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Vai na Fé é a prova viva de que as novelas deveriam ter o número de capítulos definido de acordo com o potencial de cada trama. Prestes a chegar ao fim, a novela estrelada por Sheron Menezzes, Samuel de Assis e Carolina Dieckmann (foto abaixo) dá sinais claros de que apenas “enrola” o público para cumprir a meta de encerrar com 179 capítulos. Um número bem maior do que sua trama pode sustentar.
Tanto que, para seguir no ar, a autora Rosane Svartman precisou fazer malabarismos e contar com a boa vontade do público para engolir certas incoerências. O maior exemplo disso é o plot de Jenifer (Bella Campos) vivendo sob o mesmo teto de Theo (Emilio Dantas), sem desconfiar de suas armações.
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Trama desnecessária
Há alguns capítulos, Jenifer e Rafa (Caio Manhente) tiveram uma “brilhante” ideia: viver, os dois, sob o mesmo teto de Theo, com a intenção de vigiá-lo e buscar mais provas contra o vilão da trama.
Como se não bastasse a ideia estapafúrdia por si só, a situação ainda rendeu outros momentos insólitos. Theo passou a atentar contra a vida da própria filha, unicamente para chantagear Sol (Sheron Menezzes) e obrigá-la a se afastar de Ben (Samuel de Assis).
Nessa cruzada sem sentido, Jenifer e Rafa até caíram em várias armadilhas de Theo. O vilão chegou a intoxicá-los após levar os filhos para um jantar e, mesmo assim, Jenifer nem desconfiou que o pai biológico estava por trás disso. Ou seja, a personagem, que passou boa parte da novela se mostrando esperta ao reunir provas contra o pai, acabou “emburrecendo”.
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Enrolação
No entanto, não é de hoje que Vai na Fé tem enrolado o público. Desde que a novela passou a girar em torno do julgamento de Theo, as demais histórias se tornaram tramas paralelas totalmente isoladas. E a maioria, diga-se, com plots desinteressantes.
Na reta final, não tem sido diferente. Logo depois da trama desnecessária envolvendo Jenifer morando com Theo, a novela agora aposta na história de um empresário que tenta desvirtuar o trabalho de Sol.
Trata-se de uma trama avulsa, claramente criada apenas para que Sol tenha o que fazer na novela até chegar o dia de seu casamento. Com isso, a reta final de Vai na Fé tem passado longe da emoção. Os personagens apenas parecem esperar a história chegar ao fim.
Menor duração
Apesar da reta final equivocada, Vai na Fé termina com todos os méritos. A trama escrita por Rosane Svartman caiu nas graças do público com uma história sensível, moderna e cheia de temas importantes. Não por acaso, elevou a audiência do horário.
No entanto, fica a questão sobre a duração das atuais novelas da Globo. A emissora tem apostado em tramas de longa duração, já que folhetins com maior número de capítulos faturam mais – afinal, o preço da produção se dilui em meio à quantidade de episódios.
Vai na Fé vai terminar com 179 capítulos. Uma quantidade bem maior que Bom Sucesso (2019), por exemplo, trama que Rosane Svartman assinou com Paulo Halm e que também elevou a audiência da faixa das 19h na época de sua exibição. A história estrelada por Grazi Massafera (Paloma) terminou com 155 capítulos, ou seja, foi bem mais enxuta.
É compreensível que a Globo busque maneiras de faturar mais em tempos de vacas magras. Mas abrir mão da qualidade de suas novelas para isso é uma atitude questionável. Mais adiante, a conta vai chegar.