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Uma das sequências mais marcantes da primeira versão de Pantanal (1990), a castração de Alcides (Angelo Antonio) por Tenório (Antonio Petrin) era um dos momentos mais aguardados do remake da Globo. Na nova interpretação, a violência cometida pelo grileiro contra o amante de sua esposa foi atualizada, mas manteve intacta toda a tensão da cena em si e toda a intenção do ato. As mudanças realizadas no texto e direção foram certeiras.
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Ao contrário do que foi visto na produção da Manchete, a versão da Globo apostou mais no suspense e na sugestão. Em cena, Tenório, Alcides e Maria Bruaca traduziram em atos e gestos todo o horror da violência que a vingança do vilão provocou. Murilo Benício, Juliano Cazarré e Isabel Teixeira entregaram uma sequência de puro terror.
A opção por colocar Tenório e Alcides numa tapera isolada, enquanto Maria apenas ouvia de fora tudo o que se passava serviu não apenas para evitar uma cena desnecessariamente explícita, mas também para colocar o espectador naquele lugar. O desespero de Maria Bruaca diante da escuridão do lugar e sua reação a cada grito de Alcides deixava claro o que estava acontecendo, sem precisar mostrar nada. Quem estava assistindo à cena, então, sentiu o mesmo que Maria sentia enquanto tentava ver o que se passava.
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O que Tenório fez com Alcides?
Os diálogos dos personagens deixaram implícito que houve uma violência sexual, e não uma castração, como aconteceu originalmente. A mudança fez sentido dentro deste novo contexto e não alterou em nada a intenção da cena. Afinal, a ideia de Tenório era justamente ferir a masculinidade de Alcides, deixando-o vulnerável. Isso se manteve.
Todo o sangue mostrado na primeira versão não fez a menor falta aqui. Ao optar pela sugestão, a direção de Pantanal construiu uma sequência tão tensa e angustiante quanto a cena original. Foi um momento chocante. A representação cumpriu sua missão dentro da trama criada por Benedito Ruy Barbosa.
Consequências
As consequências da vingança de Tenório contra Alcides também permanecerão as mesmas. Alcides entrará em choque e se sentirá “menos homem” após tudo o que aconteceu. Será o apoio de Maria e do amigo Zaquieu (Silvero Pereira), que deve ajudá-lo a superar tamanho trauma.
Além disso, a violência de Tenório terá troco. Alcides vai buscar cumprir a promessa de matar o inimigo, preparando para ele uma emboscada fatal. O vilão deve perder a vida ao ser puxado para o rio por uma sucuri, logo após Alcides acertá-lo com sua zagaia. Tenório será devorado pelas piranhas. Depois disso, o final feliz de Alcides com Maria será mais crível na segunda versão, já que não houve castração.
Ou seja, toda a reinvenção desta trama envolvendo Tenório, Alcides e Maria Bruaca foi muito bem atualizada por Bruno Luperi. O autor da adaptação conseguiu ser fiel ao texto do avô e, ao mesmo tempo, eliminar os furos do roteiro original.