André Santana

Uma das principais estrelas do jornalismo da Globo, Fátima Bernardes se lançou num grande desafio ao trocar a bancada do Jornal Nacional pelo comando do matinal Encontro. Dez anos depois, ela conseguiu se firmar como um dos principais nomes do entretenimento da Globo. Por tudo isso, não faz muito sentido ver Fátima à frente de um produto tão surrado quanto o The Voice Brasil.

Após dez anos comandando um programa ao vivo nas manhãs da Globo, Fátima Bernardes pediu à emissora para diminuir o ritmo. Algo natural para alguém com mais de 20 anos de bons serviços prestados à casa. E o The Voice Brasil, a princípio, se encaixa bem dentro desta proposta.

Afinal, a emissora tinha um programa sem apresentador, já que Tiago Leifert havia deixado o canal, e uma apresentadora sem programa. Com isso, juntou o “útil ao agradável”: conseguiu atender o pedido de Fátima, solucionou o desfalque do reality show e, ainda, manteve a apresentadora em seus domínios. Sucesso comercial, Fátima é um nome que interessa à Globo.

Mas, apesar de parecer uma boa solução, na prática esta mudança se revelou um grande desperdício. Afinal, a emissora acabou colocando uma de suas principais estrelas num programa que há tempos já deu o que tinha que dar. Agora, precisa lidar com o ônus desta decisão.

Fracasso

A nova temporada do The Voice Brasil estreou batendo recordes negativos. O programa registrou a pior audiência de estreia de sua história, além de ser a primeira vez que entrou no ar sem vender todas as suas cotas de patrocínio. Consequência de um desgaste natural da fórmula.

Porém, toda esta pecha de fracasso acaba respingando em Fátima Bernardes. Nos sites de notícia, as manchetes estampadas eram algo como “estreia de Fátima bate recorde negativo” ou coisas assim.

Ou seja, a imagem da apresentadora está, no momento, associada a um fracasso. O que é, no mínimo, injusto. Não é de hoje que o The Voice Brasil anda mal das pernas, e não seria a presença de Fátima Bernardes que mudaria alguma coisa, não é mesmo?

Planejamento

Fátima Bernardes

Fátima Bernardes está bem no The Voice Brasil. É segura, correta, conduz boas conversas com os participantes. Mas ocupa pouco espaço dentro de um programa que demonstra sinais claros de cansaço. Com tudo isso, fica claro que a direção da Globo errou nesta recondução da carreira da apresentadora.

Por tudo o que ela já fez, Fátima Bernardes merecia algo melhor. Se ela queria um ritmo de gravações menor, poderia se dedicar a um semanal por temporadas. Mas algo feito para ela. Assumir o The Voice Brasil ficou parecendo um remendo, ou prêmio de consolação. A apresentadora merecia mais.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor