André Santana

Os últimos anos não foram nada fáceis para o SBT. Muito dependente do dono, Silvio Santos, a emissora foi bastante impactada pela paralisação imposta pela pandemia e não se recuperou até hoje. A perda de público foi constante e, atualmente, o canal registra os piores índices de audiência de sua história.

Sendo assim, agora seria o momento de arregaçar as mangas e brigar para recuperar parte deste público perdido, certo? Errado. Mesmo vivendo uma grave crise, a emissora ainda pretende dar mais sorte ao azar e reprisar conteúdo nos primeiros meses do ano. Com as férias de suas produções, uma avalanche de repetecos invadirá a tela no início de 2023.

De acordo com Flavio Ricco, colunista do R7, o departamento comercial do SBT não vê perspectivas de faturamento e, por isso, o canal pretende simplesmente parar. Não haverão projetos para o verão e os programas de grade apenas reapresentarão seus “melhores momentos”.

Risco

Ratinho

Num momento em que o SBT vive uma crise de audiência sem precedentes, parar tudo nos primeiros meses do ano parece uma decisão quase suicida. Afinal, tradicionalmente, o público foge de reprises.

Ao reapresentar programas-chave de sua grade, como Programa do Ratinho, The Noite, A Praça É Nossa, Domingo Legal, Eliana e Programa Silvio Santos, a emissora abre espaço para que a concorrência avance. Com isso, o canal corre o risco de perder ainda mais fôlego.

A maior “sorte” do SBT é que a Record também não demonstra grande preocupação com a programação de início de ano. O canal de Edir Macedo costuma recorrer a filmes e atrações enlatadas para suprir a ausência de programas próprios no início do ano.

Experiências

Curiosamente, o SBT já teve seus acertos na “grade de verão”. Em outros e remotos tempos, o canal costumava se preocupar em oferecer novos conteúdos ao público enquanto seus programas entravam de férias.

O caso mais emblemático aconteceu quando o SBT optou por exibir a série Smallville no horário nobre, durante as férias do Programa do Ratinho. A substituição deu muito certo e a série sobre o jovem Clark Kent (Tom Welling) se tornou uma das grandes atrações daquele início de 2004.

Claro que os tempos são outros. Nem o SBT tem à disposição as boas séries da Warner e nem se pode dar ao luxo de tirar Ratinho do ar e perder faturamento. Mas fica como um exemplo de que é possível fazer uma contraprogramação barata e eficiente.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor