Morte de famoso ator da Globo gerou dúvida que mexeu com o Brasil
23/11/2021 às 1h00
Uma das lendas mais famosas da década de 1970 envolveu a morte do ator Sérgio Cardoso. Um dos grandes nomes do teatro e da televisão brasileira nos anos 1950 e 1960, ele morreu decorrente de um ataque cardíaco no dia 18 de agosto de 1972, no Rio de Janeiro (RJ), aos 47 anos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A morte do ator comoveu todo o Brasil. Mais de 15 mil pessoas, de acordo com reportagens da época, compareceram ao enterro no cemitério São João Batista.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Pouco tempo depois, surgiu um boato, repercutido em toda a mídia brasileira, de que o ator sofria de catalepsia, uma doença rara que deixa os membros rígidos por horas, como se a pessoa estivesse morta. Por causa da doença, Sérgio Cardoso teria sido enterrado vivo.
A história dizia que a família teria pedido que o corpo fosse desenterrado para uma exumação. Ao abrir o caixão, Sérgio Cardoso estaria virado de bruços, com arranhões no rosto. O fato sempre foi negado pelos familiares do ator.
LEIA TAMBÉM:
● Após lutar contra câncer, ex-apresentadora do Jornal da Manchete morre aos 65 anos
● Artista de Toma Lá, Dá Cá se recusou a tratar câncer: “Estado terminal”
● Após ser resgatado pela Praça, humorista perdeu luta contra a Aids
Durante muitos anos a lenda foi contada, com diferentes versões, causando medo principalmente em familiares de pessoas vítimas de ataques cardíacos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em novembro de 1979, o assunto voltou à tona após a entrevista do tabelião Manoel Olegário da Costa ao Fantástico, dizendo ser amigo de Cardoso.
Em um dos encontros, o ator teria demonstrado, com clareza, o pavor de ser enterrado vivo. “Ele disse realmente que tinha medo que isso pudesse acontecer”, comentou.
“Não é verdade”
A atriz Nydia Licia, que foi casada com o Sérgio Cardoso durante 10 anos, falou pela primeira vez sobre o assunto na mesma reportagem do Fantástico. Ela afirmou que o assunto causava muito sofrimento à família e que o ator nunca havia comentado sobre esse pavor.
“Ele nunca teve catalepsia, certeza absoluta. Não somente jamais manifestou algum sintoma de doença nervosa no período que tivemos casado, nem depois. O povo pode comentar, mas não é verdade”, disse.
Licia (na foto acima, com Cardoso) também disse que não conhecia Costa. “Não conheço esse senhor, não sei se Sérgio o procurou ou se foi uma conversa informal, mas o fato de ter dito na conversa que tinha medo de ser enterrado vivo não quer dizer absolutamente nada”, salientou.
Segundo a atriz, o boato surgiu logo após a morte de Sérgio Cardoso. “Uma pessoa que ninguém conhece procurou um jornal de Manaus, dizendo que Sérgio havia sido enterrado vivo e que a família teria pedido exumação do cadáver. Imediatamente a notícia correu o Brasil inteiro”, declarou.
Ela afirmou, categoricamente, que o caixão nunca foi aberto.
“Nunca precisou, de maneira alguma, não tem porque. Sérgio faleceu no dia 18 de agosto de 1972 e ponto final. Ninguém tem dúvida, nem os médicos, nem a família. O resto do público eu espero que não tenha mais”, disparou.
Carreira
Sérgio Cardoso nasceu em Belém (PA) no dia 15 de março de 1925. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro e sonhava ser diplomata, mas quando conheceu o Teatro Universitário do Rio de Janeiro decidiu seguir a carreira de ator.
Além de diversos papeis marcantes no teatro, Cardoso fez muito sucesso na novela Antônio Maria, da Rede Tupi, em 1968. Na Globo, protagonizou A Cabana do Pai Tomás, em 1969, Pigmalião 70, em 1970 e A Próxima Atração, em 1971.
Quando morreu, vivia o professor viúvo Luciano em O Primeiro Amor, novela das sete da Rede Globo – faltavam apenas 28 capítulos para o desfecho da trama. Ele teve que ser substituído por Leonardo Villar, que entrou em cena após um texto lido por Paulo José.