Terra e Paixão já deu tantas voltas que poucos devem se lembrar que Luigi (Rainer Cadete) chegou à Nova Primavera após conhecer Petra (Debora Ozório) em um aplicativo de relacionamentos. O picareta estava de olho na fortuna da herdeira de Antônio La Selva (Tony Ramos) e se aproximou para dar um golpe.

Rainer Cadete como Luigi em Terra e Paixão
Rainer Cadete como Luigi em Terra e Paixão (divulgação/Globo)

O autor Walcyr Carrasco nunca confirmou, mas Luigi é claramente inspirado no protagonista do documentário O Golpista do Tinder, disponível na Netflix. A produção conta a história de três mulheres que se dizem vítimas de um golpe de um rapaz que conheceram pela internet.

Conhecido como Simon Leviev, o “Luigi da vida real” nunca chegou a pagar pelos seus crimes. Será que o mesmo vai acontecer na novela da Globo?

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Inspirado numa história real

Em Terra e Paixão, Petra começou a namorar Luigi pela internet. O rapaz se apresentou como um ricaço italiano, mexendo com os sentimentos da jovem que, naquele momento, ainda era viciada em remédios tarja preta. Irene (Gloria Pires) logo aprovou a relação, mas Antônio ficou ressabiado.

Não demorou para que ficasse claro que Luigi era um golpista. O rapaz chegou à Nova Primavera e não tinha dinheiro nem para pagar sua hospedagem na pousada de Lucinda (Débora Falabella). Ele também já havia conversado com Gladys (Leona Cavalli) no aplicativo.

Mesmo desconfiado, Antônio deu um voto de confiança no italiano com a esperança de que ele livrasse Petra de seu vício. Mas, depois disso, Luigi se uniu a Anely (Tata Werneck) e seu golpe inspirado na história de Simon Leviev acabou ficando em segundo plano.

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Quem é o Luigi da vida real?

Rainer Cadete e Debora Ozório
Rainer Cadete e Debora Ozório em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Em 2022, a Netflix lançou o documentário O Golpista do Tinder. A produção conta a história de três mulheres que alegam ter sido vítimas de Simon Leviev, um homem que se apresentava como milionário para se aproximar dessas mulheres e tirar dinheiro delas.

Leviev, na verdade, se chama Shimon Yehuda Hayu e nasceu em Tel Aviv em 1990. Ele enganava várias mulheres ao seduzi-las em aplicativos de relacionamento. Ele se fingia de milionário, enquanto pedia ajuda financeira de suas vítimas ao afirmar que suas contas estavam temporariamente bloqueadas.

Com isso, as mulheres acabavam transferindo dinheiro a ele, sem imaginar que estavam caindo em um golpe. Em 2019, ele foi detido pela polícia na Grécia usando um passaporte falso, o que fez com que ele fosse mandado de volta para Israel. Na época, ele negou as acusações das mulheres.

“Tenho o direito de usar o nome que quero. Nunca me apresentei como o filho de alguém, mas as pessoas usam a imaginação delas”, declarou ele ao Channel 12.

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O que aconteceu com o Luigi da vida real?

Leona Cavalli (Gladys) e Rainer Cadete (Luigi) em Terra e Paixão (Paulo Belote / Globo)

Mas, como revela o documentário O Golpista do Tinder, Simon Leviev nunca foi acusado de fraude contra as suas vítimas. Por isso, mesmo tendo sido exposto publicamente, ele segue em liberdade.

Em entrevista ao site Adoro Cinema, a advogada Ana Gonzaga, especialista em Direito Internacional, explicou que golpes como estes são muito difíceis de provar na Justiça.

“A princípio, tinham um relacionamento amoroso, sabiam com quem estavam envolvidas e se sentiram seguras para fazer isso [dar dinheiro] voluntariamente, ninguém as obrigou. Este é um argumento que poderia ser usado a favor. É imoral e cínico, mas, ainda assim, não deixa de ser verdade. Confiaram em uma pessoa errada, se envolveram emocionalmente e foram vítimas”, analisou a profissional.

Além disso, o fato de Simon aplicar golpes em diferentes países também dificulta a execução de um processo.

“Por exemplo, se uma pessoa deu um golpe em dez países diferentes, teria que ser processada em dez países diferentes e cada um tem uma legislação (…) Só que, para isso, a vítima precisa entrar no país, encontrar um advogado, entender se é considerado crime, provar como aconteceram as coisas”, finalizou.

O que disse Simon Leviev, o Golpista do Tinder?

O Golpista do Tinder
Shimon Yehuda Hayut, criminoso retratado em O Golpista do Tinder (Reprodução / Netflix)

Na época do lançamento do documentário, a Netflix explicou que Simon se recusou a participar da produção. Ele, que teria tirado mais de 10 milhões de dólares de suas vítimas em vários países, prometeu se pronunciar sobre o assunto em seu Instagram.

“Compartilharei meu lado da história nos próximos dias, quando tiver encontrado a forma mais respeitosa de falar, tanto para as partes envolvidas quanto para mim. Até lá, por favor, mantenham a mente e o coração abertos”, publicou, antes de excluir seu perfil.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor