Mesmo que os tempos de hegemonia absoluta tenham ficado para trás, a Globo ainda é a maior emissora do Brasil e líder de audiência, bem à frente de suas concorrentes. No entanto, nem sempre foi assim.

Quando a Globo surgiu, Tupi e Excelsior eram grandes potências. A emissora de Roberto Marinho, então, precisou arregaçar as mangas para rivalizar com elas.

Já nos anos 1980, a Manchete surgiu cheia de vontade de disputar ponto a ponto com a Globo.

Porém, as três emissoras tiveram um triste fim. Relembre:

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Excelsior

Inaugurada no dia 9 de julho de 1960 em São Paulo, e no dia 1 de setembro de 1963 no Rio de Janeiro, a Excelsior pertencia ao Grupo Simonsen de Mário Wallace Simonsen. Quando o canal entrou no ar, a TV Tupi era a principal emissora do país.

A Excelsior logo demonstrou seu poder de fogo, fazendo frente à Tupi e reunindo um grande grupo de artistas e investindo numa programação variada, que logo conquistou o público. Nomes como Moacyr Franco, Renato Aragão, Dedé Santana e Bibi Ferreira, entre tantos outros, passaram por ali. Ivani Ribeiro, uma das principais autoras de novelas do país, escreveu inúmeros folhetins no canal.

A emissora foi a primeira televisão brasileira a se utilizar tanto da programação horizontal, na qual a mesma atração é exibida no mesmo horário todos os dias, como da programação vertical, na qual a atração que sucede a anterior visa manter o público desta por afinidade de conteúdo. Esquema adotado pela Globo até hoje, diga-se.

Mas a Excelsior sucumbiu diante de inúmeras crises por conta de golpes, má-administração, impostos e perda de investimentos em programas por conta da censura. No início de 1970, a Excelsior estava completamente esgotada, sem patrocinadores, e com vários problemas internos. Mergulhado em dívidas, o canal saiu do ar em 30 de setembro de 1970.

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Tupi

Primeira emissora de televisão do Brasil, a Tupi pertencia aos Diários Associados de Assis Chateaubriand e entrou no ar em 18 de setembro de 1950. Foi no canal, que ficou no ar por 30 anos, que surgiram os pioneiros da TV brasileira.

No entanto, assim como a Excelsior, a Tupi sucumbiu diante de uma grave crise financeira. Em 17 de julho de 1980, o então presidente João Figueiredo (1918-1999) assinou um decreto declarando peremptas, ou seja, não mais renováveis, sete das nove emissoras da Rede Tupi.

“Com a decisão adotada pelo governo, perdem sentido as negociações que vinham sendo feitas para a compra da rede. Agora, os interessados deverão esperar a licitação dos canais retomados através do decreto presidencial”, dizia a matéria do Jornal do Brasil de 17 de julho daquele ano.

No ano seguinte, o governo organizou dois pacotes com os canais inativos e os entregou a Silvio Santos, que deu início ao SBT, e a Adolpho Bloch (1908-1995), que inaugurou a TV Manchete.

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Manchete

Depois disso, enquanto o SBT seguiu uma linha popular, a Manchete tentou emplacar uma programação mais qualificada. A proposta chamou a atenção do público e logo a TV de Adolpho Bloch disse a que veio.

Em seu primeiro ano, a emissora conquistou a liderança de audiência ao transmitir o carnaval do Rio de Janeiro. Mais adiante, apostas como Pantanal (1990) abalaram as estruturas da Globo.

Porém, a má administração levou a Manchete a uma grande crise financeira. Por isso, a emissora teve um final melancólico: em seus últimos meses no ar, a emissora dava traço no Ibope e tinha uma programação entregue a televendas e reprises.

A emissora chegou ao fim em maio de 1999, com altas dívidas. O montante devedor da estação entre fornecedores, bancos e funcionários, superava o seu patrimônio. Em seu lugar, entrou a RedeTV!, que lançou sua programação em novembro de 1999.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor