Êxito da teledramaturgia da Record TV depende do fim de vínculo com a Igreja Universal

A informação é da jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo: a Record TV vai dar início, nos próximos dias, às gravações de A Vida de Jesus, sua próxima trama bíblica. Escrita a toque de caixa por Paula Richard – de O Rico e Lázaro (2016) -, ‘Jesus’ substituirá Apocalipse, encurtada em cerca de 60 capítulos em razão de sua parca audiência.

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O folhetim, que soava promissor, amarga o índice mais baixo da faixa bíblica até o momento. No acumulado das médias da semana passada (25 a 30 de dezembro), perdeu nas casas decimais para Ribeirão do Tempo, em reprise às 15h: 6,08 x 5,96. Um feito e tanto para a trama de Marcílio Moraes, no ar originalmente em 2010. Mais um vexame para a coleção de Apocalipse.

Da estreia até aqui, muito se falou sobre o enredo da novela em exibição às 20h45: de um tsunami sem propósito no primeiro capítulo ao sacerdote – com toda pinta de católico – que usa seu mau-caratismo na busca pelo poder supremo. As intervenções da Igreja Universal, representada por Cristiane Cardoso (filha de Edir Macedo), teriam, inclusive, melindrado a autora, Vivian de Oliveira.

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Dramaturgia rasa, corroída pelo discurso impetrado na narrativa pela igreja, Apocalipse deve sair de cena com cerca de 60 capítulos a menos do que o previsto inicialmente. E escancarando a perigosa intervenção da Universal nos estúdios da Record TV. Uma forma – tão maléfica quanto a do sacerdote da ficção – de arrebanhar fiéis. A sana pela supremacia religiosa matou o folhetim.

Como se vê, a busca pela recuperação dos bons números de Os Dez Mandamentos (2015) e A Terra Prometida (2016) promete. Abdica-se do enredo inicialmente proposto – Genesis, sobre a criação do mundo – para apostar na saga de Cristo, exitosa em inúmeros longas-metragens; inclui-se aí até mesmo o exaustivamente reprisado pela emissora no dia de Natal, Jesus de Nazaré.

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É uma opção, clara, pelos heróis bíblicos – como Moisés (Guilherme Winter), de ‘Mandamentos’, e Josué (Sidney Sampaio), de ‘Terra’ -; logo no maior deles! Fato é que conceber uma sinopse às pressas, implantar uma produção onerosa como deve ser A Vida de Jesus e escolher um elenco que não limite a atuação à uma única (e insipida) expressão facial não é tarefa fácil.

O texto de Paula Richard é de boa qualidade; Edgar Miranda, escalado para a direção geral, é competentíssimo. Mas do que adiantará trocar o fim do mundo pela glória se a teledramaturgia seguir a serviço da Universal? Afastar qualquer interferência de bispos e afins é o primeiro passo para uma retomada eficaz. Caso contrário, é melhor usar os estúdios para abrir mais uma filial da igreja.

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