Durante um grande período ouvimos narrações épicas nas vozes de Galvão Bueno, Silvio Luiz e de pessoas que nos deixaram, como Luciano do Valle e Deva Pascovicci. Essa geração vinda do rádio aprendeu com seus ídolos na profissão e também neste meio de comunicação a passar nada mais do que a informação ao seu telespectador.


RÔMULO E EVERALDO (DIVULGAÇÃO/JOVEM PAN)

Agora tudo é diferente. Atualmente temos tuites, vídeos dos telespectadores durante a partida e outras inúmeras formas de participações durante um jogo. E, para dar conta de todas essas mudanças, manter-se formal no ar e pôr em prática o que foi ensinado durante décadas, estão sendo repensadas pelos principais canais brasileiros.

Atualmente no Brasil um canal vem bebendo em uma nova fonte: a ESPN Brasil. Em seu renomado elenco, podemos destacar a coragem de dois narradores: Everaldo Marques e Rômulo Mendonça.

Ambos tiveram passagens pelo rádio e, ao invés de permanecerem enraizados em um “manual” que talvez ainda perdure pelas redações, seguiram no novo jeito de entregar ao telespectador um conteúdo que tenha informação e também informalidade.

Ambos narradores da ESPN usam e abusam das experiências pessoais, dos acontecimentos do dia a dia e também do que é pauta nas redes sociais para compor a narração de uma partida, deixando-a mais leve e, às vezes, até mais interessante em relação do que está acontecendo em uma partida de beisebol, por exemplo.

Mesmo que as redes sociais possam ter influenciado de alguma forma esta informalidade, Evê e Romulo conseguem, de forma fantástica, cativar o público com seus bordões, entregar o que foi proposto na partida e ainda alcançarem um tipo de público que os não conheciam.

Entretanto, esse tipo de informalidade ainda está reservado para um grupo que possui a TV por assinatura, mas podemos perceber, mesmo que em pequenas doses, o time de narração da TV Globo, composto por Galvão Bueno, Cléber Machado e Luís Roberto, “mais soltos” durante as narrações do futebol, se comparado há alguns anos. Ainda existe um “espanto” por parte dos telespectadores da TV aberta, enquanto essa formalidade, ao contrário do público que assiste ESPN, que já se acostumou.

Acredito que daqui alguns anos outros canais abertos e esportivos entenderão que a narração e a informalidade serão uma dupla de sucesso junto ao público. Claro, tudo precisa ser bem dosado. Não é criar uma roda de bate-papo ao vivo.

É entregar para o telespectador o conteúdo que ele gosta em uma linguagem do seu cotidiano entretendo-o e informando-o, e não o tratar simplesmente como um número de audiência.

DOUGLAS SILVA é formado em jornalismo, trabalhou como produtor e social mídia em rádios e TVs de BH. Ama falar sobre televisão e tem paixão por fotografia e futebol americano. Contatos podem ser feitos pelo Twitter: @uaiteve. Ocupa este espaço às terças


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