Na história do Brasil muitos bancos surgiram, cresceram e ainda estão na praça. Mas outros quebraram, foram vendidos e até liquidados pelo governo.
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Quando isso ocorre, quem se prejudica são os funcionários, que perdem o emprego, e os clientes, que deixaram o seu dinheiro guardado e rendendo. Grandes nomes da Globo, como Tony Ramos (foto acima) e Susana Vieira, foram à Justiça atrás de suas economias após a quebra de uma grande instituição financeira.
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O banco baiano
Um dos bancos mais antigos do Brasil foi o Econômico, fundado na Bahia em 1834 com o nome Caixa Econômica da Bahia. Ao longo das décadas ele foi crescendo e ganhando participação em todo o território brasileiro.
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No início dos anos 1990, a instituição financeira passava por dificuldades – empresas privadas, o Banco do Estado da Bahia e o Proer tentaram salvar o banco, mas sem sucesso. Em 1995 o Banco Central fez uma intervenção e o Econômico foi fechado. Segundo técnicos do BC, a contabilidade sofria maquiagem, além de desvio de recursos.
O Econômico contava com mais de 900 mil clientes, entre eles grandes nomes do elenco da Globo, que passaram a lutar pelo direito de ter o dinheiro que estava guardado de volta.
Diretores, roteiristas e atores e recebiam o salário na agência que ficava no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Sem poderem sacar, eles buscavam uma audiência com o então presidente da república Fernando Henrique Cardoso.
“Para cada um, a quantia varia de R$ 5.000 a R$ 200 mil. Eu tinha uma poupança de mais de 20 anos. Recebi uma carta mal-educada do banco, dizendo que estava devendo R$ 132,00. Eles ficam com meu dinheiro e dizem que eu é que sou devedor”, contou o roteirista Geraldinho Carneiro à Folha de S. Paulo, em 8 de novembro de 1995.
“Mais do que o dinheiro, o que irrita é o descaso”
Além de Carneiro, Dias Gomes, Herval Rossano, Tony Ramos, Eva Wilma e Francisco Cuoco foram atrás de uma conversa com FHC para que todo o dinheiro retido fosse liberado para os correntistas. A bronca era o fato de ninguém ter sido avisado da intervenção.
“O governo sabia do endividamento do banco e não avisou. Permitiu propagandas do Econômico, até que o banco quebrou. Mais do que o dinheiro, o que irrita é o descaso”, falou Dias Gomes.
A lista que reivindicava o direito de reaver o dinheiro retido era grande e contava com nomes consagrados da Globo: Marieta Severo, Paulo José, Zezé Polessa, Maria Zilda Bethlem, Andréa Beltrão, Lima Duarte, Susana Vieira, Guilherme Karam, Pedro Paulo Rangel, Cissa Guimarães, Hugo Carvana, Guel Arraes, Paulo Ubiratan, entre outros.
Grana liberada
Em novembro de 1995, o juiz da 24ª Vara Federal no Rio, Lafredo Lisboa, concedeu uma liminar favorável aos funcionários da Globo para que eles pudessem reaver o dinheiro preso no Banco Econômico. Para o grupo, foi um grande alívio ter os valores de volta.
“No banco estão as minhas economias destes últimos 15 anos. Não podemos nos calar, apelar para a Justiça é a única coisa que nos resta como cidadãos”, desabafou Eva Wilma à Folha de S. Paulo, em 22 de novembro de 1995.
Já Hugo Carvana afirmou que, no Brasil, os banqueiros não se dão mal, e sim apenas os funcionários e clientes.
“Nos EUA, isso teria dado cadeia para os donos do banco. Não vamos financiar os estelionatários”, pontuou o ator e diretor.
Parte do Econômico foi vendida ao Banco Excel, que se tornou Excel-Econômico. Bilbao Vizcaya Argentaria e Bradesco assumiram parte da venda. Quase 30 anos depois, muitos processos ainda correm na Justiça.