Com 26 anos de história dentro do jornalismo do SBT, Hermano Henning certamente é, atualmente, o maior baluarte do segmento dentro do canal de Silvio Santos. Viveu várias fases da emissora, algumas com muito investimento, como em 1997 e 2005, e outras com poucos recursos, como em 2003, quando fazia o Jornal do SBT de forma escondida nas madrugadas.


HERMANO HENNING (DIVULGAÇÃO/SBT)

Nos últimos tempos, fez o SBT Manhã das 4h às 6h e obrigou a Globo a criar um novo jornal, o Hora 1, devido à boa audiência. Em 2016, estava no Jornal do SBT, quando acabou recebendo a informação de que o telejornal iria acabar.

Muitas especulações surgiram, inclusive a notícia de que ele de fato teria saído do jornalismo do SBT. Mas nesta primeira entrevista desde que os fatos aconteceram, dada com exclusividade ao TV História, Hermano ainda não se considera fora da emissora.

Ele negocia a exibição do Horse Brasil, programa sobre cavalos que comanda há 10 anos e é exibido no Canal Rural, com muito sucesso – Hermano é apaixonado pelo segmento.

“Na realidade, eu ainda não saí do SBT. A gente está negociando. Foi uma proposta que fiz de realizar um programa semanal, sobre cavalos. E o programa estando na grade, eu me considero parte do SBT”, afirmou.


HORSE BRASIL (REPRODUÇÃO/YOUTUBE)

Na entrevista, Hermano fala também da vida, da carreira, do amor pelos cavalos, de seu filho André Henning, narrador do Esporte Interativo, de coisas que assiste que não são do jornalismo, além da extinção do Jornal do SBT. “Quanto eu tive a informação de que o jornal iria sair do ar no fim do ano passado, nos últimos dias, foi um trauma. Mas vai passar”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra:

TV História – Hermano, inevitavelmente vou começar perguntando sobre essa saída do SBT. São 26 anos de casa, sendo um dos nomes principais do jornalismo… Como você viu essa saída do SBT e qual o panorama que você faz desse tempo de emissora?

Hermano Henning – Em todos os sentidos, foi boa. Na realidade, eu não saí do SBT ainda…

Você ainda não saiu ainda?

É, isso. A gente ainda está negociando. Foi uma proposta que eu fiz, de realizar um programa semanal, sobre cavalos.

Nos moldes do Horse Brasil, que você faz no Canal Rural, certo?

Exatamente, o Horse Brasil. E estando na grade do SBT o programa, eu me considero contratado, como estive por todos estes anos.

Falando da sua carreira na casa então… Foi longa, certo?

Sim, eu comecei no SBT em coberturas internacionais, em 1990. Eu vinha da Globo na época e cobri a Copa do Mundo da Itália já no SBT. Em seguida, fiz uma temporada como correspondente nos Estados Unidos, em Washington, depois em Nova York. Numa pequena pausa, voltei para a Globo, mas quando retornei ao Brasil, em 1996, voltei para o SBT, para fazer o SBT Repórter. Foi praticamente uma vida vestindo uma camisa, e me sinto profundamente ligado à rede do Silvio Santos. Tenho bons amigos, companheiros excelentes. Nunca, durante todos esses anos, me senti diminuído, cobrado… Foi dentro daquilo que eu fiz na televisão, como jornalista, uma grande escola. Eu devo isso à Globo, que foi minha grande escola na televisão, que foi o meu bê-á-bá, o meu curso primário na televisão. Já tinha experiência na imprensa escrita, fui trabalhar na Alemanha em rádio, trabalhei na CBN também, mesmo que tenha sido bem depois. Revista Veja, que desempenhou papel importante na minha carreira de repórter. Mas a Globo me ensinou a fazer televisão. Isso se é que eu aprendi a fazer televisão (risos). Mas eu tenho boas lembranças da Globo, e também do SBT, se é que isso vai mesmo acontecer…


SBT REPÓRTER (DIVULGAÇÃO/SBT)

Você sente que isto não vai acontecer?

Sim, eu sinto que não vai acontecer. Tenho vontade de continuar no SBT. Agora, você há de convir que não depende de mim (risos). A programação está nas mãos do Silvio. Ele é quem comanda. Ninguém entra ou sai do ar sem a benção dele. Fiquei muito triste com a extinção do Jornal do SBT, que estava no ar há 15 anos, com boa audiência, com prestígio, um jornal sério, que primava pela seriedade nas notícias, nas reportagens… E quanto tive a informação de que o jornal iria sair do ar no fim do ano passado, nos últimos dias do ano passado, foi um trauma. Mas vai passar.

Nos últimos anos, você parece mais dedicado ao seu programa de cavalos, ao amor que sente por eles. Como veio esse carinho?

O amor pelo cavalo vem da infância. Lá em Guararapes, no interior de São Paulo. Mas quando fui para fora do Brasil, fiquei muito ligado ao cavalo quarto de milha, popular nos Estados Unidos. E eu prometi que, quando voltasse, iria ter uma criação de cavalos. Inicialmente, tive um contato com o pessoal do Canal do Boi e me convidaram para fazer um programa sobre o assunto. Aí, pedi uma autorização para o SBT, eles liberaram, e o Horse Brasil está no ar há 10 anos, até hoje. E é esse programa que eu tenho interesse em levar para o SBT, pelo menos uma vez por semana. Acho que o cavalo atrai muita atenção, tem uma atividade interessante. É uma coisa que a televisão brasileira nunca pensou, ainda mais TV aberta. Então eu tenho muita esperança, acho que tem bastante futuro.

Hermano, voltando para o jornalismo, eu queria que você analisasse como está o jornalismo nacional atualmente. Como você vê essa nova geração?

Eu vejo com muita alegria. O jornalismo da Globo deu um salto de qualidade impressionante. O Brasil é bem informado no JN. O Bonner tem um papel muito importante no jornalismo que é feito hoje em dia. As outras emissoras estão aí capengando, mas estão lutando. Mas a Band faz um belo jornal, com o Boechat. A própria Record faz um belo jornalismo, corre atrás, a RedeTV! também… O SBT tá… Sei lá o que eu posso dizer do SBT, mas até agora cumpre o papel com decência, com honestidade, e eu vejo com bons olhos atualmente. Estávamos 50 anos atrás dos Estados Unidos em outros tempos. Quando fui ser correspondente da Globo e do SBT, de início, achei que a gente estava muito atrás. E hoje eu não penso mais assim.

Teve alguma coisa na televisão que você gostaria de ter feito e não fez isso?

Acho que a grande reportagem ainda ficou a ser feita. Eu sempre achei que a grande reportagem ainda não tinha acontecido quando fui ser âncora e editor-chefe. Quando o Jornal do SBT saiu do ar, eu era o editor-chefe. Isso doeu, é claro, e eu sei disso. Mas acho que a grande reportagem faltou na minha carreira. Quem sabe eu ainda não possa realizá-la, ainda há tempo (risos).

Queria que você falasse um pouco do André Henning, seu filho. Hoje virou um principal narrador de um canal esportivo grande, tem essa relação de amor e ódio de muitos com a narração dele.

O André aconteceu de uma maneira natural. Tive uma participação significativa, porque fui cobrir algumas coisas de esporte no rádio, cobri Copas do Mundo e ele sempre acompanhou com muito afinco, com muito interesse. Lembro de uma vez que eu estava falando com Galvão Bueno, não sei se foi na Itália ou no México, e coloquei o Galvão para falar com o André. Ele ficou maravilhado. Até hoje ele é fã do Galvão. “Alô André, tô aqui com o seu pai cobrindo a Alemanha, que ganhou da Itália e tal”. E até hoje ele lembra disso. Acho que isso deu um start para ele ir atrás do dom de ser narrador, de cobrir esportes. Acho ele um bom narrador, um bom jornalista esportivo. Mas também não podia pensar diferente, como pai né… Sou o pai (risos).


ANDRÉ HENNING (DIVULGAÇÃO/ESPORTE INTERATIVO)

Qual o legado que você quer deixar para essa nova geração?

Sinceramente falando, não tenho nada para ensinar para essa moçada. A única coisa que quero deixar para eles é uma certa decência nessa profissão. Eu falo de honestidade. Procurar ser o mais honesto possível nas opiniões, no jeito de fazer reportagem. Não que estou deixando, mas o que eu gostaria de deixar para essa moçada é isso. Mas acho o pessoal da nova geração muito bom. Essa nova geração melhor que a minha. Eles vão deixar um legado muito maior do que a minha deixou.

Para terminar, o que você vê na TV que não seja jornalismo?

Sou fã da Netflix. O Jack Bauer é o meu herói favorito. Quem mais…. Deixa eu pensar… Vi uma série sensacional, chamada The Crown, que gostei bastante. Marco Polo é uma série fantástica. Mas The Crown eu gostei muito mesmo. E eu sou fã da Netflix atualmente. É isso.


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