Muitos artista transitam entre o drama e o humor com muita facilidade. Essa era a marca de Jorge Dória (na foto abaixo, com Lucio Mauro Filho no Zorra Total), ator que esteve presente em vários sucessos da televisão, do teatro e do cinema. No entanto, ele tinha uma péssima fama na vida pessoal, que foi confirmada por uma de suas ex-mulheres.
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Nos anos 1940, ele estreou no teatro, fazendo parte do elenco da Companhia Eva Todor. O Avarento, Escola de Mulheres, Morte do Caixeiro Viajante e Procura-se Uma Rosa foram algumas das peças de grande sucesso em que ele esteve presente.
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A repercussão positiva dos palcos o levou às telas de cinema para atuar em clássicos como Assalto ao Trem Pagador, O Beijo e A Dama do Lotação, entre outros filmes.
Na televisão, Dória fez sua estreia em 1953, na novela Delícias da Vida Conjugal, exibida pela TV Tupi. Depois de inúmeros trabalhos, o ator se mudou para a Globo no início dos anos 1970, estreando na emissora em O Bofe (1972).
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Destaques na televisão
Mas o seu primeiro grande sucesso na televisão foi o veterinário Lineu Silva, na primeira versão da série A Grande Família (1972), que conquistou o público e se tornou uma das maiores audiências da emissora carioca.
“Doutor Lineu foi um personagem muito conhecido no Brasil e isso me facilitou, pois divulgou o meu trabalho”, disse o ator ao projeto Memória Globo.
Com o fim da série, em 1975, Jorge Doria não ficou parado. Pelo contrário. Esteve presente em outras produções da Globo, Tupi, SBT e Bandeirantes, algumas como protagonista.
Alguns desses trabalhos ficaram marcados na memória do público, como O Pulo do Gato (1978), Champagne (1983), Brega & Chique (1987), Que Rei Sou Eu? (1989) e Meu Bem, Meu Mal (1990), entre outros.
Destaque para a novela Deus nos Acuda (1992), na qual ele deu vida a Tomás Rodrigues, pai de Maria Escandalosa (Cláudia Raia).
“Tive sorte de encontrar a Cláudia Raia, uma estrelíssima maravilhosa, sem nenhum tipo de vedetismo, gentil e companheira. E tive também outro encontro com Jorge Fernando, que me dava muita liberdade para atuar. Para um comediante, é importante que o diretor ache graça nele”, revelou o ator ao Jornal do Brasil.
Personagem controverso
Em 1999, Dória foi escalado para integrar o elenco do humorístico Zorra Total, com um personagem hoje considerado politicamente incorreto: Maurição, que sempre estava em uma festa e tentava negar que seu filho (Lucio Mauro Filho) era gay.
“Meu papel no Zorra Total é bem delicado, falando de TV. Ainda mais por fazer humor com a homossexualidade. Eu não avalio o ser humano por sua opção sexual, mas sim por seu caráter”, declarou Doria ao UOL sobre o quadro, que tinha muitas piadas homofóbicas.
Na vida pessoal, Jorge Dória era conhecido por ser pão-duro. A fama foi confirmada por uma de suas esposas, a atriz Íris Bruzzi, em relato ao canal de Antônia Fontenelle no YouTube:
“Era a pessoa mais miserável do mundo. Viveu oito anos às minhas custas. Morava numa cobertura em Ipanema e ouvia: “É bom né, ser casada com veião, a vida mansa, paga tudo”. Mas ele nunca botou a mão no bolso”, contou.
Afastamento da televisão
Nos últimos anos de vida, no entanto, Jorge Dória teve que se afastar da televisão. Em 2005, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Apesar de ter apresentado uma melhora no ano seguinte, nunca mais voltou ao vídeo.
O ator morreu em 6 de novembro de 2013, aos 92 anos. Ele estava internado desde setembro do mesmo ano no CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital Barra D’Or, na capital fluminense. Dória sofreu complicações cardiorrespiratórias e renais e não resistiu.
“O Jorge foi o cara que deu realmente o tempo da comédia no teatro e na televisão do Brasil, no cinema também”, declarou, à Folha de S.Paulo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
“Ele foi uma escola para diversos comediantes e até mesmo para os diretores, porque nos ensinou esse tempo de comédia, a rapidez e a paradinha para o desfecho”, completou.