Na história do Brasil muitos bancos surgiram, cresceram e ainda estão na praça. Mas outros quebraram, foram vendidos e até liquidados pelo governo.

Tony Ramos como Antônio La Selva em Terra e Paixão
Tony Ramos como Antônio La Selva em Terra e Paixão (reprodução/Globo)

Quando isso ocorre, quem se prejudica são os funcionários, que perdem o emprego, e os clientes, que deixaram o seu dinheiro guardado e rendendo. Grandes nomes da Globo, como Tony Ramos (foto acima) e Susana Vieira, foram à Justiça atrás de suas economias após a quebra de uma grande instituição financeira.

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O banco baiano

Banco Econômico
Banco Econômico (IBGE)

Um dos bancos mais antigos do Brasil foi o Econômico, fundado na Bahia em 1834 com o nome Caixa Econômica da Bahia. Ao longo das décadas ele foi crescendo e ganhando participação em todo o território brasileiro.

No início dos anos 1990, a instituição financeira passava por dificuldades – empresas privadas, o Banco do Estado da Bahia e o Proer tentaram salvar o banco, mas sem sucesso. Em 1995 o Banco Central fez uma intervenção e o Econômico foi fechado. Segundo técnicos do BC, a contabilidade sofria maquiagem, além de desvio de recursos.

O Econômico contava com mais de 900 mil clientes, entre eles grandes nomes do elenco da Globo, que passaram a lutar pelo direito de ter o dinheiro que estava guardado de volta.

Diretores, roteiristas e atores e recebiam o salário na agência que ficava no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Sem poderem sacar, eles buscavam uma audiência com o então presidente da república Fernando Henrique Cardoso.

“Para cada um, a quantia varia de R$ 5.000 a R$ 200 mil. Eu tinha uma poupança de mais de 20 anos. Recebi uma carta mal-educada do banco, dizendo que estava devendo R$ 132,00. Eles ficam com meu dinheiro e dizem que eu é que sou devedor”, contou o roteirista Geraldinho Carneiro à Folha de S. Paulo, em 8 de novembro de 1995.

“Mais do que o dinheiro, o que irrita é o descaso”

Marieta Severo e Andrea Beltrão
Marieta Severo e Andrea Beltrão (divulgação)

Além de Carneiro, Dias Gomes, Herval Rossano, Tony Ramos, Eva Wilma e Francisco Cuoco foram atrás de uma conversa com FHC para que todo o dinheiro retido fosse liberado para os correntistas. A bronca era o fato de ninguém ter sido avisado da intervenção.

“O governo sabia do endividamento do banco e não avisou. Permitiu propagandas do Econômico, até que o banco quebrou. Mais do que o dinheiro, o que irrita é o descaso”, falou Dias Gomes.

A lista que reivindicava o direito de reaver o dinheiro retido era grande e contava com nomes consagrados da Globo: Marieta Severo, Paulo José, Zezé Polessa, Maria Zilda Bethlem, Andréa Beltrão, Lima Duarte, Susana Vieira, Guilherme Karam, Pedro Paulo Rangel, Cissa Guimarães, Hugo Carvana, Guel Arraes, Paulo Ubiratan, entre outros.

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Grana liberada

Hugo Carvana
O ator Hugo Carvana (Divulgação)

Em novembro de 1995, o juiz da 24ª Vara Federal no Rio, Lafredo Lisboa, concedeu uma liminar favorável aos funcionários da Globo para que eles pudessem reaver o dinheiro preso no Banco Econômico. Para o grupo, foi um grande alívio ter os valores de volta.

“No banco estão as minhas economias destes últimos 15 anos. Não podemos nos calar, apelar para a Justiça é a única coisa que nos resta como cidadãos”, desabafou Eva Wilma à Folha de S. Paulo, em 22 de novembro de 1995.

Já Hugo Carvana afirmou que, no Brasil, os banqueiros não se dão mal, e sim apenas os funcionários e clientes.

“Nos EUA, isso teria dado cadeia para os donos do banco. Não vamos financiar os estelionatários”, pontuou o ator e diretor.

Parte do Econômico foi vendida ao Banco Excel, que se tornou Excel-Econômico. Bilbao Vizcaya Argentaria e Bradesco assumiram parte da venda. Quase 30 anos depois, muitos processos ainda correm na Justiça.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor