Espelho da Vida atrai pelos enigmas da trama central

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Há praticamente um mês no ar, Espelho da Vida vem sendo desenvolvida de forma bem lenta por Elizabeth Jhin. Ao contrário da trama anterior, Orgulho e Paixão, marcada pela agilidade e dinamismo, a novela atual tem como marca o ritmo mais arrastado. Pelo menos até o momento. Todavia, apesar da ausência de maiores acontecimentos, o enredo da autora – dirigido com competência por Pedro Vasconcelos – tem despertado atenção por sua história central, repleta de mistérios e enigmas.

O folhetim é uma mistura de fantasia, espiritismo e dramalhão. A escritora já abordou a reencarnação em todas as suas obras anteriores e repete a dose na atual. A diferença é que agora ela também aposta na viagem no tempo. O título da trama, por sinal, faz menção ao objeto responsável pela maior licença poética do roteiro. O espelho antigo presente na mansão abandonada que foi de Júlia Castelo, em 1930, é uma espécie de portal que faz a mocinha voltar para sua vida passada. Mas Cris (Vitória Strada) não retorna com a consciência de Júlia e, sim, como ela mesma na vida de sua outra encarnação. É meio confuso.

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Mas é justamente essa ‘confusão’ que provoca curiosidade em acompanhar os futuros desdobramentos dessa aventura nada convencional. A atriz Cris Valência começou na trama feliz ao lado do namorado cineasta (Alain/João Vicente de Castro) e viu sua rotina mudar completamente quando foi parar em Rosa Branca, cidade fictícia de Minas Gerais, por causa do falecimento do avô de Alain, Vicente (Reginaldo Faria), que, antes de morrer pediu ao neto para gravar um filme sobre Júlia Castelo no local.

Aos poucos, a protagonista foi descobrindo a história trágica da mulher (assassinada com uma bala de ouro pelo amor da sua vida) e entrou em choque quando constatou que a personagem que irá interpretar no filme é a mesma presente em seu sonho há muito tempo.

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Os diálogos de Cris e Margot (Irene Ravache), viúva de Vicente, são os melhores da novela e destacam a boa sintonia das atrizes. O texto vai dando pistas sobre os mistérios que envolvem a morte de Júlia e as visitas da mocinha ao casarão abandonado arrepiam. A presença de dois perfis enigmáticos deixam a trama ainda mais instigante: o idoso André (Emiliano Queiroz) e a assustadora velhinha sem nome, vivida pela ótima Susana Faini. O primeiro é um espírito visto por Cris – que ainda não sabe disso e deve ser seu filho da outra vida -, cujos encontros sempre emocionam. E a segunda é uma senhora guardiã da chave da mansão, cuja missão é guiar a mocinha e protegê-la.

O primeiro encontro da personagem com o espelho resultou em uma cena digna de filme de terror. Após uma longa caminhada pela casa caindo aos pedaços, Cris achou as roupas antigas de Julia e acabou vestindo uma peça. Assim que limpou o espelho com a mão, se olhou, e de repente se viu no quarto onde estava, só que em 1930 e com tudo limpo e em bom estado. Entrou em pânico quando se viu trancada e sem conseguir sair. Sem saber como “acordar do sonho”, ouviu a voz de sua mãe atrás da porta e magicamente surgiu uma chave na fechadura. Ela abriu e se deparou com Piedade (Júlia Lemmertz) a chamando para ver o professor Danilo. Assim, Cris descobriu que a sua mãe de outra vida era a mesma de sua vida atual.

Já o aguardado encontro com Danilo aconteceu na semana passada. A mocinha fez uma nova visita ao casarão e agora já sabendo o que queria. Se vestiu como Julia e fez a viagem no tempo. Ao contrário do que previa, o amor da sua vida não era Alain. Assim que se deparou com seu professor de pintura, Cris se chocou ao ver um novo rosto. E a química entre Vitória Strada e Rafael Cardoso logo se evidenciou pela troca de olhares.

A cena provocou um ótimo impacto, assim como a tentativa de Isabel (Alinne Moraes) de entrar na mansão. Impedida pela velhinha misteriosa, que arrumou um cão feroz para intimidá-la, a vilã tirou sua máscara de boa moça e começa a crescer mais no enredo, valorizando o talento da atriz. O mistério em torno dos cavalos brancos e do homem que persegue Júlia em um descampado também segue como um chamariz, pois agora Cris lembra que o rosto dele era de Danilo. Mas o cabelo longo da personagem e as vestimentas (não condizentes com 1930 e, sim, com uma época anterior) proporcionam novas teorias a respeito de uma terceira vida – afinal, Julia foi assassinada no casarão e não no campo.

Espelho da Vida apresenta um desenvolvimento bastante vagaroso, ao menos em seu início. Isso é inegável. Porém, a trama central tem conseguido provocar curiosidade em quem assiste e as várias possibilidades do enredo é o grande trunfo que Elizabeth Jhin tem em mãos. A autora só não pode enrolar demais e cansar o público. O ritmo precisa melhorar logo. Até então todo o mistério em torno da vida de Júlia Castelo e as viagens no tempo de Cris Valência são elementos que atraem bastante.


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