A atriz Solange Couto, famosa por ter vivido a Dona Jura de O Clone (2001), não guarda boa recordação de Jorge Lafond, o saudoso intérprete de Vera Verão em A Praça É Nossa, do SBT.
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A estrela revelou recentemente que se sentiu traída pelo até então amigo de praticamente uma vida.
Grande amizade
Solange Couto contou ao canal Na Real que o ator a apresentou a uma pessoa que a ajudaria a realizar um sonho, mas acabou sofrendo um golpe.
“A gente era muito amigo, por muitos anos, de dividir dinheiro, dar gargalhada, dividir confidências, de se acompanhar e fazer tudo junto. O nome dessa pessoa é Jorge Lafond, que fazia a Vera Verão”, começou a contar.
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“Eu tinha um dinheiro, uma quantia razoável guardada, minha e do meu pai, e comentei com ele [Lafond] que queria produzir um espetáculo, que era um sonho meu de consumo. Quando eu falei o valor que tinha, ele me apresentou uma mulher, que era muito amiga dele, dizendo que ela era supersafa em finanças e sabia mexer com tudo”, contou.
Com a parte financeira acordada, Solange contou que começou a produzir o espetáculo e conseguiu apresentá-lo no anfiteatro do Pão de Açúcar, mas a alegria durou apenas uma noite de apresentação.
“E, aí, eu fui pra parte artística: escrevi o roteiro musical; ajudei na coreografia; desenhei figurino; contratei 18 músicos, 4 cantores, 24 bailarinos”, disse.
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O golpe tá aí
A atriz contou ainda que confiava demais em Lafond e, por isso, confiou também na pessoa indicada por ele.
“E eu confiei tanto, porque me mostrou tantas coisas e foi trazida por uma amigo-irmão, de riso e choro. Eu abri uma empresa e uma conta de pessoa jurídica para pagar todos os gastos dessa produção. A gente estreou numa quarta-feira, foi lindo, mas na segunda apresentação o elenco não entrou e tinha que ser pontual”, relembrou.
“Então, eu fui no camarim e eles estavam prontos, mas sentados. Perguntei o que estava acontecendo e eles falaram que o acordo era eu pagar no fim de cada apresentação. E eu disse que tinha envelopado os pagamentos e entregue na mão da fulana. E eles responderam: ‘É, mas ela nunca nos pagou’. Eu tomei um susto”, revelou.
Solange contou que foi correndo atrás da mulher. Porém, ela já não estava mais no local e seu paradeiro nunca foi descoberto.
“O segurança me falou: ‘Ela desceu faz tempo’. E, aí, ela foi embora com o dinheiro e não vi mais essa pessoa”, lamentou.
Perdeu o amigo, dinheiro e bens
Mas o pior para ela foi ter procurado o então colega para tentar entender a situação. Contudo, Solange Couto também não obteve resposta.
“Fiquei tentando entrar em contato com o Jorge Lafond para contar o que tinha acontecido e ele nunca mais me atendeu, nunca mais me ligou, nunca mais perguntou nada”, explicou.
“E eu tive que vender minha casa e meus carros, fiquei numa situação muito difícil. Num dia, eu tinha tudo isso. No outro eu não podia comprar um macarrão instantâneo pra minha filha comer. Foi muito complicado e ele nunca mais falou comigo”, detalhou. “Me deixou sem chão”, completou.
A morte de Lafond
No início dos anos 2000, Lafond, que já apresentava problemas no coração e era hipertenso, acabou em depressão. O quadro se agravou após um incidente no programa Domingo Legal, quando o ator foi retirado do palco da atração. Na época, a atitude foi atribuída a um pedido do padre Marcelo Rossi, que costumava frequentar o programa de Gugu Liberato – tal atitude do religioso nunca foi confirmada.
Segundo o seu assessor da época, Marcelo Pádua, em entrevista ao programa Falando Francamente, do SBT, o ocorrido contribuiu para que ele não quisesse mais viver.
“Nós conversamos na primeira internação nele, ele teve um aborrecimento no começo de novembro e daquele dia em diante ele nunca mais se refez. Parecia que existia uma trava que foi aberta e a partir daquilo ele nunca mais conseguiu retomar a vida dele”, detalhou o profissional.
“Ele não queria andar, não queria fazer nada, e o médico explicava que ele não tinha nenhum problema, e que poderia andar. Ele acabou ficando internado em outro hospital. Ele estava muito anêmico, e por conta desses problemas, ele se tornou um crônico renal. Infelizmente ele não resistiu”, relatou.
O comediante foi internado em 28 de dezembro após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Por complicações renais, faleceu em 11 de janeiro de 2003, aos 50 anos, por infarto fulminante e falência múltipla dos órgãos.