Muitos programas infantis marcaram a vida de milhões de crianças que hoje são adultas. Uma dessas atrações foi Castelo Rá-Tim-Bum, exibida pela TV Cultura nos anos 1990. Personagens como Nino (Cássio Scapin), Pedro (Luciano Amaral) e Biba (Cinthya Rachel) conquistaram o público.

Mas o mais novo da turma, o Zequinha, interpretado por Fredy Allan, era o xodó do grupo e divertia as crianças com sua curiosidade que tirava todo mundo do sério e acabou resultando no bordão: “Porque sim, Zequinha!”.

Fredy começou sua carreira com apenas sete anos de idade, ao participar da peça A Fuga do Planeta Kiltran. Com a sua atuação, acabou vencendo o Prêmio APETESP como ator revelação.

O trabalho que lhe rendeu prêmio chamou a atenção do diretor Cao Hamburger, que convidou o garoto para fazer um teste para um novo programa infantil da TV Cultura. Foi assim que Fredy se tornou o Zequinha do Castelo Rá-Tim-Bum.

Depois do fim do programa infantil, em 1997, Fredy fez uma participação no Você Decide (1997), esteve na minissérie Direito de Vencer (1997), da Record, no infantil Vila Esperança (1998) e no quadro Retrato Falado (2000), do Fantástico, seu último trabalho na TV até o momento.

O ator se mantém focado no teatro e trabalhando ao lado de grandes figuras, como Zé Celso Martinez Corrêa. Além de atuar, também dirige e escreve peças.

Demora para aceitar o personagem

Castelo Rá-Tim-Bum

Para Allan, demorou muito para que ele entendesse o sucesso do personagem Zequinha e o impacto que causou na vida das pessoas.

“Demorei muito tempo para entender e aceitar o Zequinha. Comecei a fazer teatro aos sete anos, aos nove fui para o elenco do Castelo Ra-Tim-Bum e o programa virou um grande sucesso, então era reconhecido nas ruas. Depois, quando acabou, voltei para o teatro e as pessoas me cobravam ‘quando você volta para a TV?’ e comecei a ficar meio bravo com isso. O Zequinha era mais um dos personagens que eu já tinha feito e parecia que as pessoas não tinham interesse real no que eu fazia. Isso me atormentou muito na minha adolescência e, de certa forma, me impulsionou ainda mais a fazer teatro”, disse em entrevista a Marie Claire em 2020.

Processo contra a TV Cultura

Em 2013, o ator processou a Fundação Padre Anchieta, proprietária da TV Cultura, e reivindicou a parte dos lucros da venda de produtos licenciados do programa. O processo foi movido pela Justiça do Trabalho e ainda prossegue.

Em setembro de 2020, durante o pior momento da pandemia de Covid-19, o ator foi às redes sociais pedir ajuda por conta da paralisação do setor cultural.

“Queridos apoiadores! Terei que sair de casa e gostaria muito de conseguir pagar a dívida que aqui ficará! Com a pandemia, todos os meus trabalhos pararam e, embora esteja correndo contra o tempo para criar novos projetos ou adaptar os que já caminhavam, sei que não passo por essa situação sozinho; muitos artistas, de todas as áreas do teatro, também estão enfrentando situações bem parecidas”, escreveu o ator, que conseguiu arrecadar a verba com ajuda de fãs e amigos.

Pai de Adoniran, de nove anos, Fredy Allan mostra todo o seu talento no teatro. Seu trabalho mais recente foi na peça Esta é Minha Banana!, que contou com a participação de Pascoal da Conceição, o Senhor Abobrinha do Castelo Rá-Tim-Bum.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor