Muitas figuras fizeram parte da história do humor da nossa TV, especialmente ao arrancar risadas e, mais ainda, ao criar um laço quase afetivo entre o artista e os telespectadores ao longo dos anos. Um desses artistas foi Walter D’Ávila, um dos principais alunos da Escolinha do Professor Raimundo, comandada por Chico Anysio.

Natural de Porto Alegre (RS), Walter começou a sua carreira no início da década de 1930, quando aceitou trabalhar na Rádio Sociedade que ficava em sua cidade natal. A consagração veio em programas de TV que marcaram época…

Talento para o humor

Walter D’Ávila

Anos depois, D’Ávila mudou-se para o Rio de Janeiro e demonstrou todo o seu talento para o humor na capital do país daquela época. Com seu jeito sério e, ao mesmo tempo, engraçado, ele se tornou um dos destaques do cinema nos anos 1940 em filmes de sucesso, como O Ébrio (1946), Caídos do Céu (1946) e Um Beijo Roubado (1950), entre outros longas.

Tudo isso foi a ponte para que o ator fosse para a TV… Sua estreia no veículo aconteceu na extinta TV Rio em 1957. O seu primeiro personagem de sucesso foi o Seu Obturado, um homem que ouvia piadas e demorava um bom tempo para entender o significado delas. Ele alcançou maior fama com outro personagem e em outra emissora.

No final da década de 1950, Manoel de Nóbrega criou a Praça da Alegria, um verdadeiro clássico que até hoje permanece no ar, com Carlos Alberto de Nóbrega à frente da atual Praça é Nossa.

A alegria da Praça

Walter D’Ávila

Walter D’Ávila foi contratado para fazer parte do humorístico e criou Seu Sinfrônio, um homem que adorava livros, porém lia tudo errado, trocando letras e acentuações. O sucesso foi tanto que o comediante se tornou um dos destaques da atração e principalmente do humor brasileiro.

Contratado pela Globo, Walter esteve presente em vários programas de sucesso da emissora, como Viva o Gordo (1981), Balança, Mas Não Cai (1982), Humor Livre (1984) e Chico Anysio Show (1988), entre outros.

Ele também fez parte do elenco da novela Feijão Maravilha (1979), vivendo Scarface, um atirador de elite bem atrapalhado e que gostava de filmes de gângsteres. A trama reverenciava os estúdios de cinema Atlântida, no qual ele brilhou em muitos filmes.

Seu Baltazar da Rocha

Walter D’Ávila

Na Escolinha do Professor Raimundo (1990), D’Ávila viveu um dos melhores momentos de sua carreira. Seu Baltazar da Rocha, personagem criado na década de 1950 na Rádio Nacional, era amado pelo público, que ficava esperando o momento final do programa. Chico Anysio, amigo de Walter, deixava o encerramento com ele como homenagem e em respeito ao profissional.

Em 1996, Chico Anysio voltaria a ter um programa com os seus famosos personagens – Chico Total, uma das novidades da Globo para aquele ano. O comediante enviou um telegrama para Walter, a fim de convidá-lo para atuar em sua atração, mas não houve tempo para a resposta…

Walter D’Ávila morreu no dia 19 de abril de 1996, aos 82 anos, depois de lutar contra um câncer generalizado, como ressaltou a Folha de S.Paulo, que se espalhou por boa parte do corpo. Chico fez uma homenagem ao seu amigo, revelando que tinha criado um personagem para ele, mas que nada iria ao ar, pois só o Walter poderia interpretar.

Em uma entrevista ao Vídeo Show nos anos 1990, Walter mostrou que, para ele, ser alegre era uma arte:

“Rir, mesmo que a vida não esteja muito fácil, é uma necessidade do ser humano”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor