Esquecida pela Globo, novela que decepcionou terminava há 31 anos
11/11/2024 às 14h16
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Há 31 anos, em 4 de outubro de 1991, terminava na faixa das seis da Globo a novela Salomé, escrita por Sérgio Marques, dirigida por Herval Rossano e protagonizada por uma louríssima Patrícia Pillar, no papel-título. Nunca reprisada, a produção não obteve os índices esperados para a época.
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A novela teve como ponto de partida o romance homônimo do modernista Menotti Del Picchia (1892-1988), publicado em 1940, por sua vez inspirado na passagem bíblica segundo a qual a dançarina Salomé, enteada do rei Herodes Antipas, lhe pede a cabeça do profeta João Batista em uma bandeja, atendendo a sugestão de sua mãe Herodíade – que queria vingar-se de João Batista por ele tê-la acusado de adultério.
Na novela, os personagens foram vividos por Patrícia Pillar (Salomé), Petrônio Gontijo (Duda/João Batista), Imara Reis (Santa/Herodíade) e Carlos Alberto (Antunes/Herodes Antipas). Entretanto, pouquíssimo da passagem bíblica ou do livro de Del Picchia foi visto na novela.
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O diretor Herval Rossano tinha o projeto de Salomé desde 1978, quando pensou em Gilberto Braga para desenvolvê-lo. Porém, na época, o novelista passou para o núcleo das 20 horas (no qual estreou com Dancin´ Days, naquele ano). Em 1989, quando Rossano trabalhou com Sérgio Marques na novela Pacto de Sangue, sugeriu que ele adaptasse o livro de Menotti Del Picchia.
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Antes da estreia de Salomé, Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) vetou o projeto inicial de exibir a novela com apenas 60 capítulos. Ele queria que ela dobrasse de tamanho, mas acabou aceitando os 107 capítulos. Os motivos eram os custos, muito elevados, por ser uma produção de época, e com a necessidade de serem diluídos no maior número de capítulos possível.
Nudez de Patrícia Pillar
A produção apresentou uma caprichada reconstituição dos anos 1930, fornecendo possibilidades infinitas, principalmente para figurinos e caracterizações. Mudanças de valores, agitação política, legitimação da MPB e do futebol foram algumas características da década retratadas como pano de fundo para a história.
Patrícia Pillar – loura em um corte chanel ondulado – protagonizava a novela como prêmio pelo sucesso de sua personagem Alaíde na novela Rainha da Sucata, do ano anterior. Sua beleza e talento proporcionavam chances infinitas para uma Salomé inesquecível. Entretanto, a trajetória da personagem não correspondeu. Salomé pouco ousou e quase que passou a trama inteira conversando com a amiga Berta (Suzy Rêgo).
Nos primeiros capítulos, na reproduzida Paris dos anos 1930, Salomé insinuou a dança dos véus, mas quem esperava uma nudez de Patrícia Pillar se decepcionou. A tão alardeada dança aconteceu no capítulo de estreia, quando, na trama, a personagem se apresentou em um teatro em Paris.
Usando um turbante preto e prata com uma pluma de pavão, descalça e vestida apenas com lenços coloridos, Patrícia dançou ao som de um piano e fez um strip-tease que a deixou com os seios à mostra, ainda que na penumbra.
O papel de Duda – o protagonista masculino – tinha sido inicialmente oferecido a Marcos Winter, que recusou por compromissos com teatro. O nome de Jayme Periard foi anunciado, mas o ator, que fazia um estágio de direção na novela, sofreu um acidente e quebrou o braço, afastando-se definitivamente da produção.
O diretor Herval Rossano decidiu então apostar no estreante Petrônio Gontijo, que já estava escalado para a próxima novela das oito, O Dono do Mundo, na qual viveria o personagem Humberto (papel que acabou ficando com Marcelo Serrado).
Belíssima abertura
Inspirada no quadro “O Beijo” (1907), do pintor austríaco Gustav Klimt (1862-1918), a bela abertura da novela, desenvolvida pela equipe do designer Hans Donner, mostrava um casal em suaves movimentos. Enquanto os dois se abraçavam, dezenas de imagens de mosaicos estilo art déco eram projetadas sobre seus corpos, manchando suas roupas de flores, círculos e outras formas geométricas.
A reprodução dos traços de Klimt foi feita por Gustavo Garnier, parceiro de trabalho de Donner, e o alfabeto que deu origem ao logotipo da novela foi idealizado por Sylvia Trenker, ex-mulher de Donner. A carinha de melindrosa do logo é a mesma que Sylvia usara para o alfabeto do logotipo da novela Nina, em 1977.
A música-tema da abertura era “Sombra em Nosso Olhar”, bela interpretação de Selma Reis para a versão de Aldir Blanc do clássico norte-americano “Smoke Gets In Your Eyes”, de Jerome Kern e Otto Harbach.
AQUI tem tudo sobre Salomé: trama, elenco completo, personagens, trilha sonora e mais curiosidades de bastidores.