Erro custou emprego de autor da Globo: “Foi ingenuidade minha”
02/01/2023 às 8h47
Consagrado autor de novelas da Globo, Walther Negrão está longe da telinha desde Sol Nascente (2016), que teve algumas polêmicas e não alcançou a audiência esperada pela emissora.
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Muito antes disso, em sua estreia como autor solo na Globo, o autor se envolveu numa acusação de plágio que, no final, rendeu sua demissão do canal alguns anos depois. A Próxima Atração foi a primeira novela solo do profissional na emissora, após ter ajudado a escrever os últimos capítulos de A Cabana do Pai Tomás, em 1969.
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Na trama, Rodrigo (Sérgio Cardoso), um gaúcho que está fugindo de sua terra natal, se instala numa mansão em São Paulo onde residem sete mulheres.
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Madalena (Renata Sorrah), umas das mulheres que moram no casarão, trabalha em uma agência de publicidade, de propriedade do publicitário Pardal (Armando Bógus). Este está desenvolvendo uma campanha inovadora para promover uma marca de papel higiênico, onde, ao ser desenrolado para o uso, ele apresenta ao consumidor uma história em quadrinhos.
Processo por plágio
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Os problemas tiveram inicio quando o escritor Pedro Bloch notou, no núcleo da agência de publicidade do folhetim, ingredientes extraídos da sua peça A Úlcera de Ouro. Na obra, existia a mesma campanha utilizada no folhetim.
Bloch processou Negrão por plágio e acabou ganhando a ação; segundo informações da época, tratou-se de uma quantia considerável. O veredito saiu em 1974, quando o autor estava às voltas com a roteirização da problemática novela das sete Supermanoela.
A união do desfecho do processo e os problemas da novela causaram a demissão de Negrão, que seguiu para a Tupi, onde ficou entre 1975 e 1978.
Autor quis agradar os chefes
Em depoimento ao livro A Seguir Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes, o autor afirmou que a ideia de A Próxima Atração partiu de dois executivos da Globo, que sugeriram a adaptação do filme O Cadillac de Ouro, de 1956.
“Na ânsia de acertar e agradar os chefes, aceitei sugestões de temas para desenvolver a novela. Dentre elas, duas pessoas cujos nomes não vou citar, até porque uma está morta, sugeriram um filme como ponto de partida, O Cadillac de Ouro. Por coincidência, a mesma fonte de inspiração de Pedro Bloch para escrever A Úlcera de Ouro. Foi ingenuidade minha, porque as semelhanças apareceram. Quem deveria ter processado era o roteirista do filme. A mim e o Pedro Bloch”, declarou.
Já ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Projeto Memória Globo, Negrão revelou que um dos executivos que sugeriram o filme foi Augusto César Vannucci.
Outros escorregões
Além dos problemas envolvendo plágio, o personagem Pardal gerou controvérsia entre os publicitários, que não gostavam da forma como foram retratados na novela, assim como a composição do protagonista Rodrigo, que foi bastante criticada pelos gaúchos.
Outro escorregão foi um caso de yellowface, onde um ator branco se caracteriza como um personagem de origem asiática. Na trama, o personagem japonês Yamashita foi interpretado pelo ator Edney Giovanazzi.
Depois de sua passagem pela Tupi, Walther Negrão retornou à Globo em 1980, onde escreveu inúmeras novelas, como Pão-Pão, Beijo-Beijo (1983), atualmente reprisada no Viva, além de Direito de Amar (1987), Fera Radical (1988), Top Model (1989), Despedida de Solteiro (1992), Tropicaliente (1994), Era Uma Vez… (1998), Como Uma Onda (2004), Desejo Proibido (2007), Araguaia (2010), Flor do Caribe (2013) e Sol Nascente (2016), até o momento sua último trabalho na televisão. Em 2019, ele anunciou sua aposentadoria.
Atualmente com 81 anos, o autor reside em Avaré (SP), onde se dedica à agropecuária. Ele é viúvo da psicopedagoga Orphila Conte Rodrigues e tem três filhos: Luiza Helena, Carmela e Daniel.