Estrela de Explode Coração, Tereza Seiblitz quase protagonizou adaptação de Jorge Amado às 20h
06/02/2018 às 8h00
No capítulo desta sexta-feira (2) de Explode Coração – no ar no VIVA às 23h30, com reapresentação às 13h30 – Dara (Tereza Seiblitz) planeja fugir ao lado de Serginho (Rodrigo Santoro). Não que esteja apaixonada pelo rapaz, como ele é por ela. A intenção da moça é escapar dos domínios dos pais, que, seguindo à risca as tradições ciganas, planejam o casamento da primogênita com Igor (Ricardo Macchi). Ao menos nestes primeiros episódios da trama de Gloria Perez, Seiblitz e Santoro dividem o set constantemente. Mas, conforme a atriz relembrou em declaração dada esta semana – leia aqui -, os dois não estavam escalados, inicialmente, para esta produção.
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Em 1995, a Globo planejava exibir O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, na sequência de A Próxima Vítima, de Silvio de Abreu. O problema é que o folhetim de Benedito partia de uma desavença entre duas famílias italianas, os Mezenga e os Berdinazzi; já a trama de Silvio contava com as intrigas da “máfia” Ferreto. Para evitar a sensação de “déjà vu”, a emissora preferiu adiar ‘Rei do Gado’. Sobrou para Aguinaldo Silva! E para Mar Morto, adaptação da obra de Jorge Amado, concebida, a princípio, como minissérie.
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Já pensando nas comemorações de seus 30 anos, em abril de 1995, a Globo adquiriu os direitos do romance. A intenção era produzir três minisséries de peso, como nos 20 anos celebrados em 1985 – O Tempo e o Vento (de Érico Veríssimo), Tenda dos Milagres (também baseada na obra de Amado) e Grande Sertão: Veredas (de Guimarães Rosa). Para suas três décadas, o canal apostava em Engraçadinha (de Nelson Rodrigues), Decadência (de Dias Gomes) e ‘Mar’, livre adaptação de Aguinaldo, em parceria com Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti.
Naquele ano, Jorge Amado também inspirou uma produção da Manchete – Tocaia Grande -, além de vender o texto de O Sumiço da Santa para a independente TV Plus, outro projeto que também não saiu do papel. Um dos mais festejados dentre os escritores brasileiros, o marido de Zélia Gattai era garantia de sucesso também no exterior. Por este motivo, a Globo planejava fazer de Mar Morto sua primeira minissérie em película de cinema, filmada em 16 e 35 milímetros; a intenção, claro, era emplacar o produto, facilmente, no mercado externo.
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Fernando Meirelles, da O2 Filmes – responsável por Treze Dias Longe do Sol, exibida mês passado – fora encarregado da direção, sob supervisão de Carlos Manga. Meirelles convocou o uruguaio César Charlone, de filmes como Feliz Ano Velho (1987), para a direção de fotografia. E entregou a direção de arte para Yurika Yamazaki, responsável pela aclamada Memorial de Maria Moura, estrelada por Gloria Pires e exibida no ano anterior. Contando com José Roberto Sanseverino na produção executiva, o diretor partiu para a Bahia em busca de atores e locações.
Tudo mudou em abril de 1995, com o adiamento de O Rei do Gado e a “promoção” de Mar Morto às 20h. Aguinaldo Silva rapidamente recrutou os colegas Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares – de Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992) e Fera Ferida (1993) -, encarregados de auxiliá-lo na transformação de 16 capítulos em 180, aproximadamente. O acerto final dependia de Jorge Amado, que consentiu com a alteração no formato da adaptação. Tereza Seiblitz, já convocada para a minissérie, foi mantida na novela.
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A produção pretendia contar com Gloria Pires como Lívia, par romântico de Maurício Mattar, o pescador Guma. Antonio Fagundes ficaria encarregado do vilão Murad. Não há informações sobre os personagens reservados a Tereza e Santoro – para ela, ainda na época da “minissérie Mar Morto”, chegou a ser cogitado o posto de protagonista. Até a cantora Daniela Mercury chegou a ser confirmada no elenco, como Maria Clara, esposa de Mestre Manoel (sem intérprete definido). Sabe-se lá por quê a novela acabou perdendo a vaga para Explode Coração.
Mar Morto voltou a ser minissérie, mas só saiu do papel em 2001, convertida em novela outra vez, novamente com Aguinaldo Silva à frente dos roteiros (em parceria com Ricardo Linhaes). A obra em questão, Porto dos Milagres, foi acrescida de outro romance de Jorge Amado, A descoberta da América pelos turcos. Maurício Mattar participou do folhetim como Frederico, pai adotivo de Guma (Marcos Palmeira). Antonio Fagundes idem, mas como o vilão que lhe fora destinado anos antes, Félix Guerreiro. Já Lívia acabou nas mãos de Flávia Alessandra.