Estado terminal: Walcyr Carrasco perdeu braço direito durante novela
20/10/2023 às 13h43
Considerado um dos principais e maiores diretores da televisão brasileira, Walter Avancini foi responsável por vários clássicos da teledramaturgia nacional. Tramas fundamentais, como Beto Rockfeller (1969), Selva de Pedra (1972), O Rebu (1974) e Gabriela (1975) foram algumas das dirigidas pelo veterano.
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Em seus últimos anos de vida, Avancini fez uma parceria vitoriosa com Walcyr Carrasco, autor de Terra e Paixão, atual novela das nove da Globo.
A dobradinha, que começou em Xica da Silva (1996, Manchete), atingiu seu auge quando o diretor retornou à Globo, no comando de O Cravo e a Rosa (2000), estrelada por nomes como Adriana Esteves e Eduardo Moscovis.
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No entanto, Walter Avancini adoeceu, deixando incompleto o trabalho seguinte da dupla, A Padroeira (2001), que contou com estrelas como Deborah Secco, Luigi Baricelli e Mauricio Mattar. Com os dias contados, ele fez um último pedido para Carrasco, como explicaremos mais abaixo.
Retorno em grande estilo
Após dirigir grandes clássicos na Globo, Avancini deixou a emissora e emplacou trabalhos na Band, no SBT, na RTP (de Portugal) e na Manchete, onde iniciou sua parceria com Walcyr. Foi a afinidade da dupla que os levou à Globo para O Cravo e a Rosa, grande sucesso da faixa das seis.
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Uma das novelas mais celebradas do ano 2000, O Cravo e a Rosa é considerada, até hoje, um dos melhores folhetins já realizados pela rede. Tanto que a trama já foi reapresentada inúmeras vezes, sempre com enorme sucesso. Em sua mais recente reprise, a produção “salvou” a faixa das 14h40 da Globo, que costumava apanhar da Record e do quadro A Hora da Venenosa.
Com o êxito da obra assinada por Walcyr Carrasco, em parceria com Mário Teixeira, não demorou para que o autor e o diretor retornassem ao horário das seis da Globo. Apenas três meses separaram o fim de O Cravo e a Rosa e o início de A Padroeira. Mas, ao contrário da primeira, a nova aposta da dupla não foi tão bem recebida pelo público…
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Segredo
A Padroeira estreou com baixos índices de audiência. Paralelamente, a equipe da trama enfrentou o afastamento e o consequente falecimento de Walter Avancini. O diretor morreu em 26 de setembro de 2001, aos 66 anos. Ele enfrentava um tratamento contra um câncer na próstata.
Assim, A Padroeira precisou ser praticamente relançada. Roberto Talma assumiu a direção da obra e Carrasco promoveu mudanças no enredo, eliminando vários personagens e adicionando novos. Na época, a informação que circulava era que a trama sofreu uma intervenção da direção da Globo para elevar a audiência.
Mas, anos depois, na ocasião do lançamento de Chocolate com Pimenta (2003), Walcyr negou a intervenção. O autor confessou que o maior problema de A Padroeira foi justamente a doença de Avancini, já que o diretor queria ter feito a novela.
“O Avancini tinha uma proposta para a novela, só que acabou adoecendo e dirigiu uma única cena. Ele foi hospitalizado e pediu para ninguém ficar sabendo. E a novela virou um barco à deriva. Ninguém teve coragem de tirar a novela do Avancini e deixaram na mão dos assistentes. Não se conseguiu implantar a novela que tínhamos previsto. Depois que ele morreu, entrou o Talma e a única solução era implantar a trama de novo. Fui muito injustiçado na época”, revelou, em entrevista ao O Estado de S. Paulo, de 2 de julho de 2003.
Nova parceria
Na mesma entrevista, Walcyr Carrasco falou sobre como se sentiu ao perder o diretor de algumas de suas principais novelas.
“[Faz] Muita [falta]. Tínhamos uma afinação e tanto. Só eu sei o que é perdê-lo no meio do caminho”, lamentou.
Com o falecimento de Walter Avancini, Carrasco iniciou uma nova parceria profissional. O autor escolheu Jorge Fernando para dirigir sua trama seguinte, Chocolate com Pimenta.
“Quando a novela foi aprovada, em outubro passado, pedi à Globo que o Jorge Fernando fosse o diretor. Acho que ele tem o tom da comédia romântica. Está entendendo tudo o que escrevo”, explicou Carrasco ao jornal O Globo, em 6 de julho de 2003.
A nova dupla “deu liga” e emplacou vários outros trabalhos. Com Walcyr, Jorginho dirigiu Alma Gêmea (2005), Sete Pecados (2007), Caras e Bocas (2009) e Eta Mundo Bom! (2016).