Que A Força do Querer fez muito sucesso em sua exibição original, ninguém discute. Como eu não tenho bola de cristal, é impossível afirmar se a baixa audiência da edição especial vai continuar ou se a reprise virará um fenômeno, principalmente com a aceleração promovida pela Globo, que pretende chegar na principal fase da trama o quanto antes.

Mas, como muita gente alertou antes do retorno, podemos cravar que foi um erro escolher A Força do Querer para essa reprise forçada por conta da pandemia do novo coronavírus. A trama de Glória Perez é muito recente e ainda está fresca na cabeça dos telespectadores.

Por mais que tenha bobagens em seu enredo, Fina Estampa também fez sucesso na exibição original, mas isso foi há quase 10 anos. Trata-se de muito tempo, ainda mais que a obra de Aguinaldo Silva não entrou para a história da televisão brasileira e muita gente nem se lembrava de sua existência.

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Se quisesse ficar nas produções em alta definição, a Globo teria opções como A Favorita, que inexplicavelmente nunca foi reprisada e muitos já achavam que deveria ter sido a escolhida no lugar de Fina Estampa, e Amor à Vida, que era a favorita para voltar agora. Um pouco mais atrás, podemos citar Insensato Coração, Passione e, até mesmo, Salve Jorge, valendo-se do critério da trama reprisada há pouco.

Provavelmente essas novelas chamariam mais atenção, seja pela memória afetiva ou pela curiosidade, já que a mais recente da lista seria Amor à Vida, de 2013.

Como sou da turma da nostalgia, desde a escolha de Fina Estampa venho dizendo que a Globo poderia ter feito história mais uma vez.

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Sem entrar no mérito de questões técnicas, de direitos autorais ou de mudanças ocorridas na sociedade, basta observar o sucesso das reprises do canal Viva para imaginar que a reprise de uma novela memorável, como O Rei do Gado, A Próxima Vítima, Vale Tudo ou Tieta teria muito êxito.

Até mesmo Laços de Família, que foi cogitada para a faixa das nove e acabou voltando no Vale a Pena Ver de Novo, poderia se dar bem. Novas gerações conheceriam essas tramas, muitos veriam para relembrar e a repercussão estaria garantida.

Mas isso é apenas um sonho, praticamente impossível de acontecer. No entanto, não posso deixar de registrar: faltou ousadia para a Rede Globo.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor