Espelho da Vida tem estreia correta e elegante

27/09/2018 às 10h00

Por: Sergio Santos
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“Sabe a sensação de já ter estado ali? De já ter conhecido alguém? De já ter vivido aquele momento? Vivido uma outra vida? E se não for apenas uma sensação?” Essa é a premissa de Espelho da Vida, nova novela das seis que estreou nesta terça-feira (25/09) com a difícil missão de substituir Orgulho e Paixão, trama que foi merecidamente um sucesso de público e crítica. A trama de Elizabeth Jhin, dirigida por Pedro Vasconcelos (em sua primeira produção como diretor geral), tem a reencarnação como mote central, um tema que virou especialidade da autora – vide suas últimas novelas, como Escrito nas Estrelas (2010), Amor Eterno Amor (2012) e Além do Tempo (2015).

A história tem um mote totalmente diferente da produção passada. Saiu de cena um enredo leve, cômico e romântico, e entrou no lugar um roteiro repleto de mistério em torno da doce Cris Valência (Vitória Strada), talentosa atriz de teatro que se vê diante de seu enigmático passado quando começa a pesquisar sobre Júlia Castelo – uma mulher que foi assassinada em 1930 -, para interpretá-la em um filme. A personagem sente uma estranha sensação de já ter estado em vários locais por onde a falecida passou (a fictícia cidade de Rosa Branca, em Minas Gerais) e acaba descobrindo muito mais do que previa, precisando lidar com uma drástica mudança em sua vida.

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A mocinha já começa o enredo namorando o cineasta Alain Dutra (João Vicente de Castro) e a situação foge do comum, pois o ”padrão” é justamente exibir o primeiro encontro, o nascimento do amor, enfim… Os dois chegam em Rosa Branca por causa do estado terminal de Vicente (Reginaldo Faria), avô do rapaz, que pede para vê-lo pela última vez.
O protagonista não queria voltar ao local em virtude do passado traumático com a ex-noiva, a perversa Isabel (Alinne Moraes), que o traiu com seu primo e melhor amigo.

As primeiras imagens do capítulo foram cenas de ação, parecendo até um filme da franquia Missão Impossível, protagonizadas por Mariane (Kéfera Buchmann). Logo depois, uma premiação luxuosa foi exibida, expondo o sucesso do longa e a consagração do cineasta Alain, que homenageou Cris diante de todos os presentes – entre eles Juliana Paes, José Loreto, Marcelo Faria e Ingrid Guimarães vivendo “eles mesmos” em rápidas participações. O clima de festa foi interrompido pela ligação de Margô (Irene Ravache), que chamou Alain para ver o avô. Vicente (Reginaldo Faria), em estado terminal, pediu para falar com o filho.

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Aliás, Irene Ravache e Reginaldo Faria emocionaram nas cenas que tiveram juntos. Pena que o ator deixa a trama logo no segundo capítulo. Resta torcer para Irene ser tão valorizada pela autora quanto foi em Além do Tempo, de 2015. Esse núcleo, inclusive, parece ser um dos mais promissores. Afinal, a grande vilã está nele. A primeira aparição de Isabel já destacou o talento de Alinne Moraes, que tem tudo para roubar a cena ao longo dos próximos meses. A frieza da personagem com a filha impressionou, assim como a sua constatação a respeito da breve morte de Vicente, a quem a menina chamou de avô. A sua obsessão por Alain também ficou evidente através do olhar maquiavélico na foto do ex ao lado de Cris.

O pesadelo da protagonista representou a essência da nova história. A mocinha adormeceu ao lado do namorado, após a festa e antes de visitar Rosa Branca, e belas imagens da personagem correndo desesperadamente despertaram curiosidade. Principalmente pelo trágico desfecho. Assim que chega em um descampado repleto de cavalos, Cris se depara com um homem em um cavalo branco. O que parecia um “príncipe encantado” é na verdade um assassino, que pega sua arma e atira no peito da mulher. Esse é o momento em que ela acorda.

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O sonho é a vida passada da atriz. Reencarnação de Júlia Castelo, Cris ganhará a missão de interpretá-la em um filme ainda sem imaginar que a sua nova personagem é sua vivência de 1930. O mistério em torno do assassino permeará a novela. E só por essas sequências já ficou claro que a escalação de Vitória Strada foi um acerto. Revelada como mocinha na monótona Tempo de Amar, a intérprete está muito bem em seu novo trabalho e emocionou nas cenas de angústia da personagem.

Espelho da Vida teve uma estreia correta e sem muitos acontecimentos. A diferença de ritmo será sentida pelo público de Orgulho e Paixão, mas, se Elizabeth Jhin souber conduzir sua nova história, há boas chances de despertar atenção. A abertura delicada ao som de Minha Vida, cantada pela maravilhosa Rita Lee, é belíssima e reflete bem o clima mais calmo do folhetim. A trilha sonora, por sinal, é merecedora de muitos elogios – Always (Gavin James), Save Me Now (Andrus Donalds), Ain`t No Sunshine (Bill Withers) e Certas Coisas (Milton Nascimento) são outros bons exemplos -, assim como a linda fotografia do diretor Pedro Vasconcelos. A novela tem um ar elegante e o potencial do enredo agrada. Resta aguardar.


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