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Depois de muita ansiedade (mais da emissora do que do público), Pantanal está pronta para estrear – próxima segunda-feira, 28.
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A expectativa gerada pela Globo aumenta ainda mais a responsabilidade de visitar uma obra considerada um dos maiores clássicos da teledramaturgia nacional. O público entende isso e cobrará.
“A ideia é que a essência, a dramaturgia, permaneça a mesma, porque é uma obra-prima. Essa é a grande dificuldade do texto, respeitar esse clássico e reinterpretá-lo trinta anos depois”, afirmou, na coletiva de imprensa, Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa e responsável pelo texto da nova produção.
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Frosô
Temas como homofobia, presente na novela de trinta anos atrás, terão o tratamento apropriado ao que se espera na atualidade. “Esta é uma nova versão, à luz do nosso tempo, dos dias de hoje“, disse Luperi.
Jove, rapaz da cidade grande, era tratado como “frosô” pelos peões, por seu comportamento pouco masculino aos olhos dos nativos do Pantanal. Como este é um dos pilares do personagem, provavelmente será mantido, afinal, Jove nem era homossexual.
Porém, o mordomo afeminado Zaqueu, vítima de chacota e bullying em 1990, terá uma posição mais impositiva e construtiva. O personagem será interpretado por Silvero Pereira.
“Alguns assuntos que passaram, que dataram, não fazem mais sentido, são reorganizados. Alguns comportamentos que mudaram também, caminham com o tempo”, completou Luperi.
O machismo de Tenório, que deprecia a mulher chamando-a de “Maria Bruaca”, também permanecerá, porque esta é uma característica do personagem e de sua trama e serve para levantar a discussão do machismo e da violência doméstica.
Contudo, espera-se que a nova Pantanal não seja “panfletária”, mas que as abordagens fluam organicamente, a serviço da dramaturgia.
Grito da Natureza
Se for para fazer panfletagem (expressão ruim, eu sei!), que seja pela defesa da Natureza, como foi a proposta da versão original.
O Pantanal da novela da Manchete não é mais o mesmo. Quando a Globo anunciou que faria o remake, fez-se piada com o fato de pouco ter restado da exuberância natural daquelas locações. Bruno Luperi salienta que o olhar agora é outro:
“Estamos na mesma fazenda, o cenário principal [de 1990], então a paisagem é muito próxima. Mas o efeito do tempo, desses trinta anos – e vai dar para perceber -, estão presentes na obra”.
“A natureza ainda fala muito alto, são muitos gritos, muitos bichos, a temperatura é diferente. (…) Essa relação, do homem com a natureza, ficou mais sensível, mais intensa, e o Pantanal grita cada vez mais alto porque o homem chegou mais próximo do que estava trinta anos atrás”.
Conhecemos a saga dos personagens de Benedito Ruy Barbosa e sabemos que Pantanal é um folhetim cativante, bem armado e desenvolvido.
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Porém, trata-se, acima de tudo, de uma história forte, poderosa, rica, vivida por personagens intensos, de várias camadas, amparada em um tributo à natureza.
A proposta da nova versão de recontar essa história “à luz do nosso tempo” (como disse Luperi) estende-se à luz do Pantanal de hoje.
“O Pantanal é o protagonista e o fio condutor da história. Acho que é essa é a grande importância: poder repetir esse alerta com o esteio de uma outra novela”, finalizou Bruno Luperi.