Uma das mais belas atrizes da nossa televisão nas décadas de 1970 e 1980, Sandra Bréa nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 11 de maio de 1952. Seu inicio de carreira foi como modelo, aos 13 anos. Logo em seguida, fez sua estreia no teatro de revista, no espetáculo Poeira de Ipanema.

Seu primeiro papel na televisão foi na novela Assim na Terra Como no Céu, exibida pela Globo em 1970. Seguiram pequenas participações em outras produções da emissora como a novela Bicho do Mato (1972) e nos humorísticos Faça Humor, Não Faça Guerra (1970) e Uau, a Companhia (1972).

A grande virada de sua carreira aconteceria em 1973, quando o diretor Daniel Filho a convidou para viver Telma, a filha do Odorico Paraguaçu em O Bem Amado. A partir de então, a atriz emendaria um trabalho atrás do outro, sempre com grande destaque.

Memórias de Amor

Após fazer grandes participações em novelas dos anos 1980, como Elas por Elas (1982), Ti-Ti-Ti (1985) e Bambolê (1987), a atriz se afastou da televisão após viver a personagem Rosita em Felicidade (1991).

Anúncio corajoso

Sandra Brea

Numa época em que existia muito preconceito, ela foi muito corajosa ao ser a primeira artista do sexo feminino a anunciar que estava lutando contra a Aids.

A atriz afirmou que contraiu a doença no início de 1991, através de uma transfusão de sangue após sofrer um grave acidente automobilístico numa rodovia do Rio de Janeiro.

Segundo ela, após ter ficado nove horas presa nas ferragens, foi resgatada e precisou de uma transfusão para se salvar. Dias depois, recebeu a noticia de que era portadora do vírus da Aids. Imediatamente, procurou uma assistência médica e passou a se interessar por assuntos relacionados ao HIV.

Na ocasião, a estrela relatou que não alterou sua rotina por conta da descoberta e que não fazia uso de qualquer medicamento.

“Vou ao médico de dois em dois meses. Nunca estive tão bem”, disse ela ao Jornal do Brasil em 19 de agosto de 1993. “Durmo às 4 da manhã e faço tudo que fazia antes”, revelou.

Controvérsias

Sandra Bréa

Contudo, dias depois de sua declaração, a imprensa levantou algumas dúvidas sobre seu acidente e a transfusão de sangue que, segundo ela, a contaminou. Ao ser questionada sobre o hospital onde teria sido contaminada, ela começou dar informações desencontradas, como foi relatado ao JB em 20 de agosto daquele ano.

“Não estou falando de banco de sangue. E sim de preconceito”, declarou. “Foi há mais ou menos quatro ou cinco anos”, completou, sobre o acidente.

Outra controvérsia foi sobre ter ficado presa nas ferragens por tanto tempo e ter recebido uma transfusão de sangue no local.

Essa declaração surpreendeu um diretor de um grande hospital do Rio, que garantiu que é impossível ser verídico tudo que foi relatado por Sandra.

“Se tomou sangue no local do acidente, é porque sofreu lesões graves. Uma pessoa nestas condições teria que ficar internada vários dias. Tudo isto é muito nebuloso”, declarou.

Desde então, a atriz passou a lutar contra a discriminação aos portadores da doença e afirmava que não iria morrer de Aids.

“Vou morrer como qualquer um, atropelada”, declarou.

Últimos meses de vida

Afastada dos amigos e da mídia, Sandra retornou ao vídeo numa participação especial como ela própria no último capítulo de Zazá (1997), onde deu um emocionado depoimento.

Em 1999, a atriz foi diagnosticada com um tumor maligno no pulmão em estado avançado. Os médicos lhe deram apenas seis meses de vida e, numa atitude surpreendente, ela recusou os tratamentos à base de quimioterapia e radioterapia.

Em abril de 2000, a artista se encontrava praticamente sem voz, com bastantes dores, insuficiência respiratória e febre. Deu entrada no Hospital Barra D’or em 2 de maio de 2000 e veio a falecer em 4 de maio, aos 47 anos, em sua residência.

Alexandre Brea

A médica Margareth Dalcomo, em declaração à revista Istoé, disse como estava o estado de saúde da artista antes da internação:

“A Aids vinha sendo controlada. Quando descobrimos o câncer, não dava mais para operar. Foi indicado rádio ou quimioterapia, mas Sandra não quis fazer. Ela tinha também um enfisema bastante avançado para a idade, o que acelerou a evolução do tumor”, explicou.

Na mesma matéria, o caseiro de Sandra, José Carlos revelou que ela passou seus últimos dias lamentando que, por conta da Aids, não podia mais andar pelas ruas.

“Há uns dois meses, foi a um restaurante. Chegando lá, passou mal. Os outros fregueses olharam com cara feia e ela ficou muito chateada. Não quis mais sair”, declarou. “No auge da fama, era cortejada. Com a Aids, ficou sozinha. É muito triste acabar assim”, concluiu.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor