O remake de Pantanal vem sendo muito bem desenvolvido por Bruno Luperi. O autor tem feito poucas mudanças na obra original de Benedito Ruy Barbosa, seu avô, exibida em 1990 na Rede Manchete. Tanto que muitas cenas podem ser comparadas com a versão de 32 anos atrás de tão parecidas.

Pantanal

O bem construído romance de Juma Marruá e Joventino é uma das situações que não foram quase alteradas e o encantamento da primeira trama vem se repetindo na adaptação.

A química vista com Cristiana Oliveira e Marcos Winter em 1990 segue arrebatadora com Alanis Guillen e Jesuíta Barbosa. O acerto da escalação é visível.

A única grande mudança foi em cima da personalidade de Joventino. Antes debochado e extrovertido, o personagem agora é melancólico e problemático. Muitos reclamam da mudança nas redes sociais, mas o autor se mostrou inteligente ao retratar o jovem de hoje em dia.

Gerações diferentes

Pantanal

São gerações totalmente diferentes. O mocinho de 32 anos atrás tecia comentários que o de hoje condena. E quem viveu a juventude na década de 90 tinha motivos para sorrir e ter otimismo, afinal, era uma época que marcou o recente fim da ditadura militar, por exemplo. Já atualmente anda difícil ter esperança.

Mas voltando ao casal, a essência dos personagens segue presente, o que é fundamental para despertar comoção pelo nascimento do amor que os une. São duas pessoas com vivências distintas e temperamentos opostos. Enquanto Juma esbanja coragem e ameaça qualquer um que apareça em sua casa com um espingarda, Joventino é tímido e morre de medo de qualquer animal, principalmente de cavalo. Também foge de briga.

A aproximação da dupla foi feita aos poucos e o nível de proximidade se deu de acordo com a vontade de Juma. Ela que acabou notando que estava sentindo algo diferente. Até perceber que estava gostando dele. E não demorou para se entregar ao sentimento assim que abriu a brecha para Jove visitá-la.

Sensibilidade

Pantanal

Todas as cenas protagonizadas pelo par têm sido repletas de sensibilidade, o que encanta e provoca leveza na novela. Até porque a história de Pantanal é densa e com muitos momentos pesados. Ter um alívio do roteiro é um bom chamariz para o público, ainda mais vindo da relação dos protagonistas.

Toda a sequência em que Jove fotografou Juma no rio, o que resultou em um primeiro beijo, primou pela delicadeza. E emociona ver o rapaz ensinando a filha de Maria Marruá (Juliana Paes) a ler. São situações até simples, mas significativas.

A trilha virou uma personagem à parte. Amor de Índio, composta por Beto Guedes e Ronaldo Bastos, ficou ainda mais bonita na voz de Gabriel Satter (intérprete do Trindade), que regravou a música especialmente para o remake. A sintonia dos personagens se torna arrebatadora com a canção.

Atores bem escalados

Alanis Guillen

E como os atores estão bem em cena. Alanis Guillen tinha que ser a nova Juma Marruá. Não havia atriz melhor para o papel. Revelação de Malhação – Toda Forma de Amar, última temporada do seriado adolescente, exibida em 2019, onde brilhou na pele da mocinha Rita, a intérprete vem defendendo a mulher-onça com uma impressionante composição.

Em vários instantes, sem qualquer exagero, há a percepção de ver um felino pela forma de olhar e até com a mexida no pescoço. Alanis ainda fugiu de qualquer tropeço mais caricato porque até o texto, repleto de erros de português e falta de concordância oriundos da vida que Juma levou, ficou perfeito em sua embocadura.

Jesuita Barbosa

Já Jesuíta enfrentou resistência nas redes sociais em suas primeiras aparições. Mas sempre esteve bem na pele de Jove. A questão é que o filho de Zé Leôncio (Marcos Palmeira) era irritante em suas cenas iniciais e muitos transferem o ranço do papel para o ator. O único erro mesmo do personagem é na caracterização e isso não é culpa do intérprete. O fato é que os dois crescem quando estão juntos na novela. Assim como em 1990, o casal funcionou.

Um dos maiores trunfos de Pantanal tem sido o desenvolvimento da relação de Juma e Joventino. Ele é a única pessoa que consegue fazê-la sorrir e as cenas da personagem lidando com uma avalanche de novidades no Rio de Janeiro foram impagáveis, ao mesmo tempo que fortaleceram o laço que une o par. Uma história de amor que vem conquistando cada vez mais.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor