Algumas estrelas, como Ângela Vieira e Taís Araújo, deixaram vir a público suas insatisfações com o pouco destaque de suas personagens em A Favorita, exibida pela Globo em 2008 e que está sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo.

A Favorita

No folhetim de João Emanuel Carneiro, Ângela viveu Arlete, uma mulher íntegra, idealista e honesta. Ela trabalha como secretária de Gonçalo (Mauro Mendonça), o sogro de Donatela (Claudia Raia). No passado, Arlete teve um caso com o político Romildo Rosa (Milton Gonçalves); desta relação, nasceu Damião (Malvino Salvador).

Só que pai e filho desconhecem tal condição. Ciente da falta de caráter de Romildo, a secretária escondeu a gravidez. Para Damião, que abomina o político, ela inventou que o genitor faleceu de câncer.

Bronca com “figuração de luxo”

A Favorita

Arlete, no entanto, ficou sem função dentro do enredo de A Favorita. Com o foco quase todo voltado para a rivalidade de Donatela e Flora (Patrícia Pillar), as narrativas paralelas perderam força – exceto a de Catarina (Lilia Cabral), vítima de violência doméstica.

Para o tipo defendido por Ângela sobravam apenas frases curtas, nas cenas ambientadas na empresa de Gonçalo, ou diálogos sobre o passado e os desentendimentos com Romildo Rosa.

Vieira, que sempre esteve em papéis de destaque nas produções da Globo – como Por Amor (1997), Terra Nostra (1999), Coração de Estudante (2002) e Senhora do Destino (2004) –, tornou-se assunto de uma nota do jornal Folha de São Paulo, em 29 de setembro de 2008.

Reformulação no ar

A Favorita

À publicação, as assessorias da Globo e de Ângela Vieira negaram qualquer problema. O foco, no entanto, foi alterado. Arlete ganhou importância no desenrolar da trama.

A personagem passou a transitar por outros cenários, passando de simples secretária à “ponte” entre Damião e Romildo. Após revelar toda a história ao filho, ela acertou os ponteiros com o amado, que buscou a redenção. Ainda assim, Ângela deixou implícito o descontentamento com a participação no folhetim, em entrevista ao jornal O Globo.

“Foi um rio que passou em minha vida”, definiu Ângela, que completou: “Quando você está numa brincadeira, quer brincar. Eu brinquei pouco”.

“Não rolou muito”

Outro nome do elenco de A Favorita que demonstrou insatisfação foi Taís Araujo. A intérprete de Alícia, filha de Romildo Rosa, admitiu durante uma live promovida pela revista Caras no Instagram, em agosto de 2020, que a figura em questão acabou não acontecendo.

“Ela foi uma personagem que não rolou muito, não deu muito certo. Ela foi meio eclipsada porque também a trama central era muito forte e muito boa, era o que o João Emanuel Carneiro tinha de mais forte, então o nosso núcleo ficou meio eclipsado ali.

Era uma personagem que, enfim, prometia muito e não rolou muito, não aconteceu grandes coisas com ela, mas foi uma novela que eu gostei de fazer, foi um momento muito bom, muito especial”, ponderou Taís.

Taís aproveitou para tecer críticas à sua atuação e contou que faria diferente a cena em que Alícia aparecia nua no meio da multidão em um protesto contra o seu pai, no primeiro capítulo. Ela revelou que estava enfrentando uma crise no casamento com Lázaro Ramos e que isso talvez tenha influenciado seu desempenho.

“Eu deveria ter feito a louca (na cena). Eu acho que não me soltei muito, a personagem pedia mais e eu sou muito crítica aos meus trabalhos, deveria ter pegado mais pesado na doideira, na maluquice, no deboche e eu não fui. Foi um momento muito louco na minha vida, eu estava me separando do Lázaro naquele momento, porque tem isso né? Quando você não está num momento bom, muito inspirado, acaba que ‘flopa’ o negócio. Eu acho que eu era um outro tipo de atriz. Eu tenho estudado e a gente vai amadurecendo”, reconheceu.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor