Desde que entrou no ar, Mania de Você vem dando muitas dores de cabeça para a Globo. Para se ter uma ideia, a novela de João Emanuel Carneiro já acumulou várias derrotas para No Rancho Fundo, das seis, Família é Tudo e Volta por Cima, das sete.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Enquanto isso, o público e os especialistas no assunto se perguntam o que de fato aconteceu para que a trama não desse certo, pelo menos até agora.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sucesso após rebaixamento
Após tramas de sucesso como Da Cor do Pecado (2004), Cobras e Lagartos (2006) e A Favorita (2008), Carneiro parou o país com Avenida Brasil (2012).
As tramas posteriores do autor, A Regra do Jogo (2015) e Segundo Sol (2018), não conseguiram os resultados esperados, e ele acabou sendo “rebaixado” pela Globo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Todas as Flores, que ocuparia a faixa das nove em 2022, acabou sendo transferida para o Globoplay e dividida em duas partes. A primeira teve muito êxito, enquanto a segunda acabou se perguntando e irritando muita gente, especialmente no final.
“Falta ser crível”
Autor de grandes sucessos da Globo e ex-diretor de teledramaturgia da emissora, Silvio de Abreu participou do podcast Dois Pontos, do Estadão, e apontou, na sua opinião, o que está errado.
“Para uma novela dar certo, ela precisa ser crível para o público, seja comédia, drama, policial, o que for. Você tem que acreditar no que está vendo. Aí vem a tal da emoção, você acreditou, você chorou, deu risada, você não acreditou, acha que aquilo está errado, não se comunica com você de alguma maneira, você abandona”, explicou.
“Eu acho que teve um problema grave no início novela, eu só vi os primeiros capítulos. Tem um assassinato, a pessoa tem que descobrir quem foi que atirou em quem. Mas como é que isso é armado? Você tem uma moça que está dentro de um quarto com o vilão, que está com o revólver na mão, e ela não quer. Aí ele pega e dá dois tiros para o ar, ele está segurando o revólver, e ela diz, o que você quer, ao invés de vir com violência, eu vou fazer do meu jeito, então a gente pode fazer amor aqui, tudo bem, enquanto o mocinho vem vindo por trás, agarra a mão dele, tira o revólver, os outros chegam, existe uma briga, e o cara morre”, continuou.
“Aí começam as investigações. Um dos caras fala para o mocinho, foi você quem atirou. É melhor você ir embora, senão vou dizer que foi você que atirou e você vai preso. E o mocinho vai embora, não discute nada, não fala nada. O mocinho foge, a mocinha, que estava sendo assediada, e que viu a briga, vai para a delegacia, e não fala nada. Ela fica lá quieta e o bandido diz ela tem que fugir porque a impressão digital está no revólver e leva para o delegado. Ninguém lembra que a impressão digital do cara que atirou também estava no revólver. O delegado não fala nada, ninguém fala”, pontuou.
“Então essa armação é completamente falsa, o público não acredita naquilo. Houve um equívoco na armação desse ponto, que era o ponto principal da história, porque a partir daí, o mocinho vai embora, a mocinha separa do mocinho. Mas ela não fala nada e é conivente com o bandido. Esse equívoco afastou o público de acreditar naquela história. Daí pra frente, tudo passa a ser uma bobagem”, completou.
Readequação
Outro especialista que participou do programa, Mauro Alencar, destacou que falta um herói para salvar o mundo na trama.
“Falta uma personagem, alguém que realmente salve o mundo. Você precisa ter sempre alguém, ainda mais nos tempos de hoje. A novela brasileira precisa sim se readequar à necessidade, ao que está atrás do desejo do público. Toda aquela geração sabia e conhecia muito bem, desde Janete Clair, Ivani Ribeiro, o que vai preencher a carência daquele público”, destacou.
O profissional elogiou, por exemplo, Volta por Cima, atual novela das sete da Globo, que, segundo ele, vale a pena acompanhar no momento por contar com elementos que agradam ao público.