No ar como Lúcia na reprise de Paraíso Tropical (2007), atualmente em exibição no Vale a Pena Ver de Novo, Gloria Pires também pode ser vista em Desejos de Mulher (2002), trama de Euclydes Marinho que acaba de ser disponibilizada no Globoplay.
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A atriz é uma das protagonistas da trama, dividindo a cena com Regina Duarte. A ideia da Globo na época era reeditar a parceria de Vale Tudo (1988), novela icônica que ganhará um remake em 2025.
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Mas, ao contrário de Vale Tudo, Desejos de Mulher se revelou um grande fiasco. Gloria Pires admitiu que ficou frustrada com o resultado da trama.
Novela problemática
Desejos de Mulher gira em torno das irmãs Andrea (Regina) e Júlia (Gloria), que vivem às turras. A primeira é uma renomada estilista, enquanto a segunda abriu mão de sua carreira no jornalismo para se tornar dona de casa.
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No início da história, Júlia revela à irmã que ela foi adotada pelos pais. É só o começo do drama de Andrea, que é vítima de um golpe do marido Bruno (José de Abreu) e sua amante Selma (Alessandra Negrini). Já Júlia tem a vida virada pelo avesso depois que seu marido é preso.
A novela estreou às pressas na Globo, mais de dois meses antes do previsto, por conta do fracasso de sua antecessora, As Filhas da Mãe (2001). A audiência inicial não correspondeu às expectativas, o que obrigou o autor a fazer mudanças. Mas, neste processo, a novela perdeu completamente o sentido.
Personagem apagada
Uma das maiores vítimas foi justamente Júlia, a personagem de Gloria Pires. Vendida como protagonista, a personagem perdeu espaço ao longo da história e teve uma trajetória apagada.
“Com o tempo, a frustração artística surgiu. Esperei e desejei demais daquele reencontro com a Regina Duarte e o [diretor] Dennis Carvalho. Achei que teríamos grandes cenas, como em Vale Tudo. Mas nada aconteceu. Tudo foi desperdiçado e atrofiou”, disparou a artista.
“Júlia foi frustrante, mas não chegou a ser um trabalho desprezível. Ganhei bons momentos e cenas legais. Só não correspondeu às minhas expectativas e, acredito, que nem às do público”, completou.
“Uma maluquice”
“Eu não estava em condições de entrar em campo. Emocionalmente, afetivamente, eu atravessava um momento confuso. Estava me separando, morando em um hotel. Minha vida estava uma confusão”, explicou ele, ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.
“A cada capítulo, a novela tinha uma cara. Ficou algo completamente louco. Os personagens não tinham pé nem cabeça, faziam uma coisa a cada dia. Eu tentei de tudo. Foi uma maluquice muito, muito estressante”, finalizou, sincero.