Na década de 1960, o público parava na frente da televisão para torcer e se divertir ao assistir um programa chamado Telecatch, exibido pela primeira vez na extinta TV Excelsior e depois por diversas emissoras.

Renato Aragão (Didi)
Renato Aragão, o Didi (Reprodução / YouTube)

A atração era basicamente a luta livre, que faz sucesso até hoje nos Estados Unidos. Muitas figuras passaram pelos ringues, mas uma em especial ganhou uma grande fama: Ted Boy Marino, que morreu há exatamente 11 anos, em 27 de setembro de 2012 .

Ted viria a integrar um grupo que marcou época na história da televisão brasileira: Os Trapalhões, liderado por Renato Aragão (foto acima).

Nascido na Itália, Ted viajou no porão de um navio até a Argentina para tentar uma nova vida com sua família. Como sapateiro, aproveitava as folgas para treinar luta livre. Em pouco tempo, ele mostrou sua aptidão para essa arte e já fazia parte do casting do Telecatch argentino.

Ted Boy Marino

Em 1965, o lutador desembarcou no Brasil e mostrou todo seu talento na luta livre brasileira. Em pouco tempo, caiu nas graças do público e se tornou famoso – um verdadeiro galã.

“Cheguei a ponto de lutar três a quatro vezes por dia. O Telecatch era um dos programas mais caros e procurados da época e era eu que sempre fazia a luta final, e geralmente ganhava. Era o ídolo da juventude, sem modéstia”, afirmou em entrevista ao Jornal do Brasil.

O início da parceria com Renato Aragão

Ted Boy Marino e Renato Aragão
Ted Boy Marino e Renato Aragão (Reprodução / Web)

O sucesso foi tão grande que Ted Boy foi chamado para trabalhar no humorístico da Excelsior, Os Adoráveis Trapalhões (1965), ao lado de Wanderley Cardoso, Ivon Cury e Renato Aragão, que começavam a mostrar o seu talento para todo o Brasil. No cinema, estrelou, ao lado de Renato, o filme Dois na Lona, que teve êxito nas bilheterias.

Ted mudou de emissora e foi para a Globo apresentar a sessão de desenho Zás Trás, como protagonista de uma série chamada Orion IV x Ted Boy Marino, além, é claro, de fazer parte do casting do Telecatch Montilla.

Ted Boy Marino
Ted Boy Marino (Reprodução / Web)

Mas, como nem tudo é para sempre, a luta livre na televisão foi perdendo audiência e espaço e Ted Boy Marino foi deixado de lado.

Do sucesso ao ostracismo

Ted Boy Marino
Ted Boy Marino (Reprodução / Web)

Com a ida do programa Os Trapalhões da Tupi para a Globo, Ted foi convidado para fazer parte do programa, porém, como coadjuvante, o que sempre lhe deixou incomodado.

“Trabalho com eles há 14 anos, acho que mereceria ser contratado. Cachê não dá segurança. Eu já fui primeiro lugar em audiência. Reconheço que hoje há muita competição, muitos artistas lutam por pouco trabalho. Mas eu merecia mais, afinal sou fundador de programas de grande audiência no passado”, desabafou o lutador ao Jornal do Brasil.

Bang Bang
Bang Bang

Além do humorístico de Didi Mocó, Ted Boy esteve presente em A Escolinha do Professor Raimundo. Também fez uma participação em Você Decide (1992) e na novela Bang Bang (2005), sendo este seu último trabalho na televisão.

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A mágoa de não ser lembrado

Ted Boy Marino
Ted Boy Marino (Reprodução / Web)

Em 2011, o lutador deu uma entrevista para o Programa do Ratinho e não escondeu a mágoa que guardava de Renato Aragão, falando diretamente ao humorista.

“Se você não gosta de contar o passado, como você pode contar uma história toda mentirosa? Como não conta sobre Os Adoráveis Trapalhões? Não foi você quem criou o programa, quem criou foi o Wilton Franco”, afirmou Ted Boy, citando o diretor que, por muitos anos, conduziu os trabalhos de Renato Aragão e companhia.

Em 2012, no canal a cabo SporTV, Renato se lembrou de Ted Boy e do trabalho que fizeram juntos.

“Vamos juntar Renato Aragão, Ted Boy Marino, Vanderlei Cardoso e Ivon Curi. O sucesso foi tão grande que fomos contratados pela TV Globo, que naquela época começava a explodir”.

Essa entrevista aconteceu em 27 de setembro de 2012, mesmo dia em que o lutador morreu após sofrer uma parada cardíaca durante uma cirurgia. Ele tinha 72 anos.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor