Há 30 anos, três anos depois do sucesso de Vale Tudo, Gilberto Braga, que morreu no último dia 26 de outubro, estava de volta ao horário nobre da Rede Globo.
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Com grande expectativa do público, O Dono do Mundo estreou em 20 de maio de 1991, com Antônio Fagundes como o poderoso cirurgião Felipe Barreto e Malu Mader como a professora suburbana Márcia.
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O problema foi que o público rejeitou a trama, considerada forte para o horário. O próprio autor reconheceu os problemas em entrevista ao Memória Globo.
“Foi uma confusão danada. O Dono do Mundo eu acho a primeira semana a melhor coisa que eu já fiz na vida. Muito forte, embora totalmente errada como novela de televisão. Porque era muito cruel e penosa para o pobre ver. Pobre levando porrada e não tendo como se defender. A audiência começou a cair e eu tive que mudar tudo”, desabafou.
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Na história, basicamente, o personagem de Fagundes faz uma aposta com seu fiel escudeiro, vivido por Daniel Dantas: ia ficar com a noiva antes do noivo, seu funcionário, durante a lua de mel, que ele patrocinou. Após diversos acontecimentos manipulados por Barreto, ele consegue seu objetivo.
“Houve um erro com relação ao público”
Mas essa trama teve um grande erro, como disse Fagundes também ao Memória Globo. “A história é que aquela mulher vai se vingar disso. Por acaso, houve um erro com relação ao público”, disse o ator.
No dia em que Barreto ganhou a aposta, foi Márcia que a procurou em seu quarto.
“O público não perdoou ela. Foi ela quem foi lá, ele tinha razão. Ela tinha que ficar quietinha no canto dela. Se ele tivesse ido bater na porta dela, talvez o público a perdoasse”, completou.
“Então, quando o noivo dela se mata, eu tinha uma heroína que o público não gostava e um vilão que o público admirava”, constatou Braga.
Diretor-geral da novela, Dennis Carvalho, na mesma entrevista, enfatizou o desespero que isso gerou em todos – a produção, ainda por cima, sofria a concorrência da novela mexicana Carrossel, do SBT, que fazia sucesso e incomodava o Jornal Nacional.
“O Gilberto ficou desesperado, o Boni ficou desesperado, o Daniel Filho ficou desesperado, todas pessoas experientes”, disse.
Mudanças na trama
Para contornar o problema e recuperar os pontos no Ibope, Gilberto Braga fez uma grande mudança na trama. Felipe Barreto entrou em decadência, perdeu o que tinha e, teoricamente, se redimiu, se apaixonando realmente por Márcia, que fica com ele.
No entanto, no fim da história, o público descobre que era tudo mentira e que o vilão nunca havia mudado.
“Mas aí a audiência já estava conquistada. Foi uma grande surpresa. Isso tudo da cabeça do Gilberto”, disse Ricardo Linhares, que ajudou a escrever a novela.
“Em O Dono do Mundo, eu pesei a mão na crítica social e paguei o pato. Televisão tem que pegar um pouco mais leve”, concluiu Braga.