ele ficou no SBT até 30 de dezembro de 1999, reestreando na Globo em 2000, de onde saiu em 2016.

Gugu na Globo e de volta ao SBT

Essa é mais uma daquelas histórias incríveis que envolvem Silvio Santos. Seu pupilo, Gugu Liberato, que apresentava, com êxito, o Viva a Noite desde 1982, aceitou proposta da Globo e deixaria o SBT após o término de seu contrato, em março de 1988. No canal da família Marinho, ganharia pelo menos o dobro e seria o dono das tardes de domingo. Mas Silvio descobriu um problema nas cordas vocais em janeiro de 1988, foi aos EUA para tratamento e pensou até em deixar a televisão. Ainda nesse mês, ele procurou Gugu e fez uma proposta irrecusável: contrato de cinco anos, salário mínimo de 50 mil dólares por mês, participação em merchandisings e anúncios, e, principalmente, a divisão dos programas dominicais com o patrão. No entanto, sua estreia na Globo já estava agendada, o cenário já havia sido feito e pilotos tinham sido gravados. O próprio Silvio tomou um avião e foi, junto com Gugu, tratar a liberação pessoalmente com Roberto Marinho. “Silvio, nossos advogados ganham bem o suficiente para cuidar dessas questões contratuais”, disse o dono da Globo. Negócio fechado, Gugu ficou no SBT até 2009, fazendo muito sucesso com o Domingo Legal nos anos 1990 e início dos anos 2000. O apresentador nos deixou em 2019.

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Faustão na Globo

Como perdeu Gugu, a Globo tinha que arrumar outro nome para suas tardes de domingo. Ela resolveu o problema contratando, também a peso de ouro, Fausto Silva, que comandava o Perdidos na Noite e o Safenados e Safadinhos na Band. A negociação começou no meio de 1988. Faustão cumpriu seu contrato com o canal dos Saad até o final desse ano e rumou para a Globo, onde estreou o Domingão do Faustão em março de 1989. Na emissora, passou a ganhar 3 milhões de cruzados por mês – para se ter uma ideia, o salário mínimo era pouco mais de 10 mil cruzados. Pelo visto, agora vai fazer o caminho de volta.

Ratinho no SBT

Estrela da Record, vencendo até a Globo em pleno horário nobre com o Ratinho Livre, Carlos Massa aceitou a proposta do SBT e seguiu para o canal de Silvio Santos em 1998, onde logo estreou e continuou sua trajetória de sucesso. Mas a emissora de Edir Macedo não aceitou a saída numa boa e cobrou uma multa pela rescisão de contrato de R$ 44 milhões do apresentador, colocando até um comunicado durante sua programação para denunciar os fatos. Um ano depois, em setembro de 1999, Record e SBT se acertaram – Silvio Santos pagou R$ 14 milhões, à vista, e ainda perdoou a multa que a Record teria que pagar por levar Eliana, um ano antes. Ratinho está no SBT até hoje.

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Pacotão da Globo

Com uma grade engessada e sem revelar novos apresentadores, a Globo atacou a concorrência em 1999. Em apenas seis meses, a emissora abriu os cofres e contratou Ana Maria Braga, que comandava o Note e Anote e um programa que levava seu nome, na Record; Luciano Huck, que alcançava bons índices com H, na Band; e Jô Soares e Serginho Groisman, ambos do SBT, onde apresentavam, respectivamente, o Jô Soares Onze e Meia e o Programa Livre. Dos quatro, somente Jô não está mais no ar.

Pacotão da Record

Alguns anos depois, em 2004, foi a vez da Record fazer uma pacotão e tirar muitos nomes da Globo. Adotando o slogan “A Caminho da Liderança” e conseguindo expressivos resultados, a emissora contratou nomes como Tom Cavalcante, Márcio Garcia e Celso Freitas, além de diversos atores e atrizes, que fizeram novelas de êxito, como A Escrava Isaura, ainda em 2004, e Prova de Amor, no ano seguinte. A liderança, no entanto, não veio, o projeto perdeu fôlego e, nos dias de hoje, a Record briga com o SBT pela vice-liderança.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor